Na última sexta-feira, o contrato futuro de ouro na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), fechou os negócios com uma leve queda, marcando um movimento de realização de lucros. O metal precioso, que registrou uma alta firme ao longo da semana, enfrentou essa correção, mas a influência do dólar evitou uma queda mais intensa.
O ouro para entrega em dezembro encerrou a sessão com uma queda de 0,13%, sendo negociado a US$ 1.984,70 por onça-troy. Apesar desse recuo diário, o contrato de ouro acumulou um ganho significativo de 2,43% ao longo da semana.
A desvalorização do dólar em relação a outras moedas de mercados desenvolvidos não foi suficiente para evitar o processo de realização de lucros no ouro. O metal amarelo teve um desempenho robusto ao longo da semana, impulsionado pela desinflação nos Estados Unidos e pela diminuição nos rendimentos dos Treasuries. Além dos fatores macroeconômicos, as tensões geopolíticas continuam sendo um elemento positivo para os preços do ouro.
Analistas da J.Safra Sarasin destacam que as tensões geopolíticas foram responsáveis por uma grande recuperação do ouro em outubro, ampliando a diferença entre os juros reais e o metal precioso. Eles observam uma mudança estrutural, indicada pelo enfraquecimento da correlação de uma década entre os níveis de juros reais nos EUA e o ouro. Isso, segundo eles, reflete não apenas o atual cenário de inflação elevada, mas também uma demanda estrutural mais forte.
A nota enviada a clientes da J.Safra destaca que bancos centrais de mercados emergentes têm aumentado suas participações em ouro, visando ganhar independência em relação ao dólar. A mudança no modelo de crescimento chinês é apontada como um fator que elevou a incerteza econômica, resultando em uma maior demanda física por ouro por parte de investidores locais.
Os economistas da J.Safra preveem que esses elementos devem sustentar o ouro a um nível de preços estruturalmente mais alto, enfraquecendo a influência histórica dos juros reais americanos sobre o metal amarelo. O cenário geopolítico e as dinâmicas econômicas globais continuam a moldar o mercado do ouro, tornando-o um ativo de interesse em meio às complexidades do panorama internacional.