O desempenho do IGP-DI julho surpreendeu ao apresentar recuo de apenas 0,07%, resultado divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 7 de agosto de 2025. Embora ainda sinalize deflação, a desaceleração na intensidade da queda chama atenção, sobretudo quando comparada ao recuo de 1,80% em junho. Superando a expectativa de deflação de 0,18% projetada pelo mercado, o IGP-DI julho reforça a resiliência da economia frente a pressões de preços e acumula alta de 2,91% em 12 meses, consolidando-se como barômetro essencial para contratos de aluguel, tarifas e ajustes econômicos.
Contexto e relevância do IGP-DI julho
O IGP-DI julho integra o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna, que mede variações de preços entre o primeiro e o último dia do mês de referência. Com peso de 60% no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), 30% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) e 10% no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI), o IGP-DI atua como indicador de inflação “atacado”, refletindo movimentos nos custos de produção e repasses para o varejo e contratos. O resultado do IGP-DI julho impacta diretamente correções de contratos de aluguel, tarifas públicas e cláusulas de ajustes contratuais, tornando-se parâmetro indispensável para quem negocia aluguéis e prestações.
Comparação com meses anteriores
Em junho, o IGP-DI julho ainda não existia; por isso, a referência é ao recuo de 1,80% registrado em junho. A desaceleração para 0,07% sugere que os ajustes de preços ao produtor e ao consumidor perderam força na deflação. Analistas de bancos e consultorias econômicas destacam que o IGP-DI julho acima da expectativa de mercado indica um teto para a deflação de curto prazo, reduzindo riscos de pressões baixistas excessivas sobre índices de inflação mais amplos, como o IPCA, e direciona decisões sobre política monetária e fluxo de crédito.
Componentes do IGP-DI julho
IPA-DI: variação de preços ao produtor
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IGP-DI julho – IPA-DI) representa 60% do índice geral. Em julho, registrou queda de 0,34%, frente a recuo de 2,72% no mês anterior. Dois itens de peso explicaram a movimentação:
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Minério de ferro: passou de queda de 6,96% para alta de 5,37%, influenciado pela demanda chinesa e alta nos preços internacionais.
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Soja em grão: avançou 1,27% após alta de 0,66% em junho, impulsionada por safras menores e expectativas de exportação.
A combinação desses fatores atenua a deflação do IGP-DI julho, sinalizando que pressões externas sobre commodities começam a refletir nos preços ao produtor.
IPC-DI: variação de preços ao consumidor
Com peso de 30% no IGP-DI julho, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) subiu 0,37% em julho, acelerando frente à alta de 0,16% em junho. Os principais destaques incluem:
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Jogos lotéricos: reajuste de 13,26% após estabilidade no mês anterior, impactando a categoria “Despesas Diversas”.
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Tarifas de energia elétrica: revisões tarifárias anuais contribuíram para o aumento das contas domésticas.
Esses ajustes repercutem diretamente no bolso do consumidor, elevando a média dos IPC-DI e, consequentemente, do IGP-DI julho.
INCC-DI: custo da construção
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) responde por 10% do IGP-DI julho e registrou alta de 0,91% em julho, contra 0,69% em junho. O pressiona foi:
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Tubos e conexões de PVC: alta de 13,34%, impactada por tarifas de importação sobre resinas.
O encarecimento de insumos de construção civil reflete nos custos de obras e reformas, repercutindo nos contratos vinculados ao IGP-DI julho.
Impactos econômicos e contratuais
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Correção de aluguéis e contratos
O IGP-DI julho é amplamente utilizado como indexador de aluguéis residenciais e comerciais. Com recuo moderado, o índice sinaliza ajustes menos drásticos nos contratos, reduzindo pressão sobre locatários, mas mantendo alguma inflação para locadores. -
Tarifas públicas e ajustes automáticos
Serviços regulados, como energia e água, muitas vezes usam o IGP-DI julho para reajustes anuais. A leve deflação atenua pressões tarifárias, beneficiando consumidores. -
Mercado financeiro e política monetária
O resultado do IGP-DI julho acima do esperado pode frear apostas em cortes de juros mais profundos pelo Banco Central, pois sinaliza inflação ainda resiliente em segmentos “atacado”.
Projeções e expectativas para o segundo semestre
Analistas projetam que o IGP-DI julho repercutirá em leitura de inflação geral, com base no IPCA e em indicadores “venda”. A tendência é de estabilidade ou leve deflação nos próximos meses, desde que:
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Commodities internacionais não sofram choques de oferta.
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Reajustes tarifários de energia e combustíveis sejam moderados.
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Demanda interna se mantenha contida, sem pressões de consumo excessivo.
Caso preços de alimentos ou insumos industriais voltem a subir, o IGP-DI julho reverterá tendência e poderá acumular variação positiva leve, reforçando necessidade de vigilância pelo mercado.
Recomendações para empresas e investidores
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Empresas ligadas à construção: ajustar orçamentos de obras considerando alta de insumos pelo IGP-DI julho, revisando fornecedores de PVC.
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Fundos imobiliários: monitorar contratos indexados ao IGP-DI julho e avaliar impacto moderado na receita de locação.
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Investidores em renda fixa: reavaliar títulos atrelados ao IGP-DI julho, pois deflação menor reduz atratividade de papéis indexados.
O IGP-DI julho reforça a importância de monitorar índices de inflação “atacado” para decisões contratuais, empresariais e de política monetária. A leve deflação de 0,07% sinaliza desaceleração da queda de preços, mas mantém a economia em patamar controlado de inflação. Com alta de 2,91% em 12 meses, o IGP-DI julho permanece como referência central para ajustes de aluguéis, tarifas e contratos, ao mesmo tempo em que alerta para possíveis pressões futuras em commodities e tarifas.






