Jair Bolsonaro declara ser candidato à presidência em 2026, mesmo inelegível
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou sua intenção de disputar a Presidência da República em 2026, durante entrevista ao portal Auri Verde Brasil, um veículo alinhado ao bolsonarismo. A declaração, feita na quarta-feira, 16 de outubro de 2024, ocorre em meio à sua inelegibilidade até 2030, imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A afirmação rebate as declarações de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que havia apontado outros nomes como favoritos para a disputa presidencial.
Bolsonaro criticou duramente sua posição atual no partido, afirmando que “não é nada” no Partido Liberal e questionou os motivos que o levaram a ser considerado inelegível. A fala do ex-presidente levanta questionamentos sobre o futuro da direita no Brasil e seu papel nas eleições de 2026, caso sua inelegibilidade permaneça em vigor.
Jair Bolsonaro rebate declarações de Valdemar Costa Neto
A entrevista de Bolsonaro foi uma resposta direta à declaração de Valdemar Costa Neto, que, dias antes, em entrevista à GloboNews, afirmou que os primeiros nomes na fila para a disputa presidencial em 2026 seriam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Valdemar também disse que, apesar da inelegibilidade, ainda acredita que Bolsonaro possa ser candidato. No entanto, o líder do PL salientou que, na dinâmica interna do partido, Bolsonaro é considerado “difícil” de convencer, e que ele acata somente 10% das sugestões que lhe são apresentadas.
Jair Bolsonaro, por sua vez, foi contundente ao se posicionar como o candidato da direita, questionando a razão pela qual está inelegível. Ele se referiu às duas decisões do TSE, que o tornaram inelegível até 2030. “Candidato para 2026 é Jair Messias Bolsonaro. Estou inelegível por quê? Por que me reuni com embaixadores? Por que subi no carro de som do pastor Malafaia?”, declarou, mencionando episódios que envolveram questionamentos ao sistema eleitoral e seu engajamento com líderes religiosos durante a campanha de 2022.
Inelegibilidade: O impasse jurídico e político
O contexto de inelegibilidade de Jair Bolsonaro é um dos grandes desafios que ele enfrenta para consolidar sua candidatura em 2026. O TSE, em 2023, decidiu por sua inelegibilidade após a condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A decisão veio em decorrência da reunião com embaixadores estrangeiros, na qual Bolsonaro fez ataques ao sistema eleitoral brasileiro, além de sua participação em atos públicos que questionavam os resultados das eleições.
O ex-presidente, no entanto, ainda busca reverter essa situação. Valdemar Costa Neto declarou que o Partido Liberal levou ao Congresso Nacional um projeto de lei que busca anistiar Bolsonaro, uma tentativa de reverter a inelegibilidade antes das próximas eleições. A proposta de anistia, se aprovada, poderia permitir que o ex-presidente voltasse a concorrer à Presidência em 2026, mas o futuro do projeto ainda é incerto.
Jair Bolsonaro afirmou que, caso não consiga reverter a inelegibilidade, ele “jogará a toalha” e “cuidará da vida”. Durante a entrevista, demonstrou frustração com o cenário político atual e disse que, se for impedido de concorrer, perderá a fé no Brasil. “Se isso for avante e se essa inelegibilidade continuar valendo, eu jogo a toalha e não acredito mais no Brasil, no meu País, que eu tanto amo e adoro e dou a minha vida”, desabafou.
O futuro da direita e a reação do PL
A divisão interna no PL sobre quem será o candidato da direita em 2026 é uma questão central para a próxima disputa presidencial. Enquanto Valdemar Costa Neto e outros líderes do partido buscam alternativas, como Tarcísio de Freitas e Eduardo Bolsonaro, a base bolsonarista parece seguir fiel ao ex-presidente. Bolsonaro, ao declarar que é o candidato natural da direita, reforça essa ligação com seu eleitorado, que continua expressivo mesmo após sua saída da Presidência.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vem se consolidando como uma das principais lideranças de direita no país, com uma gestão focada em infraestrutura e economia. Sua postura mais moderada, comparada à de Bolsonaro, tem atraído atenção tanto de eleitores tradicionais da direita quanto de setores mais centristas. Eduardo Bolsonaro, por outro lado, é uma figura mais alinhada ao bolsonarismo raiz e conta com o apoio de parte significativa dos apoiadores de seu pai.
Ainda assim, a figura de Jair Bolsonaro continua sendo central para o futuro da direita no Brasil. Mesmo inelegível, o ex-presidente mantém forte influência sobre o eleitorado conservador, o que torna qualquer eleição presidencial futura imprevisível, especialmente se ele conseguir reverter sua inelegibilidade.
Estratégias e caminhos possíveis para 2026
Com a possibilidade de reverter sua inelegibilidade através de uma anistia no Congresso Nacional, Jair Bolsonaro poderá utilizar seu carisma e apelo popular para moldar a campanha de 2026. No entanto, caso o ex-presidente não consiga reverter sua situação, o papel de “padrinho político” para outros nomes da direita, como Tarcísio ou Eduardo, poderá ser sua única opção.
Outro fator a ser observado é como os outros candidatos da direita vão se posicionar em relação a Bolsonaro. Tarcísio de Freitas, por exemplo, precisará equilibrar a manutenção de uma relação cordial com o bolsonarismo, sem perder sua identidade política própria. Já Eduardo Bolsonaro, caso receba o aval do pai para concorrer, enfrentará o desafio de manter a base de apoio familiar, enquanto tenta expandir sua influência política para além do círculo mais próximo de apoiadores.
A força eleitoral de Jair Bolsonaro nas próximas eleições dependerá de como ele e seus aliados conseguirão se posicionar em um cenário político complexo, que inclui desde questões jurídicas até a manutenção de sua popularidade em meio a novos desafios e atores políticos.
A declaração de Jair Bolsonaro como candidato à Presidência em 2026, apesar de sua inelegibilidade, reforça o protagonismo que ele ainda exerce sobre a direita brasileira. A batalha jurídica que ele enfrenta e as estratégias adotadas pelo PL serão determinantes para o futuro político do ex-presidente e da direita no Brasil. Seja como candidato ou como influenciador político, Bolsonaro continuará a ser uma peça-chave no cenário eleitoral do país.