Em meio a temperaturas elevadas, o consumo de energia elétrica atinge picos, impactando diretamente as contas de luz dos consumidores. No entanto, para algumas empresas do setor elétrico, essa onda de calor se traduz em receitas mais robustas no curto prazo.
O mercado elétrico na Bolsa de Valores se divide em três segmentos principais: geração, transmissão e distribuição. As distribuidoras, responsáveis por levar a energia ao consumidor final, são as mais beneficiadas durante períodos de alta temperatura, conforme destacado por Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord Research. O aumento no consumo impulsiona as receitas dessas empresas.
No entanto, os especialistas alertam para a necessidade de uma análise detalhada, considerando as particularidades de cada empresa. Empresas localizadas em regiões mais complexas, como Light no Rio de Janeiro, Coelba na Bahia e Celpe em Pernambuco, podem enfrentar desafios como aumento de atraso em contas e furtos devido ao aumento do consumo.
Além das distribuidoras, o segmento de geração, com ênfase nas companhias térmicas, também se destaca. Em momentos de estresse no sistema elétrico, as termoelétricas entram em operação para suprir a demanda. Empresas com exposição a termoelétricas podem se beneficiar significativamente nesses períodos.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, destaca a Eneva (ENEV3) como a principal beneficiada da temporada de calor, devido à sua geração variável de receitas durante os despachos. Os números recentes confirmam essa tendência, com as ações da Eneva apresentando uma valorização significativa em novembro.
Apesar dos benefícios no curto prazo, alguns analistas adotam uma abordagem mais cautelosa, indicando que os reajustes tarifários pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) podem ocorrer com certo atraso. Daniel Nigri, analista e fundador da Dica de Hoje Research, enfatiza que, mesmo que as receitas aumentem nos próximos meses, pode não ser suficiente para compensar os custos adicionais das distribuidoras.
No contexto das empresas de transmissão, os analistas apontam que não há mudanças significativas diante de altas temperaturas, pois essas empresas geralmente operam com contratos de longo prazo e remunerações fixas.
Em relação às oportunidades de investimento, analistas destacam algumas empresas do setor elétrico. A CPFL Energia (CPFE3), uma holding híbrida que atua nos segmentos de geração, transmissão e distribuição, é recomendada por sua capacidade de entrega de dividendos, com projeções de dividend yield atrativas para os próximos anos. Outras empresas como Omega Energia (MEGA3), Equatorial (EQTL3) e Energisa (ENGI3) também são apontadas como boas opções para investidores.
Apesar do cenário aquecido no curto prazo, os analistas enfatizam a importância de considerar os fundamentos ao fazer escolhas de investimento a longo prazo, especialmente para aqueles que buscam gerar renda com dividendos. Ainda é cedo para determinar os efeitos no mercado elétrico no longo prazo, e a análise criteriosa continua sendo crucial para tomar decisões informadas.