Câmara de São Paulo Aprova Aumento Salarial de Até 37% para Vereadores: Entenda os Impactos e as Justificativas
Na última terça-feira, dia 12, os vereadores da cidade de São Paulo aprovaram um aumento significativo em suas remunerações. A resolução estabelece um reajuste de até 37% nos salários, que passará a valer a partir de janeiro de 2025. Com a decisão, os vereadores paulistanos, que atualmente recebem um salário de R$ 18.991,68, terão um incremento substancial: em janeiro, a remuneração sobe para R$ 24.754,79, representando um aumento de 30%, e em fevereiro, o valor será ajustado para R$ 26.080,98, configurando um aumento total de 37%.
Esse reajuste gerou um debate intenso na Câmara Municipal de São Paulo, com alguns vereadores se posicionando contrários à medida. Entenda a seguir os principais pontos que motivaram a votação, as reações dos parlamentares e o impacto financeiro do reajuste.
Detalhes do Reajuste Salarial: Percentuais e Datas de Aplicação
O reajuste será implementado em duas fases:
- Janeiro de 2025: salário de R$ 24.754,79 (aumento de 30%);
- Fevereiro de 2025: salário de R$ 26.080,98 (aumento total de 37%).
Esse aumento leva os rendimentos dos vereadores ao limite estabelecido pela Constituição Federal para municípios com mais de 500 mil habitantes, como São Paulo, onde o salário dos vereadores não pode exceder 75% da remuneração dos deputados estaduais. A partir de fevereiro de 2025, os deputados estaduais de São Paulo terão uma remuneração de R$ 34.755,64, o que confirma que o novo valor está dentro dos limites legais.
Votação e Posições Contrárias ao Reajuste
A votação foi simbólica, ou seja, não registrou a contagem de votos, mas alguns parlamentares expressaram publicamente sua oposição. Os sete vereadores que votaram contra o reajuste são:
- Celso Giannazi (PSOL)
- Elaine do Quilombo Periférico (PSOL)
- Fernando Holiday (PL)
- Jussara Basso (PSB)
- Luana Alves (PSOL)
- Professor Toninho Vespoli (PSOL)
- Sílvia da Bancada Feminista (PSOL)
Toda a bancada do PSOL votou contra o reajuste. A vereadora Luna Zarattini (PT), por sua vez, optou por abster-se da votação, não registrando voto a favor nem contra a resolução.
Os vereadores contrários ao aumento argumentam que o reajuste não condiz com o momento econômico atual, no qual muitos brasileiros enfrentam dificuldades financeiras. Além disso, o aumento ocorre em um momento em que a Câmara Municipal já recebe críticas quanto ao uso dos recursos públicos.
Histórico de Reajustes Salariais na Câmara Municipal
O último aumento salarial para os vereadores de São Paulo havia sido aprovado em 2016. Naquela ocasião, o reajuste foi autorizado em um cenário diferente do atual. Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, quando o país enfrentava uma crise econômica e sanitária, a Câmara decidiu por não aplicar aumentos em respeito à situação delicada vivida pela população.
A atual resolução destaca que, desde janeiro de 2017, não houve qualquer correção no salário dos vereadores, apesar de a inflação acumulada no período até outubro de 2024 ter alcançado 47,34%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em nota, a assessoria da Câmara Municipal justificou que o novo reajuste segue os critérios constitucionais e que, embora eleva o salário dos vereadores, o percentual ainda fica abaixo do índice inflacionário acumulado.
Impacto Financeiro e Justificativas da Câmara Municipal
Para sustentar a proposta, a Câmara realizou um relatório de impacto orçamentário, que estima um acréscimo anual de R$ 6,3 milhões nas despesas da Casa em virtude dos novos salários dos vereadores. Esse montante é visto por muitos como alto, especialmente em um período onde há cobranças por maior austeridade no uso de recursos públicos.
A Câmara, no entanto, afirma que o reajuste é uma medida necessária para manter a remuneração dos parlamentares de acordo com a Constituição, considerando a defasagem salarial devido à ausência de correções nos últimos anos. O comunicado oficial destaca que o aumento aprovado está alinhado aos critérios legais e que se trata de uma atualização que visa adequar o salário ao teto permitido, de 75% dos subsídios dos deputados estaduais.
Reação Pública e Controvérsias
A decisão de aumentar os salários dos vereadores de São Paulo repercutiu nas redes sociais e na mídia, gerando opiniões divididas. Muitos cidadãos questionam a necessidade do reajuste, principalmente em um cenário onde a população sofre com o aumento do custo de vida e o elevado índice de desemprego.
Grupos de ativistas e alguns políticos defendem que os recursos públicos poderiam ser melhor aplicados em setores essenciais, como saúde, educação e segurança. O aumento salarial dos vereadores em São Paulo é frequentemente debatido, pois a Câmara Municipal é uma das casas legislativas mais bem remuneradas do país.
O Papel do Reajuste e a Lei que Define os Subsídios
A Constituição Federal estabelece que as câmaras municipais têm autonomia para definir a remuneração de seus parlamentares, respeitando o teto de até 75% do subsídio dos deputados estaduais em municípios com mais de 500 mil habitantes. Em São Paulo, maior cidade do Brasil, essa regra é aplicada ao limite, considerando a importância e a representatividade dos vereadores na condução das políticas públicas locais.
Ainda que o reajuste seja um direito dos parlamentares, ele também carrega a responsabilidade de equilibrar as finanças públicas e responder às demandas populares por uma gestão transparente e eficiente.
O reajuste salarial dos vereadores de São Paulo para 2025 coloca em pauta a importância de equilibrar o reconhecimento pelo trabalho dos parlamentares com o momento econômico enfrentado pela sociedade. Com a decisão, a Câmara Municipal reafirma seu compromisso em seguir a legislação, mas também enfrenta o desafio de justificar essa elevação de gastos em um contexto de constante vigilância por parte da sociedade civil.
A expectativa é que o impacto do reajuste seja acompanhado de uma gestão cada vez mais responsável e transparente, que mostre à população paulistana o compromisso dos vereadores com a melhoria dos serviços públicos e o uso eficiente dos recursos.