Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) identificaram ovos do mosquito Aedes aegypti já infectados com os vírus ZIKV, causador da zika, e CHIKV, da chikungunya. O estudo revela a transmissão vertical desses vírus, em que as fêmeas transmitem para as larvas depositadas por elas. Os ovos infectados eclodem e os mosquitos nascem com o vírus.
Publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, o estudo intitulado “Detecção de arbovírus em Aedes aegypti por meio de análise transovariana: um estudo em Goiânia, Goiás” revela um novo mecanismo de transmissão dessas doenças infecciosas, diferente da transmissão horizontal, quando o mosquito se infecta ao picar um ser humano ou animal e depois transmite o vírus a outros por meio de picadas.
O coordenador do estudo, biólogo e doutorando na UFG, Diego Michel Fernandes da Silva, alerta que a descoberta dos mosquitos já nascendo infectados é preocupante, pois sugere que o vetor urbano principal adquiriu a capacidade de transmitir os vírus a seus descendentes, facilitando sua dispersão para áreas urbanas.
O estudo envolveu a captura de ovos e mosquitos adultos do Aedes aegypti em diferentes regiões de Goiânia, que foram analisados em laboratório. Resultados positivos para os vírus CHIKV e ZIKV foram encontrados em amostras, indicando que os descendentes estavam infectados e capazes de transmitir o vírus após o nascimento.
Além de alertar sobre o aumento das transmissões dos vírus da zika e chikungunya, o estudo recomenda reforçar a vigilância epidemiológica local e buscar novos mecanismos de prevenção e controle do Aedes aegypti. A população deve eliminar criadouros de ovos do mosquito, que podem sobreviver sem água por até um ano, mesmo sem contato com água, destacando a importância da limpeza dos locais onde os ovos são depositados.
O estudo também pode estimular outros cientistas a desenvolverem novos métodos de prevenção ao mosquito vetor de transmissão.