Manhã no Mercado: Investidores Monitoram Focus, Reunião de Lula e Dados dos EUA
A manhã no mercado financeiro desta segunda-feira, 6 de janeiro de 2025, começou movimentada. Com a desconfiança dos investidores sobre a trajetória das contas públicas, a atenção está voltada para o primeiro Relatório Focus do ano, a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros e os dados econômicos dos Estados Unidos.
A análise desses fatores é crucial para os agentes econômicos em um contexto de alta volatilidade nos mercados nacionais e internacionais. Com uma Selic projetada a 15% ou mais, o cenário aponta para desafios no controle da inflação, ajuste fiscal e expectativas do mercado financeiro.
Relatório Focus e Perspectivas Econômicas
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, trouxe um pequeno alívio para as previsões de inflação de 2025, com uma ligeira queda de 4,90% para 4,89%. No entanto, para 2025, as projeções subiram de 4,96% para 4,99%. Essa tendência de aumento para os anos seguintes (2026 e 2027) reforça a preocupação com o cenário fiscal e as incertezas políticas que impactam diretamente os preços e a credibilidade econômica do Brasil.
Além disso, a trajetória da Selic continua como um ponto de atenção. Com casas de análise prevendo a taxa básica de juros em 15% ou mais, o ambiente econômico segue desafiador, especialmente para o setor produtivo.
Mercado de Ações e Moeda: Impactos Recentes
Na última sexta-feira, os juros futuros recuaram de forma acentuada, reduzindo parte dos prêmios de risco acumulados nos meses finais de 2024. Ainda assim, o ambiente permanece complicado para os ativos brasileiros.
- Dólar Comercial: O dólar fechou em alta de 0,30%, cotado a R$ 6,18.
- Ibovespa: O principal índice da Bolsa brasileira encerrou o pregão em queda expressiva, perdendo o suporte dos 120 mil pontos. A decisão do HSBC de rebaixar a recomendação de ações brasileiras de “neutra” para “venda” contribuiu para o movimento negativo.
Outro fator de pressão veio do recuo de mais de 2% nos preços do minério de ferro na Bolsa de Dalian, na China. Essa queda impactou as ações de empresas ligadas ao setor de commodities metálicas, refletindo a sensibilidade do mercado brasileiro às movimentações globais.
Emendas Parlamentares e Lei Orçamentária
No cenário político, a discussão sobre as emendas parlamentares segue no centro das atenções. O ministro do STF, Flávio Dino, suspendeu o repasse de R$ 142,18 milhões a 13 ONGs por falta de transparência no uso dos recursos. No entanto, abriu exceções para emendas voltadas à saúde e para comissões empenhadas até 23 de dezembro de 2024.
Essas decisões são cruciais para a aprovação do Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, um tema que será amplamente debatido no Congresso nos próximos dias.
Reunião de Lula com Ministros e Mudanças na Secom
Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna ao Planalto para uma série de reuniões com seus ministros, incluindo o chefe da pasta econômica, Fernando Haddad. Um dos temas em pauta é a reestruturação da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).
O publicitário Sidônio Palmeira desponta como o favorito para assumir o comando da Secom, atualmente ocupada por Paulo Pimenta. A comunicação do governo tem sido alvo de críticas, e essa troca pode influenciar a percepção do mercado e da sociedade sobre as ações governamentais.
Cenário Externo: Estados Unidos e Europa
No cenário internacional, investidores monitoram indicadores importantes como o índice de gerente de compras (PMI) de serviços e o composto dos Estados Unidos para dezembro. A perspectiva de pausa no ciclo de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve também está no radar.
- Treasuries de 10 anos: Os rendimentos apresentaram leve alta nesta manhã, indicando cautela dos investidores.
- Índice DXY: O índice, que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas principais, recuou diante do fortalecimento do euro após PMIs mais robustos na zona do euro.
Essa dinâmica externa adiciona um componente de volatilidade ao mercado brasileiro, especialmente para o câmbio e os investimentos em renda fixa.