O governo peruano deve abrir uma investigação contra a presidente Dina Boluarte por suposto plágio parcial de um livro sobre direitos humanos do qual ela é coautora. A publicação, lançada há quase duas décadas, foi denunciada por uma mídia local por apresentar semelhanças com textos de outros trabalhos acadêmicos.
Assinado pela presidente e por outras sete pessoas, o livro “O reconhecimento dos direitos humanos e do direito internacional”, de 176 páginas, foi submetido ao software antiplágio da Turnitin e o teste teria encontrado 55% de semelhanças com textos não citados na publicação, de acordo com informações da imprensa local.
“Esta denúncia, como todas as que ocorreram durante nosso governo, será investigada”, disse a jornalistas o primeiro-ministro peruano, Alberto Otárola, reiterando a honestidade e conduta ética da presidente. O Ministério Público ainda não anunciou uma investigação formal contra Boluarte, que também não se pronunciou sobre o assunto.
Não é o primeiro caso de um presidente do Peru sobre o qual recaem as suspeitas de plágio. Seu antecessor, Pedro Castillo, e sua esposa, Lilia Paredes, estão sendo investigados pelo Ministério Público depois que a emissora de televisão Pan-Americana afirmou, em 2022, que o casal copiou mais da metade de uma dissertação de mestrado publicada em 2012. A dissertação, sobre educação, teve suas 121 páginas submetidas ao programa antiplágio Turnitin e apresentou 54% de semelhanças com outros textos acadêmicos.
No Peru, o crime de plágio pode ser punido com até oito anos de prisão. Em 2009, um tribunal local condenou o escritor Alfredo Bryce Echenique a pagar multa por plagiar 16 artigos de jornal de 15 autores diferentes. Boluarte foi vice-presidente durante o mandato de Castillo (2021-2022) e o substituiu em dezembro do ano passado, depois que Castillo foi afastado do cargo após uma tentativa de dissolver o Parlamento para evitar uma votação contra ele. Em seus primeiros meses no cargo, Boluarte enfrentou semanas de protestos de cidadãos pedindo sua renúncia, nos quais 49 civis foram mortos em confrontos com forças de segurança, 11 civis morreram em acidentes de trânsito ou bloqueios de estradas causados pelos manifestantes e sete policiais também perderam a vida.
Primeira mulher a presidir o país, Boluarte tem afirmado que governará até o fim de seu mandato, em 2026. (Com agências internacionais)