Mercado financeiro projeta inflação acima da meta para 2025 e 2026, e dólar pode alcançar R$ 6, aponta Banco Central
As projeções econômicas mais recentes divulgadas pelo Banco Central nesta segunda-feira (13) reforçam um cenário desafiador para os próximos anos. De acordo com o relatório “Focus”, elaborado a partir de consultas a mais de 100 instituições financeiras, o mercado prevê inflação acima do teto da meta em 2025 e 2026, além de estimativas de alta para o dólar e manutenção de juros elevados.
Inflação em alta preocupa mercado financeiro
As expectativas de inflação para 2025 subiram de 4,99% para 5%, enquanto para 2026 o índice avançou de 4,03% para 4,05%. Ambas as projeções superam o teto da meta de inflação estipulada para os respectivos anos, que será de 3%, com tolerância de 1,5% a 4,5% no sistema de meta contínua a partir de 2025.
O Banco Central, por sua vez, continuará ajustando a taxa Selic para tentar manter a inflação dentro dos limites previstos. Contudo, os impactos dessas decisões monetárias são graduais e levam de seis a 18 meses para refletir plenamente na economia.
Se as metas de inflação forem descumpridas por seis meses consecutivos, o presidente do Banco Central será obrigado a enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos. Foi o que ocorreu recentemente, com Gabriel Galípolo justificando o descumprimento da meta de 2024 por fatores como atividade econômica elevada, depreciação cambial e condições climáticas extremas.
Dólar em R$ 6 até 2026: projeções para o câmbio
Outro ponto de destaque é a previsão para o dólar. O mercado financeiro manteve estável a expectativa de que a moeda norte-americana termine 2025 em R$ 6. Para 2026, a estimativa subiu ligeiramente de R$ 5,90 para R$ 6, reforçando a percepção de pressão cambial nos próximos anos.
Selic deve permanecer elevada
A taxa básica de juros, que atualmente é utilizada como principal instrumento de controle inflacionário, também deve seguir em patamares altos. A projeção para o fechamento de 2025 permanece em 15% ao ano. Para 2026, a estimativa se manteve em 12%, enquanto para 2027 houve um leve aumento, de 10% para 10,25%.
Os economistas destacam que, com juros elevados, o crédito se torna mais caro, desestimulando o consumo e contribuindo para o controle da inflação. Por outro lado, isso impacta negativamente o crescimento econômico e a renda das famílias.
Crescimento econômico mantém previsões modestas
O Produto Interno Bruto (PIB), que mede o desempenho econômico do país, também teve suas previsões analisadas. Para 2025, o mercado manteve a estimativa de crescimento em 2,02%, mesmo após o PIB do terceiro trimestre superar expectativas, com uma alta de 0,9%. Já para 2026, a previsão de crescimento econômico permaneceu em 1,80%.
A estabilidade das projeções reflete uma visão cautelosa diante de um cenário global ainda incerto e de possíveis impactos de políticas econômicas internas.
Outros indicadores econômicos
Além de inflação, câmbio e PIB, o relatório “Focus” também trouxe estimativas para outros indicadores importantes:
- Balança comercial: Para 2025, o saldo previsto caiu de US$ 74,2 bilhões para US$ 73,9 bilhões. Para 2026, a estimativa de superávit passou de US$ 78 bilhões para US$ 77 bilhões.
- Investimento estrangeiro direto: O ingresso de investimentos estrangeiros diretos no Brasil deve se manter estável, com projeções de US$ 70 bilhões para 2025 e US$ 75 bilhões para 2026.
Impactos no dia a dia do consumidor
O cenário econômico projetado reforça desafios para o bolso dos brasileiros. A inflação elevada significa perda do poder de compra, especialmente para as famílias de renda mais baixa, uma vez que o aumento dos preços não é acompanhado pelo crescimento proporcional dos salários.
Com juros altos, o crédito também se torna mais caro, dificultando o acesso ao financiamento e freando o consumo. Além disso, a perspectiva de um dólar mais caro pode pressionar ainda mais os preços de produtos importados, como eletrônicos, medicamentos e insumos industriais, gerando reflexos em diversos setores.
As previsões do mercado financeiro destacam a necessidade de políticas econômicas cautelosas e alinhadas para equilibrar inflação, crescimento econômico e estabilidade cambial nos próximos anos. Com desafios como o dólar acima de R$ 6 e inflação persistente, o Banco Central e o governo federal terão de trabalhar em conjunto para minimizar os impactos sobre a população e a economia.
Esses números reforçam a importância de o Brasil buscar soluções que combinem responsabilidade fiscal, incentivo à produção nacional e medidas que protejam os mais vulneráveis em um ambiente de instabilidade econômica global.