A discussão sobre as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito está ganhando destaque no cenário financeiro. Atualmente, essa modalidade de crédito é uma das mais caras para pessoa física, com uma taxa de juros anual de 437,3%, de acordo com os dados mais recentes, referentes a junho. No entanto, essa alta taxa se justifica pelo fato de que o rotativo é também a linha de crédito com a maior inadimplência, atingindo surpreendentes 49,1%.
Em outras palavras, quase metade das pessoas que utilizam o rotativo não consegue pagar a conta em dia. Essa situação levanta preocupações sobre a acessibilidade e sustentabilidade financeira para os consumidores, além de evidenciar a necessidade de encontrar soluções para reduzir a inadimplência nessa modalidade.
Outras linhas de crédito também apresentam índices de inadimplência elevados. As operações de empréstimos para pessoas físicas associadas à composição de dívidas de modalidades distintas têm uma taxa de inadimplência de 18,7%. O cheque especial, uma linha de crédito frequentemente usada em situações emergenciais, registra uma inadimplência de 13%. Enquanto isso, o cartão de crédito parcelado possui uma inadimplência de 9,9%.
No entanto, existem linhas de crédito com índices de inadimplência consideravelmente mais baixos. O arrendamento mercantil de outros bens, por exemplo, tem uma inadimplência de apenas 0,1%. Já o crédito consignado INSS registra uma taxa de inadimplência de 1,9%, e o consignado para servidores públicos apresenta uma taxa de 2,1%. No caso do financiamento automotivo, a inadimplência é de 5,5%. Nas modalidades de crédito com recursos direcionados, como o financiamento imobiliário, a inadimplência é de 1,8%.
Uma tendência observada é que linhas de crédito que oferecem garantias apresentam níveis mais baixos de inadimplência e, consequentemente, taxas de juros mais baixas. Instituições financeiras têm a possibilidade de oferecer taxas variadas de acordo com o perfil do cliente, tempo de relacionamento, nível de risco e outros fatores.
É importante destacar que a taxa anual de juros do rotativo do cartão de crédito é uma medida teórica, uma vez que, desde abril de 2017, a resolução 4.549 do Banco Central estipulou um limite de 30 dias para que o cliente permaneça nessa modalidade de crédito. Após esse período, o banco é obrigado a oferecer alternativas com condições mais vantajosas. Portanto, embora a taxa anual possa parecer elevada, na prática, a maioria dos clientes não paga os 437,3% de juros. Em média, as pessoas utilizam o rotativo por cerca de 18 dias, de acordo com dados do setor.
O debate em torno das taxas de juros do rotativo do cartão de crédito levanta questões cruciais sobre a acessibilidade ao crédito e a importância da educação financeira para a população. A busca por soluções que possam equilibrar a necessidade de financiamento com taxas mais justas e a redução da inadimplência continua a ser uma prioridade para consumidores, instituições financeiras e reguladores do mercado.