Ibovespa B3 cai mais de mil pontos e dólar fecha em R$ 5,36 após recordes históricos
O mercado financeiro brasileiro registrou um dia de forte correção nesta quinta-feira (25). O Ibovespa B3 encerrou em queda expressiva, devolvendo parte dos ganhos que vinham marcando recordes históricos nas últimas sessões. O movimento foi acompanhado pela valorização do dólar, que voltou a superar os R$ 5,36 no fechamento.
Ibovespa B3: da euforia à realização de lucros
O Ibovespa B3 fechou o pregão em queda de 0,81%, aos 145.306,23 pontos. No pior momento do dia, às 16h25, o índice chegou a 145.194,82 pontos. A pressão veio da realização de lucros, após altas expressivas nos últimos dias, e da cautela crescente diante do cenário político interno e das falas recentes do Federal Reserve (Fed) sobre riscos inflacionários nos Estados Unidos.
Papéis ligados ao setor de consumo e energia estiveram entre os maiores responsáveis pela correção. Cosan (CSAN3) liderou as perdas com queda de 6,27%, pressionada pela volatilidade do petróleo. Assaí (ASAI3) caiu 5,57% em movimento de ajuste após valorização no varejo, enquanto Raízen (RAIZ4) recuou 5,45%. Já a Gol (GOLL54) perdeu 4,56%, impactada pela alta do dólar e o aumento dos custos com combustível.
A oscilação mostra que, mesmo após recordes, investidores mantêm uma postura cautelosa, especialmente em setores sensíveis ao consumo e à variação cambial.
Juros futuros e volatilidade
No mercado de renda fixa, os juros futuros oscilaram em leve alta. A taxa DI para 2029 manteve-se estável em 14,90%, enquanto o Índice DI fechou em 52.286,48 pontos. Já o S&P/B3 VIX, índice de volatilidade que mede o grau de aversão a risco, avançou 3,32%, para 14,94 pontos, confirmando o ambiente de maior cautela.
Dólar em alta: busca por proteção
O dólar voltou a se valorizar, encerrando o dia em alta de 0,69%, cotado a R$ 5,363 no mercado à vista. Durante o pregão, a moeda oscilou entre R$ 5,309 e R$ 5,371. O movimento refletiu tanto ajustes técnicos após a queda da véspera quanto a maior busca por proteção diante das declarações do Fed.
Nos Estados Unidos, dirigentes do banco central reforçaram a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo para conter a inflação. Esse posicionamento fortaleceu o dólar no exterior e pressionou moedas de países emergentes, como o real.
Cenário político no Brasil
No Brasil, além do impacto externo, o ambiente político também pesou sobre o mercado. Investidores monitoram a tramitação da PEC da Blindagem e a regulamentação da reforma tributária no Congresso. Outro fator que atraiu atenção foi a expectativa em torno de uma possível reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que poderia amenizar tensões comerciais.
Setores mais afetados
O desempenho do Ibovespa B3 nesta quinta reforçou a vulnerabilidade de setores ligados diretamente ao consumo e às oscilações do câmbio. Entre eles:
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Consumo e varejo: papéis como Assaí, Carrefour e Magazine Luiza sofreram ajustes.
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Energia: empresas expostas à volatilidade do petróleo, como Cosan e Raízen, tiveram quedas acentuadas.
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Aviação: companhias aéreas como Gol e Azul sentiram o impacto da moeda americana mais cara e dos combustíveis em alta.
Esses movimentos evidenciam a correlação direta entre dólar, custos de produção e desempenho de empresas brasileiras.
Perspectivas para o Ibovespa B3
Apesar da correção, analistas ressaltam que o Ibovespa B3 segue sustentado por fundamentos sólidos, como fluxo estrangeiro positivo e resultados consistentes de grandes companhias listadas. No entanto, a volatilidade deve permanecer elevada, considerando os riscos externos e as incertezas políticas no Brasil.
A curto prazo, a trajetória do índice dependerá da evolução do cenário global, principalmente em relação à política monetária do Fed, e do andamento das pautas econômicas no Congresso Nacional.
Impacto para investidores
Para os investidores, o dia reforça a importância da diversificação da carteira. A forte queda em setores específicos mostra que oscilações são inevitáveis, especialmente em momentos de realização de lucros. A alta do dólar, por sua vez, beneficia empresas exportadoras e investidores que mantêm parte dos ativos atrelados à moeda americana.
No médio prazo, a atenção deve permanecer redobrada para a evolução da política monetária internacional e para a estabilidade do ambiente político brasileiro.
O pregão desta quinta-feira foi marcado por ajustes relevantes no Ibovespa B3 e pela valorização do dólar. A correção ocorreu após recordes históricos do índice, em meio à aversão a risco global e às incertezas locais. Ainda assim, o mercado brasileiro segue atraindo investidores, mas o ambiente aponta para maior volatilidade nos próximos meses.






