Com o ano chegando ao fim, além das festas de confraternização e preparativos para o Natal, surge uma oportunidade de destaque para os investidores: a previdência privada. Os fundos PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), uma das modalidades da previdência privada, oferecem benefícios fiscais, permitindo uma dedução de até 12% na renda bruta anual tributável do investidor no Imposto de Renda. Contudo, vale a pena para todos os perfis de renda?
O prazo para aproveitar esse benefício em 2023 vai até o dia 29 de dezembro. Essa vantagem tributária costuma impulsionar os investimentos em previdência nesta época do ano, como indicam dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que mostram um aumento de 5,1% no patrimônio líquido dos fundos de previdência em dezembro de 2022, comparado a setembro do mesmo ano.
Entender como funciona esse benefício é crucial. Os fundos de previdência privada são investimentos de longo prazo, com vantagens tributárias notáveis. A alíquota mínima de Imposto de Renda (IR) para investimentos acima de 10 anos é de 10%, enquanto em outros ativos, como o Tesouro Direto, essa alíquota é de 15%. Existem duas modalidades: PGBL e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre).
A diferença principal está na tributação. Enquanto no VGBL o IR incide apenas sobre os rendimentos, no PGBL, o imposto é cobrado sobre o valor total investido. Isso possibilita ao investidor reduzir a base de cálculo do IR, permitindo uma dedução de até 12% da renda bruta anual tributável. Por exemplo, um investimento de 12% da renda bruta anual em um PGBL pode ser inserido como despesa dedutível do IR.
No entanto, essa estratégia não é indicada para todos os investidores. A decisão de investir em previdência privada deve ser avaliada considerando a renda mensal, o tempo que o recurso ficará alocado e outros fatores. Especialistas alertam que, para que os benefícios tributários sejam eficazes, o investimento precisa ser de longo prazo.
Danilo Carrillo, especialista de previdência e seguros na Warren Investimentos, ressalta que a contratação ou aporte em planos PGBL não é benéfica para resgates de curto prazo, pois a alíquota de IR será alta e incidirá sobre o saldo total (contribuições + rentabilidade).
Outro ponto a ser considerado é a faixa de rendimento. Para investidores com renda mensal baixa que podem optar pela declaração simplificada do IR, pode ser mais vantajoso evitar o PGBL. Victor Oliveira, head de alocação da Grão Investimentos, destaca que a estratégia começa a fazer sentido para quem tem renda mensal tributável superior a R$ 10 mil.
Além disso, Oliveira ressalta a importância de avaliar o rendimento dos fundos de previdência e as taxas cobradas, já que esses fatores podem impactar o desempenho do investimento. Ele alerta que a maioria dos fundos de previdência, cerca de 54% do mercado, não supera nem mesmo 100% do CDI, cobrando taxas que variam de 2% a 5%.
Investir em previdência privada pode ser uma estratégia interessante, mas cada investidor deve analisar sua situação financeira e objetivos para tomar decisões informadas sobre seu portfólio de investimentos. O prazo para aproveitar os benefícios fiscais em 2023 está se encerrando, e os investidores devem considerar todas as variáveis antes de tomar decisões financeiras importantes.