Preço do petróleo se mantém estável com foco em tarifas entre EUA e UE
O preço do petróleo encerrou o pregão desta quarta-feira com leve oscilação, refletindo a cautela dos investidores diante das incertezas nas negociações tarifárias entre grandes potências econômicas. Enquanto os contratos do petróleo WTI e Brent oscilaram próximo à estabilidade, o mercado voltou sua atenção para os desdobramentos diplomáticos entre Estados Unidos, União Europeia, Japão e China.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do petróleo WTI para setembro registrou recuo de 0,09%, cotado a US$ 65,25 o barril. Já o petróleo Brent, referência internacional, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 0,12%, sendo negociado a US$ 68,51 o barril. As variações mínimas indicam um momento de pausa no mercado, com investidores aguardando movimentações decisivas nas arenas política e econômica globais.
Acordo entre EUA e Japão e suas repercussões no mercado de petróleo
O recente acordo comercial firmado entre Estados Unidos e Japão, que prevê uma tarifa de 15% sobre produtos japoneses, é visto como benéfico para a economia norte-americana. No entanto, segundo analistas de mercado, como Dennis Kissler, o impacto direto sobre o preço do petróleo tende a ser limitado no curto prazo, uma vez que o acordo não se traduz necessariamente em aumento de exportações do setor energético.
A medida representa um reposicionamento estratégico dos EUA em relação às suas parcerias comerciais na Ásia, e pode provocar reações de outras nações, como a China, que observam com atenção a intensificação das tarifas bilaterais. O mercado petrolífero, embora ainda pouco impactado, continua vulnerável a esses desdobramentos, especialmente se houver alterações no fluxo comercial e na demanda global por energia.
União Europeia e EUA: tarifa de 15% ou ameaça de retaliação
Outro ponto de atenção para o preço do petróleo é o avanço das negociações entre a União Europeia e os Estados Unidos. Informações de bastidores indicam que as partes caminham para um acordo que inclui tarifa básica de 15% sobre uma ampla gama de produtos, inclusive veículos. No entanto, em caso de impasse, o bloco europeu ameaça impor tarifas retaliatórias de até 30% sobre cerca de €100 bilhões em mercadorias americanas.
Esse cenário gera instabilidade nos mercados internacionais e afeta diretamente o humor dos investidores, inclusive no setor de petróleo, que é altamente sensível a políticas comerciais e oscilações na atividade industrial. A possibilidade de desacordo e imposição de sanções tarifárias preocupa analistas, que temem impactos negativos na demanda por combustíveis.
China, Rússia e Irã: triangulação geopolítica afeta preço do petróleo
Durante as próximas negociações com Pequim, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou que pretende abordar as compras chinesas de petróleo oriundo da Rússia e do Irã. A China, que mantém uma política energética voltada para garantir fornecimento a custos competitivos, tem se tornado um dos principais compradores de petróleo desses países, driblando sanções ocidentais.
Esse movimento interfere diretamente no preço do petróleo, ao alterar a dinâmica da oferta e demanda global. As compras chinesas mantêm a Rússia financeiramente ativa em meio às sanções impostas pela guerra com a Ucrânia, e ampliam a pressão sobre o mercado ocidental, que busca reduzir a dependência de fontes instáveis ou politicamente sensíveis.
A postura dos Estados Unidos nas negociações com a China será determinante para as próximas semanas, podendo influenciar fortemente os preços, caso haja restrições ou acordos envolvendo os fluxos comerciais energéticos.
Guerra na Ucrânia ainda influencia preço do petróleo
A guerra entre Rússia e Ucrânia continua sendo um dos fatores estruturais mais relevantes para o comportamento do preço do petróleo. O conflito, que já ultrapassa dois anos, mantém instável o fornecimento da commodity por parte da Rússia, uma das maiores produtoras globais. Sanções, bloqueios e incertezas logísticas dificultam previsões de médio e longo prazo sobre a produção e exportação russas.
Além disso, as possíveis reações militares ou diplomáticas ao avanço da guerra podem alterar significativamente o volume de petróleo disponível no mercado. A expectativa de cortes de produção, interrupções no transporte marítimo e mudanças em alianças políticas internacionais deixa o mercado em constante estado de alerta.
Situação fiscal da Pemex e seus reflexos regionais
No México, o Ministério da Fazenda anunciou uma operação de transação de dívida com o objetivo de fortalecer as finanças da estatal Petróleos Mexicanos (Pemex). A medida busca garantir o cumprimento de obrigações de curto prazo e preservar a capacidade de produção da empresa, que é uma das principais fornecedoras de petróleo da América Latina.
Qualquer movimentação da Pemex tem impacto regional sobre o preço do petróleo, especialmente no mercado americano e latino-americano. Se a estatal conseguir estabilizar sua situação financeira, o fornecimento tende a se manter constante. Caso contrário, problemas estruturais podem pressionar os preços pela redução na oferta.
Perspectivas para o mercado de petróleo nos próximos meses
Com múltiplos fatores geopolíticos em jogo — incluindo negociações tarifárias, conflitos internacionais, disputas comerciais e reestruturações fiscais — o mercado de petróleo deve continuar apresentando volatilidade. Embora o preço do petróleo tenha encerrado o dia praticamente estável, isso reflete um momento de espera e observação por parte dos investidores.
A tendência para os próximos meses dependerá fortemente de quatro vetores principais:
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Desfecho das negociações tarifárias entre EUA e União Europeia
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Atitude dos EUA em relação às compras chinesas de petróleo da Rússia e Irã
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Cenário fiscal e operacional da Pemex
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Avanço ou retrocesso da guerra na Ucrânia
Diante dessas variáveis, os analistas apontam que o mercado poderá alternar entre momentos de alta e baixa, dependendo da evolução desses contextos.
Estabilidade momentânea esconde riscos futuros
Apesar de o preço do petróleo ter se mantido próximo da estabilidade neste fechamento de mercado, os riscos para o setor continuam presentes e podem se intensificar a qualquer momento. As decisões políticas e econômicas nas principais economias do mundo são hoje os maiores influenciadores do preço da commodity, mais do que a própria oferta física.
A imprevisibilidade desses fatores exige atenção constante de investidores, governos e empresas do setor energético. Qualquer desdobramento inesperado pode causar oscilações abruptas, com efeitos globais nos preços da gasolina, do diesel e até da inflação de alimentos e transportes.






