A Polícia Federal (PF) anunciou nesta segunda-feira, 2 de setembro de 2024, a identificação de 41 suspeitos envolvidos na colossal fraude financeira que abalou a Americanas, resultando em um pedido de recuperação judicial histórico. O esquema, que provocou um rombo superior a R$ 25 bilhões na contabilidade da companhia, levou a uma série de medidas judiciais e possíveis acordos de “não persecução”. A investigação revelou a profundidade do escândalo, afetando tanto a gestão quanto a operação da varejista.
Segmentação dos Suspeitos e Acordos de ‘Não Persecução’
De acordo com documentos obtidos pela Reuters, os 41 indivíduos foram segmentados em oito grupos, com base em suas funções e setores de atuação no esquema fraudulento. Entre os principais implicados estão Miguel Gutierrez, ex-presidente-executivo da Americanas, e Anna Saicali, ex-presidente da B2W, unidade de varejo digital da empresa. Ambos já haviam sido citados em investigações anteriores e enfrentam graves acusações.
Gutierrez foi detido por um breve período em Madri no início deste ano antes de ser libertado, enquanto Saicali entregou seu passaporte à polícia. A nova fase da investigação oferece a esses e outros suspeitos a oportunidade de assinar acordos de “não persecução”, desde que admitam sua participação no esquema de fraude. Esse tipo de acordo permite que os envolvidos colaborem com as autoridades em troca de possíveis reduções nas penalidades e na continuidade das acusações contra eles.
Contexto da Fraude e Impactos no Mercado
A fraude na Americanas foi descoberta no início de 2023, quando o então presidente da companhia, Sergio Rial, anunciou sua saída após revelações de “inconsistências em lançamentos contábeis” que totalizavam mais de R$ 20 bilhões. As irregularidades incluíam operações de financiamento que não foram devidamente refletidas nas contas de fornecedores, conforme demonstrado nas análises financeiras do terceiro trimestre do ano anterior.
Este escândalo teve um impacto devastador na bolsa de valores. No dia seguinte à revelação das inconsistências, as ações da Americanas sofreram uma queda histórica de quase 80%, a maior registrada na bolsa brasileira desde 2008, conforme apontado por Einar Rivero, da TradeMap. Essa drástica desvalorização das ações teve repercussões significativas para os investidores e para a estabilidade financeira da empresa.
Recuperação e Perspectivas Futuras
Apesar dos desafios enfrentados, a Americanas está tentando se reerguer. Nesta segunda-feira, 2 de setembro, as ações da companhia (AMER3) registraram um aumento significativo de 20,97%, fechando a R$ 6,98. Este movimento positivo reflete, em parte, a tentativa da empresa de recuperar a confiança dos investidores e se ajustar à nova realidade do mercado.
A Americanas está adotando estratégias para reverter os prejuízos e estabilizar suas operações. Entre essas estratégias estão o foco em lojas físicas e uma reavaliação das práticas contábeis e financeiras para garantir a transparência e a conformidade com as regulamentações.
O escândalo da Americanas representa um dos maiores casos de fraude financeira no Brasil, afetando não apenas a empresa, mas também o mercado financeiro como um todo. A investigação em andamento e a possibilidade de acordos de “não persecução” são passos cruciais para resolver o caso e trazer justiça. A recuperação da Americanas será acompanhada de perto por investidores e analistas, que esperam ver como a empresa lidará com as consequências e buscará restaurar sua posição no mercado.