Mototáxi em São Paulo: A Polêmica Volta do Serviço e a Batalha Jurídica
O serviço de mototáxi em São Paulo tem gerado intensos debates nos últimos meses, dividindo opiniões entre usuários, empresas de mobilidade e a gestão municipal. A chegada da 99 e da Uber com o serviço de transporte por motocicletas na capital paulista reacendeu discussões sobre regulamentação, segurança e legalidade da prática.
Apesar de um decreto municipal contrário à atividade, a 99 retomou o serviço na cidade, completando dez dias de operação nesta sexta-feira, 24 de janeiro de 2025. A empresa afirma que já realizou mais de 200 mil corridas na modalidade, apresentando preços atrativos graças a cupons de desconto. A Uber também reintroduziu o serviço, oferecendo tarifas 40% menores em comparação ao UberX.
Preços Baixos e Cupons: Estratégias de Expansão
Nas redes sociais, usuários têm relatado tarifas extremamente acessíveis para viagens de mototáxi, com corridas custando menos de R$ 5 e, em alguns casos, valores simbólicos de poucos centavos. Esses preços são resultado de campanhas promocionais com cupons de desconto oferecidos pelas empresas.
A 99 esclareceu que, mesmo com tarifas reduzidas, os motociclistas parceiros recebem um valor mínimo garantido, subsidiado pela própria empresa. Segundo Bruno Rossini, diretor de comunicação da 99, essa prática visa atrair novos usuários e reforçar a presença da empresa em um mercado competitivo.
Já a Uber, embora tenha adotado uma postura mais discreta, também distribuiu cupons de R$ 10 para os primeiros usuários da categoria, ampliando o alcance de sua base de clientes na cidade.
O Imbróglio Jurídico: Prefeitura de São Paulo x Empresas de Mobilidade
Desde o relançamento do serviço de mototáxi em São Paulo, a gestão municipal tem se posicionado fortemente contra a modalidade. O prefeito Ricardo Nunes chegou a criticar duramente as empresas, classificando-as como “irresponsáveis” e “assassinas”. Segundo Nunes, o serviço coloca em risco a segurança dos passageiros e motociclistas, além de infringir o decreto municipal nº 62.144/2023.
Apesar disso, decisões judiciais têm favorecido as empresas de mobilidade. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que é inconstitucional a proibição de serviços de transporte privado por aplicativos, incluindo o mototáxi. Com base nesse entendimento, a 99 e a Uber sustentam que a prática é legítima e respaldada pela Constituição Federal.
Em 2025, a Justiça de São Paulo tomou decisões mistas sobre o caso. Enquanto o Tribunal de Justiça indeferiu pedidos da Prefeitura para multar e suspender o serviço, também reconheceu a competência municipal para fiscalizar a atividade. A disputa permanece em andamento, com decisões judiciais pendentes.
Segurança e Dados Operacionais
Uma das principais críticas ao mototáxi em São Paulo diz respeito à segurança. Dados internos da 99 mostram que apenas 0,0003% das corridas realizadas na cidade apresentaram incidentes de trânsito, número considerado baixo pela empresa. No entanto, especialistas em mobilidade urbana apontam a necessidade de regulamentações específicas para garantir maior segurança aos usuários.
Além disso, a Prefeitura de São Paulo iniciou a apreensão de motocicletas com base na lei municipal 16.344/16, que regulamenta o mototáxi, mas não inclui explicitamente serviços por aplicativos. A prática tem gerado incertezas para condutores e passageiros, que relatam apreensões mesmo com a aparente legalidade da modalidade.
Impacto Econômico e Perspectivas
A reintrodução do mototáxi em São Paulo traz benefícios econômicos significativos, especialmente em termos de geração de renda para motociclistas parceiros. Segundo a 99, a modalidade já movimentou um número expressivo de corridas, refletindo a alta demanda por opções de transporte mais rápidas e acessíveis na capital.
Especialistas acreditam que o mototáxi pode se consolidar como uma alternativa viável para o transporte urbano, desde que sejam implementadas políticas de segurança e regulamentação claras. A tendência de serviços por aplicativos é de crescimento, e São Paulo, como maior cidade do Brasil, é um mercado estratégico para empresas como Uber e 99.
Cronologia das Decisões
Confira os principais acontecimentos envolvendo o mototáxi em São Paulo:
- Janeiro de 2023: A gestão municipal notifica a 99 sobre a suspensão do serviço.
- Dezembro de 2023: Publicação do decreto municipal nº 62.144, que visa coibir a prática.
- Janeiro de 2025: A 99 relança o serviço, com a Uber seguindo na semana seguinte.
- 20 de janeiro de 2025: Decisão judicial reafirma a competência da Prefeitura para fiscalizar a atividade.
- 21 de janeiro de 2025: Nova decisão judicial indeferiu pedido da Prefeitura para aplicação de multas diárias à 99.
A volta do serviço de mototáxi em São Paulo demonstra o potencial desse segmento de transporte urbano, mas também expõe os desafios enfrentados pelas empresas de mobilidade diante de legislações conflitantes e resistências municipais. Para usuários, a modalidade representa uma solução econômica e prática, mas a segurança e a regulamentação permanecem como pontos críticos a serem resolvidos.
A expectativa é que, nos próximos meses, a disputa jurídica e política seja resolvida, permitindo que o serviço seja aprimorado e amplamente aceito na capital paulista.