Ibovespa hoje: payroll dos EUA guia expectativas e pode redefinir juros globais
Abertura do dia: cautela no mercado brasileiro
O Ibovespa hoje inicia a sexta-feira (5) em compasso de espera, refletindo a cautela dos investidores diante da divulgação do payroll dos Estados Unidos. O relatório de emprego norte-americano, previsto para 9h30 (horário de Brasília), é considerado decisivo para calibrar as expectativas em relação à política monetária do Federal Reserve (Fed).
O payroll é acompanhado de perto porque sinaliza a força do mercado de trabalho e, consequentemente, a pressão inflacionária nos EUA. Qualquer surpresa pode mexer nos juros norte-americanos e, em efeito cascata, nos fluxos de capital global, atingindo diretamente o desempenho do Ibovespa hoje.
Além disso, a agenda doméstica traz eventos políticos e econômicos relevantes: reuniões de membros do Banco Central (BC) com economistas, o leilão do Túnel Santos-Guarujá, participação de ministros na Expointer e compromissos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a cúpula militar.
Payroll dos EUA: o dado mais esperado da semana
As projeções para o payroll de agosto indicam a criação de cerca de 76 mil postos de trabalho, segundo mediana de estimativas de analistas. Em julho, foram abertas 73 mil vagas líquidas, o que já havia alimentado dúvidas sobre a resiliência da economia norte-americana.
A taxa de desemprego deve subir de 4,2% para 4,3%, enquanto o salário médio por hora deve avançar 0,3% na comparação mensal e 3,7% na anual. Esses números serão decisivos para indicar se o Fed pode adotar cortes de juros ainda neste ano.
O desempenho do Ibovespa hoje está diretamente atrelado à leitura desse relatório. Caso os dados mostrem enfraquecimento do mercado de trabalho, cresce a chance de cortes de juros pelo Fed, estimulando o fluxo de capitais para mercados emergentes como o Brasil.
Bolsas globais à espera do payroll
Antes da divulgação, as bolsas internacionais operam de forma mista. Nos Estados Unidos, os índices futuros em Nova York não têm direção única. O Nasdaq se destaca positivamente, impulsionado pela valorização de 9,11% das ações da Broadcom após balanço acima das expectativas.
Na Europa, os mercados apresentam alta moderada, enquanto a Ásia fechou em campo positivo, influenciada pela decisão do governo norte-americano de reduzir tarifas sobre carros japoneses. Já o dólar recua em relação às principais moedas, e os juros dos Treasuries oscilam perto da estabilidade.
Esse ambiente internacional reforça o caráter decisivo do payroll: dependendo do resultado, pode alterar a direção não só das bolsas globais, mas também do Ibovespa hoje.
Commodities e ADRs influenciam o humor do mercado
Entre as commodities, o petróleo cai pela terceira sessão consecutiva, pressionado por estoques maiores que o esperado nos EUA e pela expectativa de aumento da produção da Opep+ em reunião no domingo (7). O WTI recua 0,47%, cotado a US$ 63,18, enquanto o Brent cai 0,33%, a US$ 66,77.
Já o minério de ferro avança 0,77% na Bolsa de Dalian, a US$ 110,54 por tonelada. O movimento beneficia companhias brasileiras como Vale, cujos ADRs sobem 0,49% no pré-mercado de Nova York. Os papéis da Petrobras, por sua vez, mantêm estabilidade.
Esses indicadores devem influenciar o desempenho do Ibovespa hoje, que tem forte peso de empresas ligadas a commodities.
Agenda econômica no Brasil
No campo doméstico, a agenda do dia é movimentada. O Banco Central realiza encontros trimestrais entre seus diretores e economistas em São Paulo, momento em que o mercado pode captar sinais sobre a condução da política monetária.
Outro destaque é o leilão do Túnel Santos-Guarujá, realizado na sede da B3, com a presença de Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas. A licitação é vista como símbolo da retomada de investimentos em infraestrutura.
Além disso, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) participam da abertura da Expointer, no Rio Grande do Sul. Já Lula almoça com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas, em encontro com forte peso político.
Esses fatores compõem o pano de fundo do Ibovespa hoje, que pode oscilar não apenas por influência do payroll, mas também pela agenda doméstica.
Juros e câmbio: impacto esperado
O câmbio e os juros futuros no Brasil tendem a acompanhar de perto o movimento internacional. A expectativa de corte de juros pelo Fed pode levar à desvalorização do dólar, aliviando a pressão sobre a moeda brasileira.
Porém, incertezas fiscais internas e eventuais repercussões políticas — como as possíveis sanções dos EUA caso o STF condene o ex-presidente Jair Bolsonaro — podem limitar o apetite por risco. Assim, o comportamento do Ibovespa hoje dependerá de uma combinação entre fatores externos e domésticos.
Fiscal e social: riscos no radar
No campo fiscal, segue em discussão o programa “Gás do Povo”, que substituirá o Auxílio Gás. O custo projetado entre R$ 5,1 bilhões e R$ 7,1 bilhões em 2026 é considerado administrável, mas ainda gera questionamentos sobre o modelo.
Esse tipo de programa entra no radar dos investidores porque pode influenciar a trajetória das contas públicas, elemento fundamental para a atratividade do Brasil no cenário global. Qualquer sinal de descontrole fiscal tende a pressionar o câmbio e, consequentemente, o Ibovespa hoje.
Perspectivas para o Ibovespa hoje
O pregão desta sexta-feira deve ser marcado pela volatilidade. O payroll dos EUA será o gatilho principal para orientar os mercados, mas outros fatores — como commodities, política fiscal e agenda doméstica — também terão peso.
Caso o payroll aponte fraqueza no mercado de trabalho, o Ibovespa hoje pode reagir positivamente, refletindo expectativa de corte de juros pelo Fed. Por outro lado, um dado mais forte pode provocar cautela, reforçando a visão de que os juros norte-americanos permanecerão altos por mais tempo.






