Os shoppings brasileiros estão experimentando uma recuperação notável após anos de prejuízos, em contraste com a luta enfrentada por varejistas devido a altas dívidas e intensa concorrência online. O destaque recente inclui um aumento significativo nas ações da Allos (ALOS3), que subiram quase 60% neste ano, marcando o maior salto anual desde 2019. Empresas similares, como Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11), também registraram ganhos de cerca de 30%, superando o desempenho do Ibovespa, índice de referência da bolsa de valores brasileira.
Essa revitalização é impulsionada por uma retomada dos lucros, prevista para continuar à medida que o crescimento econômico se acelera e as taxas de juros diminuem. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) estima que as vendas de Natal atingiram R$ 70 bilhões em 2023, representando um aumento de 5,6% em relação ao ano anterior.
Esse renascimento contrasta com a situação nos Estados Unidos, onde os hábitos de consumo têm se voltado para serviços e experiências, diminuindo a movimentação nos shoppings. No Brasil, a dinâmica é diferente, com os shoppings se adaptando ao oferecer não apenas lojas, mas também salões de beleza e academias, o que tem contribuído para o sucesso do setor.
O desempenho positivo dos shoppings é notável diante das dificuldades enfrentadas pelos gigantes do varejo brasileiro, que lidam com altas taxas de juros e maior escrutínio após eventos como o colapso surpresa da Americanas (AMER3) em janeiro. Enquanto varejistas como Casas Bahia (BHIA3) tiveram que lidar com desafios significativos, as ações de empresas de shopping center superam em desempenho as de varejistas na bolsa brasileira desde o início de 2023.
Os investidores também estão mostrando mais conforto em deter dívidas de operadores de shopping, que possuem imóveis como garantia, em comparação com varejistas que têm poucos ativos físicos. Algumas redes de moda brasileiras, encontradas em shoppings, como Vivara (VVAR3) e C&A (CEAB3), também têm apresentado desempenho superior, destacando-se no setor de vestuário.
Para 2024, as perspectivas para os shoppings brasileiros são otimistas, com projeções de resultados fortes. A adaptabilidade do setor, oferecendo uma variedade de serviços além das lojas tradicionais, é citada como um fator crucial para o sucesso contínuo dos shoppings no Brasil.