Reunião com Ministro da Justiça e Propostas de Regulação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou a necessidade urgente de uma regulação das grandes empresas de tecnologia, conhecidas como big techs. Em entrevista ao Jornal da Record, Lula mencionou que se reunirá com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para discutir a retomada desse tema no Congresso Nacional. O presidente defende a construção de uma proposta de regulação ouvindo empresários e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Cabe ao Palácio [do Planalto] ter uma posição. E quero te dizer com muita veemência de que não é possível essas empresas continuarem ganhando dinheiro disseminando mentiras, disseminando inverdades, fazendo provocação, campanha contra vacina, campanha favorável a isso, campanha favorável àquilo, sem levar em conta nenhum compromisso com a verdade”, afirmou Lula.
Projeto de Lei das Fake News
O presidente destacou o Projeto de Lei das Fake News (PL 2630), relatado pelo deputado federal Orlando Silva, que estava próximo de ser votado na Câmara dos Deputados. O PL 2630 cria uma série de regras para a atuação das redes sociais, buscando combater a disseminação de notícias falsas e discursos de ódio.
“Nós tínhamos um projeto que estava quase para ser votado, não sei porque o projeto do Orlando não conseguiu avançar na Câmara”, comentou Lula. Ele enfatizou a importância de uma regulação urgente, apontando que as big techs não pagam impostos no Brasil e lucram com a disseminação do ódio.
Encontro com Lewandowski e Estratégias Legislativas
Lula afirmou que deve se reunir nesta semana com Ricardo Lewandowski para discutir como o tema pode ser levado ao Congresso Nacional. Entre as opções estão retomar o projeto original, apresentar uma nova proposta ou buscar uma solução em conjunto com o Congresso. O presidente destacou a importância de encontrar a melhor forma de tramitação, seja por Medida Provisória (MP) ou Projeto de Lei (PL) com caráter de urgência.
Pressão das Big Techs e Grupo de Trabalho
Em abril de 2023, a Câmara aprovou em regime de urgência o projeto das fake news, apesar da pressão das big techs. No entanto, a votação foi adiada em maio devido à pressão e lobby liderados por Google e Meta, controladora de Facebook, WhatsApp e Instagram. Após um ano, o presidente da Câmara, Arthur Lira, engavetou o texto, alegando que o projeto foi polemizado e não tinha apoio suficiente.
Como alternativa, Lira instaurou um grupo de trabalho composto por 20 deputados de diferentes espectros políticos para tratar do assunto. Entre os integrantes estão Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto original; Eli Borges (PL-TO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica; Gustavo Gayer (PL-GO) e Filipe Barros (PL-PR), representantes do bolsonarismo; Erika Hilton (PSOL-SP); Ana Paula Leão (PP-MG); e Fausto Pinato (PP-SP).
Objetivos do Grupo de Trabalho
O grupo de trabalho tem 90 dias para concluir os trabalhos e pode realizar audiências públicas e reuniões com órgãos e entidades da sociedade civil, além de profissionais, juristas e autoridades relacionadas ao tema. O objetivo é criar um ambiente de debate e construção de uma proposta de regulação que contemple as diversas perspectivas sobre o tema.
Importância da Regulação das Big Techs
A discussão sobre a regulação das big techs é fundamental no contexto atual, onde as redes sociais e plataformas digitais têm um impacto significativo na disseminação de informações. A regulação busca criar um ambiente mais seguro e responsável, onde as empresas de tecnologia tenham obrigações claras em relação ao conteúdo que veiculam.
A necessidade de uma regulação urgente das big techs, defendida pelo presidente Lula, destaca a importância de enfrentar os desafios impostos pela disseminação de informações falsas e discursos de ódio nas plataformas digitais. Com a retomada das discussões no Congresso e a formação de um grupo de trabalho dedicado ao tema, espera-se que uma solução eficaz seja encontrada para garantir um ambiente digital mais seguro e responsável.