Ibovespa: Queda da Bolsa, Dólar em Baixa e Juros Voláteis Marcam a Segunda-feira
O Ibovespa como termômetro da economia e do humor do investidor
Nesta segunda-feira, 04 de agosto de 2025, o mercado financeiro brasileiro abriu os trabalhos sob o impacto direto do cenário externo instável e da expectativa sobre a política monetária norte-americana. O destaque vai para o comportamento do Ibovespa, que oscila diante das incertezas em Wall Street, da pressão tarifária dos EUA sobre o Brasil e da expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve.
Além disso, o dólar comercial, os juros futuros (DIs) e as bolsas globais também registraram movimentos relevantes que afetam diretamente o investidor brasileiro. Neste panorama completo, reunimos os principais dados que moldaram o dia nos mercados — desde o desempenho das ações mais negociadas até a influência do payroll dos EUA, os índices futuros de Nova York e as apostas sobre a trajetória dos juros.
Abertura dos mercados: incertezas no radar dos investidores
Logo no início da manhã, o mercado já reagia a uma série de acontecimentos que colocaram os investidores em alerta. O Ibovespa refletia o nervosismo do cenário internacional após um fraco relatório de emprego nos Estados Unidos, que reforçou a possibilidade de corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Ao mesmo tempo, pesava sobre o ambiente doméstico o agravamento da tensão comercial entre Brasil e EUA, com o governo Trump aplicando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Esse conjunto de fatores colocou a política e a economia em rota de colisão nos mercados.
Bolsas da Ásia encerram sessão majoritariamente em alta
Os mercados da Ásia-Pacífico fecharam o dia com resultados mistos, influenciados pelo enfraquecimento da economia norte-americana. Confira o desempenho:
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Shanghai SE (China): +0,66%
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Hang Seng Index (Hong Kong): +0,92%
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Nifty 50 (Índia): +0,58%
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ASX 200 (Austrália): +0,02%
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Nikkei (Japão): -1,25%
A valorização dos índices chineses e indianos mostra que o apetite por risco se manteve moderado em alguns mercados emergentes, enquanto o Japão foi penalizado por incertezas globais.
Futuros de Nova York em alta: mercado acredita em corte de juros pelo Fed
Nos Estados Unidos, os índices futuros apresentaram leve recuperação nesta segunda-feira, apoiados pela expectativa crescente de que o Federal Reserve reduzirá os juros já na próxima reunião:
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Dow Jones Futuro: +0,58%
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S&P 500 Futuro: +0,62%
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Nasdaq Futuro: +0,82%
A alta nos futuros ocorre após quedas expressivas na semana passada, que foram causadas pelo relatório de empregos (payroll) abaixo do esperado. O aumento da taxa de desemprego e a desaceleração na criação de vagas colocaram pressão sobre o Fed para agir com mais rapidez.
Ibovespa: desempenho do principal índice brasileiro
O Ibovespa nesta segunda-feira é fortemente influenciado pela aversão ao risco no cenário internacional e pela cautela em relação às relações diplomáticas entre Brasil e EUA.
Na última sexta-feira (1º), o índice fechou em baixa de 0,48%, aos 132.437,39 pontos. O desempenho na semana e no trimestre também mostra tendência de retração:
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Semana: -0,81%
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Agosto (início): -0,48%
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3º trimestre: -4,62%
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2025 acumulado: +10,10%
Mesmo com a queda recente, o índice ainda sustenta valorização expressiva no ano, mostrando a resiliência do mercado diante de choques externos.
Maiores altas e baixas da sexta-feira
Entre os papéis que mais influenciaram o movimento do Ibovespa, destaque para:
Maiores altas:
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POMO4: +7,63%
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AURE3: +4,10%
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ASAI3: +3,08%
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MGLU3: +2,27%
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PETZ3: +2,02%
Maiores baixas:
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BBAS3: -6,85%
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CSNA3: -4,99%
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GGBR4: -4,69%
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GOAU4: -4,06%
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PRIO3: -2,84%
As ações mais negociadas incluíram BBAS3, VALE3, POMO4, EMBR3 e BBDC4, demonstrando ampla dispersão setorial.
Juros futuros (DIs) com leves recuos na curva
No mercado de juros, os contratos futuros registraram queda em todas as curvas, reforçando a perspectiva de que a inflação está relativamente sob controle e que o Banco Central pode manter a Selic nos níveis atuais por mais tempo.
Veja os principais vencimentos:
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DI1F26: 14,91% (-0,01 pp)
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DI1F27: 14,21% (-0,155 pp)
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DI1F28: 13,52% (-0,155 pp)
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DI1F29: 13,46% (-0,11 pp)
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DI1F31: 13,69% (-0,06 pp)
Esse cenário também reflete o movimento externo, com queda nas taxas norte-americanas puxando a curva local.
Dólar comercial encerra semana em baixa
A moeda americana teve recuo de 1,01% frente ao real na última sexta-feira, acompanhando o movimento global após o payroll dos EUA. No Brasil, o dólar terminou negociado nos seguintes níveis:
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Venda: R$ 5,545
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Compra: R$ 5,544
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Mínima: R$ 5,528
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Máxima: R$ 5,628
O índice DXY (dólar contra uma cesta de moedas) também caiu 1,17%, refletindo menor demanda global pela divisa diante da expectativa de corte nos juros norte-americanos.
Relações Brasil-EUA: tarifas e telefonemas
Um dos fatores de maior peso sobre o Ibovespa é a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. As novas tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros já estão em vigor, e a expectativa é por uma conversa entre o ministro Fernando Haddad e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nesta semana.
O presidente Lula também indicou abertura ao diálogo e afirmou estar disposto a telefonar para Trump, caso necessário. A politização das tarifas e a incerteza quanto à atuação do Federal Reserve são elementos que adicionam volatilidade aos mercados.
Fed sob pressão: corte de 50 pontos-base no radar
Após os dados fracos do payroll de julho, cresce a expectativa de que o Federal Reserve promova um corte mais agressivo na próxima reunião. Alguns analistas falam em redução de até 50 pontos-base, o dobro do movimento usual.
Essa possibilidade sustenta o apetite por ativos de risco e pode continuar influenciando positivamente o Ibovespa ao vivo nos próximos dias, embora a tensão geopolítica com os EUA ainda represente um risco.
Volatilidade, cautela e oportunidades no Ibovespa ao vivo
A sessão desta segunda-feira reforça o papel do Ibovespa como principal indicador de humor do investidor diante de incertezas externas e internas. Com a expectativa de cortes de juros nos EUA e a tensão tarifária entre Brasil e EUA, os ativos brasileiros operam com elevada sensibilidade às declarações e indicadores macroeconômicos.
O investidor atento deve acompanhar diariamente o Ibovespa, o dólar, os juros futuros e as relações diplomáticas. A volatilidade abre oportunidades, mas exige cautela, análise e visão de médio a longo prazo.





