São Paulo, 12 de agosto de 2024 – O Brasil perdeu um de seus mais influentes economistas e figuras políticas com o falecimento de Antônio Delfim Netto nesta segunda-feira, aos 96 anos. O renomado economista estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, por complicações de saúde. Em nota oficial, a assessoria de Delfim Netto informou que não haverá velório aberto e que o enterro será restrito à família. Ele deixa filha e neto.
Formação e Carreira Acadêmica
Antônio Delfim Netto nasceu em São Paulo em maio de 1928, descendente de imigrantes italianos. Formou-se economista em 1951 pela Universidade de São Paulo (USP), onde também se destacou na carreira acadêmica. Em 1958, tornou-se professor titular de Análise Macroeconômica na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (Fea-USP). Seu trabalho acadêmico lhe rendeu o título de professor emérito, consolidando sua posição como uma referência em economia no Brasil.
Papel no Governo Militar
Delfim Netto teve um papel significativo durante o período militar no Brasil. Em 1965, foi membro do Conselho Consultivo de Planejamento (Consplan) do governo Castelo Branco. No ano seguinte, assumiu o cargo de secretário da Fazenda no governo de São Paulo, durante a gestão de Adhemar de Barros.
O economista também foi um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968. O AI-5 foi o decreto mais severo após o golpe militar de 1964, instituído durante o governo de Artur da Costa e Silva, e tinha como objetivo suspender direitos e garantias individuais, consolidando o regime militar.
Ministra da Fazenda e Atuação Internacional
Em 1967, Delfim Netto assumiu o cargo de Ministro da Fazenda durante o governo de Costa e Silva e permaneceu no cargo até 1974, já sob a presidência de Emílio Garrastazu Médici. Seu período como ministro foi marcante, com a implementação de políticas econômicas que impactaram o crescimento do Brasil durante o chamado “Milagre Econômico.
Após sua atuação como ministro, Delfim Netto foi embaixador do Brasil na França de 1974 a 1979. Em 1979, retornou ao Brasil para integrar o Conselho Monetário Nacional e comandou o Banco Central no governo de João Figueiredo. Seu trabalho foi fundamental para a gestão da política monetária e financeira do país durante um período de transição.
Carreira Política
Delfim Netto também deixou sua marca na política nacional como deputado federal. Atuou na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena, e foi eleito cinco vezes deputado federal pelo estado de São Paulo. Sua atuação na Câmara dos Deputados foi marcada por seu compromisso com as reformas econômicas e políticas.
Legado e Impacto
O legado de Antônio Delfim Netto é significativo tanto para a economia quanto para a política brasileira. Seu trabalho como economista e político influenciou profundamente o desenvolvimento econômico do país, especialmente durante o período militar, que foi caracterizado por profundas transformações econômicas e políticas.
Delfim Netto é lembrado como um dos grandes nomes da economia brasileira, cuja atuação ajudou a moldar o cenário econômico e político do Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Seu falecimento marca o fim de uma era para muitos que acompanharam suas contribuições e debates sobre o futuro econômico do Brasil.
A morte de Antônio Delfim Netto representa uma grande perda para o Brasil, não apenas pela sua longa e distinta carreira, mas também pelo impacto duradouro de suas contribuições na economia e na política nacional. Com uma trajetória marcada por posições de destaque e decisões que moldaram o rumo do país, seu legado continuará a ser estudado e debatido por futuras gerações.