Em uma decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF) deliberou nesta terça-feira (25) pela descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, encerrando um julgamento que se arrastava há nove anos. A votação, que terminou com um placar de 8 votos a favor e 3 contra, tem repercussões significativas para a legislação brasileira e para a abordagem das políticas de drogas no país.
O Que Significa a Decisão?
Com a decisão do STF, o porte de maconha para uso pessoal não será mais considerado crime. No entanto, é importante ressaltar que o uso da droga em público continuará sendo proibido. As punições associadas ao porte serão de natureza administrativa, não mais criminal, o que significa que os usuários não estarão sujeitos a inquéritos policiais ou processos judiciais que poderiam resultar em antecedentes criminais ou obrigações de cumprimento de serviços comunitários.
Definição da Quantidade para Uso Pessoal
A definição exata da quantidade de maconha que caracterizará o uso pessoal ainda está pendente e será decidida na próxima sessão do STF. Até o momento, os votos indicam que a medida deve ser estabelecida entre 25 e 60 gramas da substância, ou o cultivo de até seis plantas fêmeas de cannabis.
Contexto Legal e Constitucionalidade
O julgamento questionou a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que estabelece penas alternativas para usuários de drogas, mas mantém a criminalização do porte. A maioria dos ministros decidiu manter a validade da lei, porém alterando a natureza das punições para os usuários, que não serão mais de caráter criminal.
Posicionamento do Supremo e Debate Público
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, destacou que a decisão não implica na legalização da maconha, mas sim em uma mudança na abordagem para lidar com o consumo de drogas no Brasil. Barroso enfatizou a necessidade de estratégias mais eficazes diante do aumento do consumo e do poder do tráfico.
Votos e Posições dos Ministros
O julgamento teve início em 2015 com o voto do relator, ministro Gilmar Mendes, que inicialmente defendeu a descriminalização do porte de qualquer tipo de droga. No entanto, ao longo dos anos e após os votos dos demais ministros, a decisão foi restringida especificamente à maconha, com propostas para diferenciar usuários de traficantes através da quantidade possuída.
Ministros como Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Cristiano Zanin, André Mendonça e Nunes Marques manifestaram apoio à definição de uma quantidade específica para diferenciar o usuário do traficante, enquanto alguns mantiveram a conduta criminalizada conforme a Lei de Drogas.
A decisão do Supremo Tribunal Federal representa um marco nas políticas de drogas no Brasil, refletindo uma tendência global de tratamento do uso de drogas como uma questão de saúde pública. A definição da quantidade de maconha para uso pessoal, que será finalizada na próxima sessão, é crucial para a implementação efetiva dessa mudança legal.