Taxa Selic: Perspectivas de Alta para 2024 e 2025
O Boletim Focus do Banco Central, divulgado semanalmente, aponta que a taxa Selic poderá chegar a 11,75% no final de 2024, mantendo-se nesse patamar pela quarta semana consecutiva. O relatório indica a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) optar por um aumento de 0,5 ponto percentual nas duas últimas reuniões do ano, previstas para 6 de novembro e 11 de dezembro. Essa decisão vem na esteira de uma elevação anterior de 0,25 ponto, consolidada em setembro de 2024, quando a Selic foi ajustada de 10,50% para 10,75%.
A projeção para a Selic no final de 2025 também permanece inalterada, com uma mediana de 11,25%. Esse cenário reflete as expectativas do mercado quanto ao espaço limitado para reduções substanciais nos juros a curto prazo, dada a pressão inflacionária e a instabilidade das expectativas de IPCA. Segundo analistas, a elevação das taxas reflete uma tentativa do Banco Central de combater a alta de preços, que se mostra persistente.
Inflação (IPCA): Expectativa Acima da Meta para 2024 e 2025
A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), permanece acima da meta definida pelo Banco Central para 2024. A mediana do Boletim Focus para o IPCA subiu de 4,50% para 4,55% pela quarta semana consecutiva. Este valor ultrapassa o teto da meta inflacionária para o ano, atualmente estabelecido em 4,50%. Em termos comparativos, o IPCA estava em 4,37% há cerca de um mês.
Para 2025, o cenário permanece igualmente desafiador, com o IPCA estimado em 4,0%, valor também próximo ao limite máximo da meta, de 4,50%, e acima do centro da meta, fixado em 3%. Esses números refletem o desafio que o Banco Central enfrenta para estabilizar a inflação dentro dos parâmetros desejados, especialmente em um ambiente econômico marcado por pressões de custos e expectativas inflacionárias desancoradas. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central até o final de 2024, poderá enfrentar um novo período de descumprimento da meta, o que exigiria uma carta explicativa ao Conselho Monetário Nacional (CMN).
Produto Interno Bruto (PIB): Estabilidade e Crescimento Moderado
A expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 subiu para 3,08%, consolidando uma tendência de três semanas de alta. Esse valor aproxima-se das estimativas do Ministério da Fazenda e do próprio Banco Central, ambos projetando crescimento próximo de 3,20% para o ano. A mediana das projeções indica uma recuperação econômica gradual, impulsionada por setores como o agronegócio e a indústria.
No entanto, para 2025, a previsão de crescimento do PIB permanece estável, com a mediana fixada em 1,93%, uma taxa relativamente baixa que sugere um cenário de crescimento moderado. Em 2026 e 2027, o mercado mantém a expectativa de crescimento estável, com ambas as projeções de PIB em 2,0%, números que permanecem inalterados há mais de 60 semanas. A perspectiva de crescimento econômico a longo prazo, portanto, reflete uma visão conservadora, possivelmente impactada por fatores internos e externos, incluindo a alta de juros e o cenário global de desaceleração.
Câmbio: Expectativa de Alta no Dólar para os Próximos Anos
A projeção de câmbio no Boletim Focus mostra uma tendência de aumento para o dólar em relação ao real, especialmente para o final de 2024 e 2025. A mediana da taxa de câmbio para dezembro de 2024 subiu de R$ 5,42 para R$ 5,45, enquanto a projeção para o final de 2025 permanece em R$ 5,40. Para os anos seguintes, o Boletim Focus também aponta revisões leves nas projeções, elevando a taxa de câmbio para R$ 5,33 em 2026 e R$ 5,35 em 2027, após períodos de estabilidade. Essa elevação nas expectativas de câmbio reflete as incertezas fiscais e a perspectiva de juros elevados, que costumam influenciar a procura por ativos em moeda estrangeira.
O Banco Central alterou, a partir de 2021, a metodologia de cálculo da taxa cambial projetada, baseando-se agora na média para o mês de dezembro, em vez do valor do último dia útil, buscando maior precisão nas estimativas.
Contexto Econômico e Impacto nos Investimentos
Com uma taxa de juros em alta, os investimentos em renda fixa tendem a se tornar mais atrativos, principalmente para aqueles que buscam segurança em meio a um cenário econômico volátil. A renda fixa pós-fixada, indexada ao CDI e ao IPCA, é favorecida em um contexto de juros elevados, oferecendo proteção contra a inflação e uma rentabilidade ajustada à taxa Selic. Analistas apontam que, para 2024, o mercado deve priorizar investimentos de baixo risco, enquanto os ativos prefixados podem enfrentar maior volatilidade devido à incerteza em torno das taxas de juros futuras.
No cenário de ações, a elevação das taxas tende a impactar negativamente a demanda por ativos de risco, uma vez que o custo de oportunidade aumenta, favorecendo investimentos mais conservadores. No entanto, a variação do câmbio pode beneficiar empresas exportadoras, que se beneficiam da desvalorização do real, e setores ligados à exportação, como o agronegócio.
Para investidores estrangeiros, o Brasil permanece atraente como uma opção de diversificação de portfólio, especialmente em um contexto de juros elevados e inflação sob controle. No entanto, a incerteza quanto à estabilidade fiscal e à trajetória econômica a médio prazo representa um fator de risco relevante.