Mercados iniciam a semana em alta com expectativas de acordo bipartidário no Congresso norte-americano
As bolsas globais iniciam a semana em tom positivo nesta segunda-feira (10), impulsionadas pela expectativa de que o Congresso norte-americano esteja próximo de encerrar o shutdown nos EUA, que já se arrasta por semanas. O Senado deu um passo importante ao aprovar uma medida processual que pode destravar o impasse e permitir a reabertura do governo, trazendo otimismo aos mercados internacionais.
O acordo bipartidário conta com o apoio de parte dos democratas e republicanos e ainda precisa ser votado definitivamente no Senado e na Câmara dos Representantes antes de seguir para a sanção do presidente Donald Trump. Caso aprovado, encerrará a paralisação mais longa da história recente dos Estados Unidos.
Fim do impasse traz alívio aos investidores
O possível desfecho positivo do shutdown nos EUA é visto como um ponto de inflexão pelos investidores, que voltariam a ter acesso a dados econômicos oficiais — especialmente sobre emprego, inflação e produção industrial — fundamentais para calibrar as expectativas em torno dos próximos passos do Federal Reserve (Fed) na política monetária.
Durante o período de paralisação, os mercados enfrentaram escassez de informações econômicas confiáveis, o que dificultou a leitura sobre a saúde da economia americana. Com a reabertura do governo, o retorno das publicações oficiais deve restabelecer a previsibilidade necessária para os investidores.
Mesmo com o otimismo renovado, os analistas mantêm certa cautela após a forte correção nas ações de tecnologia na semana passada, que reacendeu preocupações sobre as altas avaliações das empresas do setor.
Sessão asiática fecha em alta
As principais bolsas da Ásia encerraram a segunda-feira em terreno positivo, revertendo parte das perdas recentes. O desempenho foi puxado por ações de tecnologia e empresas ligadas à inteligência artificial, que vinham de uma semana de forte correção.
- Shanghai SE (China): +0,53%
- Nikkei (Japão): +1,26%
- Hang Seng Index (Hong Kong): +1,55%
- Nifty 50 (Índia): +0,43%
- ASX 200 (Austrália): +0,75%
O movimento foi impulsionado por expectativas de que o acordo nos Estados Unidos possa melhorar o sentimento global e reduzir o risco sistêmico associado ao prolongamento da paralisação do governo norte-americano.
Europa acompanha otimismo
Na Europa, os índices abriram em alta, refletindo o alívio dos investidores com as notícias vindas de Washington. A perspectiva de um pacote de financiamento que coloque fim à paralisação nos EUA impulsionou os principais mercados do continente.
- STOXX 600: +1,00%
- DAX (Alemanha): +1,39%
- FTSE 100 (Reino Unido): +0,50%
- CAC 40 (França): +0,97%
- FTSE MIB (Itália): +1,29%
A expectativa é que o avanço do acordo bipartidário contribua para um cenário global mais estável, beneficiando principalmente as bolsas europeias e os ativos de maior risco.
Índices futuros dos EUA sobem
Os índices futuros de Nova York também operam em alta na manhã desta segunda-feira, com os investidores reagindo ao avanço das negociações no Congresso.
- Dow Jones Futuro: +0,22%
- S&P 500 Futuro: +0,75%
- Nasdaq Futuro: +1,29%
A melhora do sentimento vem após uma semana de forte volatilidade, especialmente no setor de tecnologia. Analistas avaliam que o fim do shutdown nos EUA ajudaria a restaurar a confiança dos investidores e a reduzir as incertezas sobre o ritmo dos cortes de juros pelo Fed.
Efeito sobre política monetária americana
A paralisação do governo interrompeu a divulgação de relatórios fundamentais, como o payroll (relatório de emprego) e o índice de preços ao consumidor, usados pelo Federal Reserve para calibrar as decisões de política monetária. O atraso desses dados gerou divergências entre analistas e dirigentes do Fed sobre a trajetória da inflação e o momento adequado para um novo corte de juros.
Enquanto indicadores privados apontaram para uma desaceleração na criação de vagas, declarações de dirigentes do banco central americano reforçaram a necessidade de prudência antes de qualquer movimento adicional na taxa básica de juros.
Com o possível fim do shutdown nos EUA, o retorno das estatísticas oficiais deve permitir uma leitura mais clara sobre a força da economia e reduzir a volatilidade nos mercados de renda variável e renda fixa.
Ibovespa renova recorde histórico
Na última sexta-feira (7), o Ibovespa encerrou o pregão com alta de 0,47%, atingindo 154.063 pontos — o décimo recorde consecutivo e a maior sequência de ganhos desde 1994. O desempenho foi sustentado pelos resultados corporativos e pela valorização das commodities.
O destaque ficou por conta da Petrobras (PETR3; PETR4), que reportou lucro líquido de US$ 6,03 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 2,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A estatal anunciou ainda o pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos, impulsionando as ações ordinárias (PETR3) em 4,83% e as preferenciais (PETR4) em 3,77%.
O preço do petróleo também contribuiu para o avanço, com o Brent subindo 0,55% e o WTI avançando 0,72%, refletindo o otimismo global com a possível normalização do cenário político nos Estados Unidos.
Agenda econômica desta segunda-feira
A agenda do dia concentra indicadores e eventos relevantes para o mercado financeiro brasileiro e internacional:
Indicadores
- 08h00 – FGV: Prévia do IPC-S
- 08h25 – BC: Boletim Focus
- 15h00 – Secex: Balança comercial semanal
Eventos
- Abertura oficial da COP30 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
- Participação de Galípolo e Picchetti nas reuniões bimestrais do BIS, em Basileia
- Cúpula Celac-EU na Colômbia
- 10h00 – Banco Central: coletiva sobre regulamentação de negociação com ativos virtuais
Balanços após o fechamento
Empresas: Azzas, Braskem, Even, Itaúsa, MBRF, Movida, Natura, Sabesp e São Martinho.
Perspectivas para os próximos dias
Com o avanço das negociações no Congresso americano e a expectativa de fim do shutdown nos EUA, o cenário tende a se estabilizar nos mercados internacionais. No entanto, os analistas alertam que a volatilidade deve persistir no curto prazo, especialmente diante da ausência de confirmação de um cronograma para a votação final do projeto de lei.
O comportamento do dólar e dos rendimentos dos Treasuries será determinante para o ritmo dos mercados emergentes, incluindo o Brasil. Caso o acordo seja confirmado e os dados econômicos americanos voltem a ser publicados, o foco dos investidores retornará para o debate sobre o ritmo dos cortes de juros pelo Fed até o final do ano.






