Brasília, 5 de junho de 2024 – O anúncio recente do Google sobre a alteração na forma como os resultados de busca serão entregues aos usuários gerou um alerta significativo do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS-CN). A nova abordagem, que prioriza respostas geradas por inteligência artificial (IA), levantou preocupações sobre seus potenciais impactos sociais e econômicos.
A Crítica do Conselho de Comunicação Social
Em uma carta divulgada ontem, o CCS-CN criticou o novo modelo de busca do Google. O Conselho enfatizou que a atual interface do serviço, baseada na indexação de links que direcionam ao conteúdo buscado, foi fundamental para a disseminação de conteúdos de comunicação social, culturais e científicos na Internet. Esse modelo permitiu a socialização do conhecimento, ampliou o livre fluxo de informações e assegurou a liberdade de imprensa e de expressão no ambiente online.
“O modelo atual do Google garantiu o desenvolvimento de novos negócios e ampliou a memória da humanidade”, destaca o documento do CCS-CN. Segundo o Conselho, a mudança proposta pelo Google, baseada em um modelo de negócios, não considera os impactos sociais, o que poderá prejudicar diretamente empresas jornalísticas ao reduzir sua visibilidade.
Impactos Sociais e Econômicos
O entendimento do CCS-CN é que a priorização de respostas geradas por IA pode levar à diminuição da visibilidade e ao silenciamento da ação, reflexão e trabalho de movimentos sociais, instituições científicas, organizações não-governamentais e até mesmo partidos políticos. O Conselho alerta que essa alteração no design da plataforma pode afetar significativamente o direito dos cidadãos de acesso à informação.
A mudança proposta pelo Google é um exemplo de como a alteração do design de plataformas afeta a maneira como cidadãos usufruem seu direito de acesso à informação”, afirma o documento.
A Necessidade de Regulação
O CCS-CN ressalta a importância de desenvolver regulações holísticas para plataformas digitais. Essas regulações deveriam considerar desde mudanças nos modelos de negócios até como priorizam as informações e utilizam a inteligência artificial.
“A preservação de uma Internet livre e aberta exige proteger não apenas os valores democráticos e os direitos individuais, mas também o sentido não artificial da comunicação social e da interação pessoal”, conclui o documento do CCS-CN.
O Conselho lembra que o Google possui o monopólio do mercado de buscas e que a rápida adoção da IA generativa pode ameaçar a esfera pública digital.
Reações no Setor Jornalístico
Empresas jornalísticas e profissionais da comunicação expressaram suas preocupações em relação às mudanças anunciadas pelo Google. Muitos temem que a visibilidade reduzida nos resultados de busca prejudique a sustentabilidade financeira de veículos de imprensa, que dependem de tráfego orgânico para gerar receitas de publicidade.
O Papel da Sociedade Civil
Organizações da sociedade civil também têm manifestado preocupação com as implicações da priorização de respostas geradas por IA. Existe um temor de que a mudança possa limitar a diversidade de fontes de informação disponíveis para o público, concentrando ainda mais o poder informativo nas mãos de grandes plataformas tecnológicas.
A controvérsia em torno das mudanças no Google Search sublinha a necessidade de um debate mais amplo sobre a governança das plataformas digitais e o papel da inteligência artificial na mediação do acesso à informação. O CCS-CN defende que quaisquer alterações significativas na forma como as informações são entregues aos usuários devem ser acompanhadas de uma análise profunda dos impactos sociais e econômicos.
Os próximos meses serão cruciais para observar como o Google e outras plataformas responderão às críticas e demandas por uma regulação mais equilibrada e transparente. A sociedade civil, os legisladores e os reguladores terão um papel fundamental em moldar o futuro da internet para garantir que ela continue a ser um espaço de liberdade, diversidade e inovação.