O empreendedorismo feminino segue crescendo e se consolidando como um dos pilares mais fortes da economia brasileira. Dados recentes da Serasa Experian, divulgados em comemoração ao Dia do Empreendedorismo Feminino, revelam que as mulheres à frente de negócios apresentam menor taxa de inadimplência e gestão financeira mais equilibrada em comparação aos homens.
O levantamento, que integra a 5ª edição do Boletim Panorama PME, analisou mais de 23 milhões de empresas ativas no país e traçou um retrato detalhado da presença feminina no setor produtivo nacional.
Mulheres empreendedoras: menor inadimplência e maior equilíbrio financeiro
De acordo com o estudo, apenas 16% das empresas com sócias possuem restrições financeiras ativas, contra 20% das companhias lideradas por homens. Essa diferença representa 20% menos casos de inadimplência entre os negócios comandados por mulheres — um dado que reforça o perfil de responsabilidade e prudência na gestão financeira das empreendedoras brasileiras.
O índice é reflexo direto do cuidado com o controle de gastos, da busca por crédito responsável e da adoção de práticas financeiras sustentáveis. Segundo a análise, as mulheres tendem a avaliar melhor os riscos antes de contrair dívidas e a manter reservas para emergências, o que reduz o impacto de crises econômicas sobre suas empresas.
Score PJ e PF revelam melhor desempenho das mulheres
O Score PJ, que mede a probabilidade de uma empresa honrar seus compromissos financeiros em uma escala de 0 a 1000 pontos, também favorece as mulheres.
Entre os negócios liderados por empreendedoras:
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42% estão nas faixas intermediárias (400 a 600 pontos), ante 38% dos negócios masculinos;
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Nas faixas de maior risco (até 300 pontos), as mulheres representam 32%, contra 33% dos homens;
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Nas faixas de melhor desempenho (acima de 700 pontos), a diferença é pequena — 19% para mulheres e 21% para homens.
o mesmo padrão aparece no Score PF, que reflete o comportamento financeiro pessoal das empreendedoras. Apenas 5% das sócias estão nas faixas de maior risco, contra 6% dos sócios homens. Já no topo da pontuação, 52% das mulheres alcançam nota acima de 700, superando os 50% dos homens.
Esses números indicam que o empreendedorismo feminino está fortemente associado à boa gestão e ao equilíbrio financeiro, fatores que contribuem para o crescimento sustentável das empresas.
Longevidade empresarial: estabilidade semelhante entre gêneros
O estudo também investigou a longevidade das empresas, um índice que vai de 1 a 10 e mede a probabilidade de um negócio encerrar suas atividades nos 12 meses seguintes.
O resultado mostra estabilidade equilibrada entre homens e mulheres:
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A média do índice é de 4,6 entre empresas com sócias e 4,8 entre as lideradas por homens;
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Nas faixas de menor risco (níveis 8 a 10), 6% das empresas femininas estão no grupo, ante 8% das masculinas;
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Nas faixas de maior risco (níveis 1 a 3), 25% dos negócios de ambos os gêneros** apresentam desempenho semelhante.
embora as empresas femininas sejam em geral mais jovens e de menor porte, o nível de estabilidade mostra que o empreendedorismo feminino tem se mantido sólido e resistente às oscilações econômicas.
Perfil das empreendedoras brasileiras
As empresas lideradas por mulheres apresentam características próprias e refletem mudanças sociais e econômicas recentes.
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90% dos negócios femininos faturam até R$ 300 mil por ano, contra 85% dos negócios masculinos;
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Apenas 2,6% das empresas femininas superam R$ 1 milhão em faturamento anual, enquanto 4,3% dos empreendimentos masculinos atingem esse patamar;
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Em termos de porte, 58% das empresas com sócias são microempresas (até 10 funcionários), frente a 53% dos negócios liderados por homens;
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Entre as pequenas empresas (11 a 50 funcionários), as mulheres representam 19%, e entre as grandes corporações (acima de 500 funcionários), apenas 0,4%, metade da taxa masculina (0,8%).
Os dados reforçam que, embora as mulheres tenham conquistado espaço significativo no mundo dos negócios, ainda enfrentam barreiras de escala, acesso a crédito e participação em setores de maior receita.
Setores mais representativos no empreendedorismo feminino
O comércio é o setor mais expressivo entre as mulheres empreendedoras, reunindo 48% das empresas com sócias. Em seguida vem a indústria, com 23% de participação.
Nos negócios masculinos, o comércio também lidera, com 45%, seguido da indústria (20%) e de áreas mais tradicionais, como serviços especializados e construção civil.
Essa predominância do comércio e dos serviços no universo feminino indica uma forte presença das mulheres em atividades de atendimento direto ao consumidor, especialmente nas áreas de moda, beleza, alimentação e varejo.
Empreendedorismo feminino: desafios e avanços
O estudo destaca que o empreendedorismo feminino no Brasil evoluiu não apenas em número, mas também em qualidade de gestão. As mulheres estão mais presentes em cursos de capacitação, programas de inovação e redes de apoio voltadas ao fortalecimento de negócios liderados por elas.
Apesar dos avanços, ainda há desafios importantes: a desigualdade de acesso a crédito, a dupla jornada de trabalho e o preconceito estrutural no ambiente empresarial continuam sendo barreiras para o crescimento.
Organizações públicas e privadas têm atuado para reduzir essas diferenças, oferecendo linhas de financiamento específicas, mentorias e projetos de incentivo à formalização de negócios femininos.
O papel do crédito na sustentabilidade dos negócios femininos
A pontuação positiva no Score PJ e PF mostra que o crédito responsável é um dos pilares do sucesso das empreendedoras. Ao gerenciar dívidas com disciplina, manter boa reputação junto a instituições financeiras e planejar investimentos de forma estratégica, as mulheres conseguem crescer com solidez e evitar riscos de endividamento.
Esse comportamento contribui para o fortalecimento do ecossistema empresarial brasileiro, promovendo um mercado mais estável e confiável, no qual o crédito é concedido com base em histórico consistente de pagamento.
A importância da representatividade e da liderança feminina
O empreendedorismo feminino vai além dos números: ele representa uma mudança cultural e social profunda. A presença de mulheres em cargos de liderança e no comando de empresas inspira novas gerações e estimula a diversidade no ambiente corporativo.
Empresas com maior equilíbrio de gênero tendem a tomar decisões mais colaborativas, inovar mais rapidamente e apresentar melhor desempenho financeiro. Além disso, as lideranças femininas costumam priorizar práticas sustentáveis, ética nos negócios e bem-estar de suas equipes — fatores cada vez mais valorizados por consumidores e investidores.
O avanço do empreendedorismo feminino no Brasil
Os dados da Serasa Experian comprovam que as mulheres empreendedoras não apenas estão conquistando mais espaço, como também estão gerindo seus negócios com eficiência e responsabilidade.
Com índices de inadimplência mais baixos, pontuações de crédito equilibradas e práticas financeiras saudáveis, o empreendedorismo feminino se consolida como força econômica e social determinante para o futuro do país.
À medida que políticas de apoio, acesso a crédito e programas de capacitação continuarem evoluindo, a tendência é que as mulheres ocupem posições cada vez mais estratégicas — tanto nas microempresas quanto nas grandes corporações.






