IPCA-15 de dezembro 2024: Prévia da inflação desacelera para 0,34% e surpreende projeções
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia oficial da inflação no Brasil, desacelerou para 0,34% em dezembro de 2024, após registrar alta de 0,54% em novembro. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vieram abaixo das expectativas do mercado, que projetava uma variação entre 0,30% e 0,68%.
Este resultado marca um cenário de desaceleração inflacionária, com impacto direto nos setores de alimentação, habitação e serviços básicos. A inflação acumulada em 2024 chegou a 4,71%, um índice que reflete a estabilidade econômica diante de desafios internos e externos. Para efeito de comparação, em dezembro de 2023, o IPCA-15 registrou variação de 0,40%. O IPCA-E, versão acumulada trimestralmente do índice, atingiu 1,51% no período de outubro a dezembro.
Análise detalhada do IPCA-15 de dezembro 2024
O cálculo do IPCA-15 é realizado com base na coleta de preços durante a primeira quinzena do mês de referência e da segunda quinzena do mês anterior. Em dezembro, entre os nove grupos de produtos e serviços analisados, cinco apresentaram alta, com destaque para o grupo alimentação e bebidas, que registrou a maior variação (+1,47%). Por outro lado, o grupo habitação teve queda de 1,32%, puxado pela redução nas tarifas de energia elétrica.
1. Alimentação e bebidas: Impacto sazonal e aumentos específicos
O grupo alimentação e bebidas foi o principal responsável pela pressão inflacionária de dezembro. Com alta de 1,47%, essa categoria reflete o aumento nos preços de alimentos consumidos em casa, que tiveram variação positiva de 1,56%. Os principais destaques foram:
- Óleo de soja: aumento expressivo de 9,21%.
- Carnes: a alcatra subiu 9,02%, o contrafilé, 8,33%, e a carne de porco, 8,14%.
- Produtos em queda: batata-inglesa (-9,85%), tomate (-6,71%) e leite longa vida (-2,42%).
Os aumentos foram influenciados pela alta demanda sazonal devido às festas de final de ano, com itens típicos da ceia de Natal registrando os maiores reajustes.
2. Habitação: Redução nas tarifas de energia elétrica
O grupo habitação teve a maior contribuição negativa no índice, com retração de 1,32%. A queda foi liderada pelo recuo de 5,72% na energia elétrica residencial, impulsionado pelo retorno da bandeira tarifária verde, vigente desde 1º de dezembro. Com essa mudança, não há cobrança adicional nas contas de energia, aliviando o orçamento de muitas famílias brasileiras. Em novembro, a bandeira tarifária amarela estava em vigor, o que adicionava custos às faturas.
Comparativo com anos anteriores
Embora o IPCA-15 de dezembro de 2024 tenha desacelerado em relação ao mês anterior, o acumulado do ano ficou dentro das expectativas do Banco Central para o centro da meta inflacionária. Em 2023, a inflação foi marcada por picos mais acentuados em momentos de instabilidade nos mercados internacionais e no setor agrícola, enquanto 2024 trouxe maior previsibilidade nos preços.
Impactos do IPCA-15 no cenário econômico
A prévia da inflação desempenha um papel estratégico para a política monetária, já que serve como parâmetro para decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros, a Selic. Com um IPCA-15 mais controlado, é provável que o Banco Central mantenha ou até reduza os juros, o que pode estimular investimentos e o consumo no início de 2025.
A desaceleração também traz alívio para os consumidores, especialmente em relação a itens essenciais, como alimentação e energia elétrica. Por outro lado, o aumento em alimentos típicos de festas de final de ano reforça a necessidade de planejamento financeiro para o período.
Perspectivas para a inflação em 2025
Analistas projetam que o cenário de 2025 será marcado por um controle ainda mais rigoroso dos preços, com ênfase em políticas de incentivo à produção agrícola e industrial. A manutenção de tarifas controladas no setor de energia elétrica será crucial para evitar impactos inflacionários no custo de vida.