Nesta sexta-feira, 4 de outubro, os mercados financeiros voltam suas atenções para o aguardado relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, que deve dar sinais importantes sobre o estado da maior economia do mundo e influenciar diretamente as expectativas para a política monetária americana. Além disso, o discurso do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, e o impacto crescente da guerra no Oriente Médio sobre as commodities, especialmente o petróleo, também são destaques.
No Brasil, os investidores estarão atentos aos dados da balança comercial de setembro, enquanto o cenário político ganha relevância com a proximidade do primeiro turno das eleições municipais.
O papel do payroll e as expectativas para os EUA
O relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, é um dos indicadores econômicos mais observados no mundo financeiro, pois reflete diretamente a saúde do mercado de trabalho americano. Os números revelados nesta sexta-feira são especialmente importantes devido às discussões sobre o possível ritmo de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Em setembro, o Fed reduziu as taxas de juros em 50 pontos-base (pb), e o presidente do banco central americano, Jerome Powell, indicou que mais dois cortes de 25 pb devem ocorrer em 2024. No entanto, Powell deixou claro que novos cortes mais expressivos podem ser realizados caso os dados de emprego surpreendam negativamente.
A mediana das projeções aponta que foram criados 140 mil novos empregos em setembro, um número ligeiramente inferior aos 142 mil postos gerados em agosto. Além disso, espera-se uma elevação de 0,3% no salário médio por hora, com a taxa de desemprego permanecendo em 4,2%. Esses dados serão cruciais para calibrar as expectativas do mercado em relação à política monetária americana.
Tensão no Oriente Médio e impacto nas commodities
Outro fator que tem gerado grande volatilidade nos mercados internacionais é a escalada do conflito no Oriente Médio, que impacta diretamente o preço do petróleo. Nos últimos dias, os preços da commodity registraram uma alta constante, chegando a subir 5% na quinta-feira, 3 de outubro, diante do aumento das preocupações com a oferta global de petróleo e seus efeitos sobre a inflação.
Embora até o momento não se confirmem os rumores de que Israel possa atacar instalações petrolíferas iranianas, a tensão geopolítica mantém os investidores em alerta. Um conflito dessa magnitude pode desestabilizar o mercado de petróleo de forma significativa, provocando novas altas no preço e, consequentemente, pressionando a inflação global.
Além do petróleo, outra commodity importante no cenário internacional, o minério de ferro, apresentou queda de 0,20% nas negociações em Cingapura nesta sexta-feira. O mercado chinês, maior consumidor da matéria-prima, ainda se encontra fechado até a próxima segunda-feira, o que contribui para a volatilidade.
Mercados financeiros internacionais e a reação ao payroll
Nos mercados internacionais, o cenário é de cautela. As bolsas ocidentais iniciaram o dia em alta, impulsionadas pelos rendimentos dos títulos da dívida americana (Treasuries) de curto e médio prazo, que subiram à espera do relatório de empregos. Na Europa, os mercados tentam se distanciar das tensões no Oriente Médio, buscando uma recuperação tímida.
Os investidores europeus adotam uma postura mais conservadora diante dos riscos geopolíticos, enquanto aguardam o desenrolar dos eventos nos Estados Unidos e o impacto que o payroll poderá ter nos mercados de ações e títulos.
O impacto no mercado brasileiro
No Brasil, a agenda interna relativamente esvaziada contribui para uma maior influência dos fatores internacionais sobre o mercado local. Com a alta do petróleo e a aparente melhora no sentimento de risco global, espera-se uma abertura mais positiva no mercado brasileiro. Contudo, a reação ao relatório de empregos americano nas próximas horas deverá direcionar os ajustes dos ativos financeiros no país.
Outro ponto de atenção é a balança comercial brasileira de setembro. As estimativas do mercado indicam um superávit comercial de US$ 4,7 bilhões, após saldo positivo de US$ 4,828 bilhões em agosto. Em setembro de 2023, o superávit foi de US$ 9,181 bilhões, o que sugere uma desaceleração nas exportações do país, possivelmente impactadas pela queda dos preços internacionais de commodities.
Além disso, os investidores estarão atentos à medida provisória do governo que institui um adicional à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), como parte de uma adaptação da legislação brasileira às Regras Globais Contra a Erosão da Base Tributária (Regras Globe). A expectativa de arrecadação com a medida ainda não foi divulgada, mas o impacto sobre as empresas pode ser relevante.
Expectativas para os próximos dias
Com a agenda econômica desta sexta-feira concentrada principalmente nos desdobramentos do relatório de empregos dos EUA e na evolução da guerra no Oriente Médio, os investidores devem continuar atentos aos impactos que esses eventos podem gerar sobre os preços das commodities e a inflação global.
No Brasil, a proximidade do primeiro turno das eleições municipais e a divulgação dos dados da balança comercial também trarão volatilidade ao mercado financeiro. O cenário internacional continua a ditar o ritmo dos ativos, mas a atenção às questões domésticas se intensifica à medida que os dados econômicos locais começam a ser divulgados e a incerteza política aumenta.