O mercado de ouro encerrou a semana em alta expressiva, refletindo o aumento da procura por ativos seguros em meio a um cenário global de incertezas. Na sexta-feira, 16 de agosto de 2024, o ouro para dezembro fechou com valorização de 1,82%, cotado a US$ 2.537,80 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). Durante a sessão, o metal precioso alcançou a máxima de US$ 2.538,70, estabelecendo um novo recorde histórico.
Expectativas de Corte na Taxa de Juros pelo Federal Reserve
Um dos principais fatores que impulsionaram a valorização do ouro foi a crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, possa iniciar cortes nas taxas de juros já no próximo mês. Segundo a Allegiance Gold, os últimos dados econômicos divulgados nos EUA indicam uma desaceleração da economia, o que fortalece o argumento para uma política monetária mais acomodatícia.
A queda significativa nas construções de moradias iniciadas, reportada pelo Departamento de Comércio dos EUA, contribuiu para a percepção de que o Fed pode precisar agir para evitar uma recessão. Juros mais baixos tendem a aumentar a atratividade do ouro, pois reduzem o custo de oportunidade de manter o metal, que não rende juros.
Tensões Geopolíticas Aumentam a Busca por Ativos Seguros
Além das expectativas de corte nas taxas de juros, as crescentes tensões geopolíticas em várias regiões do mundo têm levado os investidores a buscarem refúgio no ouro. As tensões entre Estados Unidos e China, juntamente com os conflitos em curso na Ucrânia e no Oriente Médio, criam um ambiente de incerteza que tradicionalmente favorece a demanda por ouro como um ativo de segurança.
O banco holandês ING destacou que, além das tensões geopolíticas, o período eleitoral nos Estados Unidos também pode adicionar volatilidade aos mercados financeiros, o que pode continuar a sustentar os preços do ouro. As eleições americanas, marcadas para novembro, são vistas como um fator de risco adicional, à medida que o mercado busca antecipar as possíveis mudanças na política econômica do país.
Demanda da China e Quotas de Importação
Outro fator crucial que contribuiu para o aumento do preço do ouro foi a renovação das quotas de importação do metal na China. Vários bancos chineses receberam novas autorizações do Banco Central do país para importar ouro, após uma pausa de dois meses. De acordo com fontes citadas pela Reuters, essas quotas visam controlar a entrada do metal no mercado chinês, mas sua retomada sinaliza uma renovada demanda pelo ouro no maior consumidor mundial do metal.
As compras robustas por parte da China têm sido um suporte importante para a valorização do ouro nos últimos anos. Com a retomada das importações, espera-se que o mercado chinês continue a influenciar os preços globais do ouro no curto a médio prazo.
Perspectivas para o Mercado de Ouro
A combinação de expectativas de corte nas taxas de juros, tensões geopolíticas persistentes e a forte demanda da China cria um cenário favorável para a continuidade da alta nos preços do ouro. No entanto, o mercado deve permanecer atento a possíveis mudanças no cenário econômico global, que poderiam alterar a trajetória do metal precioso.
O ouro, tradicionalmente visto como um porto seguro em tempos de incerteza, parece estar retomando sua posição central nas estratégias de investimento, especialmente à medida que os investidores buscam proteger seus portfólios contra a volatilidade dos mercados acionários e cambiais.
Dado o cenário atual, onde as tensões geopolíticas e as incertezas econômicas continuam a dominar o panorama global, o ouro pode continuar a ver uma demanda crescente. Os próximos passos do Federal Reserve serão cruciais para determinar a trajetória futura dos preços do ouro, assim como os desenvolvimentos geopolíticos e as políticas econômicas dos principais consumidores, como a China.