Quem é Silvinei Vasques: trajetória, condenações e prisão do ex-diretor da PRF no Paraguai
A pergunta quem é Silvinei Vasques voltou ao centro do debate público nesta sexta-feira após a confirmação de sua prisão no Paraguai, quando tentava embarcar em um voo com destino a El Salvador. Ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques tornou-se uma das figuras mais emblemáticas da crise institucional que se seguiu às eleições presidenciais de 2022, acumulando condenações judiciais, perda de direitos políticos e uma longa pena de prisão.
Natural de Ivaiporã, no Paraná, Vasques construiu uma carreira de quase três décadas na PRF, instituição na qual ingressou em 1995. Ao longo de 27 anos, percorreu diferentes funções até alcançar o posto máximo da corporação durante o governo Jair Bolsonaro. O que inicialmente foi apresentado como uma trajetória técnica e administrativa terminou marcada por acusações de uso político da máquina pública, envolvimento em uma trama golpista e, agora, tentativa de fuga internacional.
A seguir, a reportagem detalha quem é Silvinei Vasques, sua ascensão na PRF, as condenações impostas pela Justiça, os motivos da prisão no exterior e o impacto do caso no debate sobre o uso indevido de instituições de Estado.
Da PRF ao comando da corporação
Para compreender quem é Silvinei Vasques, é necessário retomar sua trajetória dentro da Polícia Rodoviária Federal. Ingressando na corporação ainda nos anos 1990, ele construiu carreira técnica em um período de modernização da PRF, que passou a assumir papel estratégico não apenas na fiscalização de rodovias, mas também em operações de segurança pública mais amplas.
Durante o governo Bolsonaro, Silvinei Vasques foi alçado ao cargo de diretor-geral da PRF, posição de grande visibilidade e influência. À época, sua gestão foi marcada por forte alinhamento político com o Palácio do Planalto, postura que mais tarde seria considerada irregular pela Justiça. Em dezembro de 2022, logo após o fim das eleições presidenciais, Vasques optou por se aposentar voluntariamente, garantindo salário integral, movimento que hoje é visto como estratégico diante do avanço das investigações.
Uso político da PRF e condenação por improbidade
Um dos pontos centrais para entender quem é Silvinei Vasques está na condenação por improbidade administrativa. Em decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, a Justiça concluiu que o então diretor-geral utilizou a estrutura da PRF para fins eleitorais durante o pleito de 2022.
Segundo a sentença, houve uma confusão intencional entre o exercício do cargo público e manifestações políticas pessoais. Entre as condutas apontadas estão o uso de farda e símbolos oficiais da PRF em publicações de cunho político, participação em eventos oficiais com pedidos explícitos de voto e ações simbólicas, como a entrega de uma camisa com o número “22” a uma autoridade do governo às vésperas do segundo turno.
Como penalidade, Vasques foi condenado ao pagamento de multa superior a meio milhão de reais, equivalente a 24 salários da época, além de ficar proibido de contratar com o poder público por quatro anos. Essa condenação marcou o início de uma sequência de decisões judiciais que agravaram sua situação jurídica.
A condenação por trama golpista
O ponto mais grave da trajetória recente de quem é Silvinei Vasques está na condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal. A Corte entendeu que o ex-diretor da PRF participou de uma organização criminosa estruturada para tentar reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022.
De acordo com o STF, Vasques integrou o chamado “núcleo operacional” da trama, responsável por ações práticas destinadas a dificultar o exercício do voto. Entre essas ações, destacam-se operações da PRF no dia do segundo turno que, segundo a decisão, tiveram como alvo regiões específicas do país, especialmente o Nordeste, com impacto direto no deslocamento de eleitores.
A decisão judicial também menciona envolvimento em iniciativas de monitoramento de autoridades públicas e articulação de medidas voltadas à ruptura institucional. Como resultado, Silvinei Vasques foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão em regime fechado, teve os direitos políticos suspensos, tornou-se inelegível e foi condenado a contribuir para uma indenização coletiva de R$ 30 milhões.
Vida após a PRF e nova função pública
Após deixar a PRF, Silvinei Vasques assumiu o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José, na Grande Florianópolis. A nomeação gerou críticas desde o início, dada a existência de investigações em andamento. Ainda assim, ele permaneceu no posto até dezembro de 2025, quando pediu exoneração logo após a confirmação das condenações judiciais relacionadas à trama golpista.
Essa passagem pela administração municipal reforçou questionamentos sobre os critérios de nomeação para cargos públicos e a responsabilidade de gestores ao empregar figuras sob suspeita de crimes graves contra o Estado Democrático de Direito.
Prisões, tornozeleira e descumprimento de medidas judiciais
Outro aspecto essencial para entender quem é Silvinei Vasques envolve o histórico de prisões e medidas cautelares. Em 2023, ele chegou a ser preso preventivamente, mas deixou a prisão meses depois mediante o cumprimento de restrições impostas pela Justiça, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de deixar o país sem autorização.
Essas medidas tinham como objetivo garantir que Vasques permanecesse à disposição da Justiça enquanto os processos avançavam. No entanto, segundo informações confirmadas pelas autoridades, ele rompeu a tornozeleira eletrônica e deixou o Brasil sem autorização judicial, configurando descumprimento direto das determinações legais.
Prisão no Paraguai ao tentar embarcar para El Salvador
A prisão no Paraguai marcou um novo capítulo na história de quem é Silvinei Vasques. Ao tentar embarcar em um voo internacional com destino a El Salvador, ele foi abordado pelas autoridades paraguaias após alertas disparados em razão do rompimento da tornozeleira e da saída irregular do território brasileiro.
Durante a abordagem, foi constatado que Vasques utilizava um passaporte paraguaio original, mas que não correspondia à sua identidade real. Após a identificação, ele foi preso e colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai, com expectativa de expulsão e entrega às autoridades brasileiras.
O episódio reforçou o entendimento de que havia risco concreto de fuga, justificando medidas mais severas por parte da Justiça brasileira.
Impacto institucional e político do caso
O caso de Silvinei Vasques extrapola a biografia individual e lança luz sobre o uso político de instituições de Estado. Para analistas, a trajetória do ex-diretor da PRF evidencia os riscos de instrumentalização de órgãos públicos para fins eleitorais e a necessidade de mecanismos de controle mais rígidos.
Ao longo das decisões judiciais, consolidou-se o entendimento de que houve violação grave dos deveres funcionais e ameaça direta ao Estado Democrático de Direito. O episódio também reacendeu debates sobre a autonomia das forças de segurança, o papel das cortes superiores e a responsabilização de agentes públicos de alto escalão.
Por que o nome Silvinei Vasques segue em evidência
A insistência do público em saber quem é Silvinei Vasques reflete não apenas curiosidade sobre sua biografia, mas a gravidade dos fatos atribuídos a ele. Poucos ex-dirigentes de forças policiais acumularam, em tão curto espaço de tempo, condenações por improbidade administrativa, crimes contra a democracia e descumprimento de medidas judiciais.
A prisão no exterior, somada às penas já impostas, coloca o ex-diretor da PRF como um dos símbolos mais visíveis das consequências jurídicas enfrentadas por agentes públicos envolvidos na tentativa de subverter o resultado das urnas.
O que acontece a partir de agora
Com a detenção no Paraguai e a expectativa de expulsão, o próximo passo será a transferência de Silvinei Vasques para o Brasil, onde deverá cumprir a pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal. A situação também pode gerar novos desdobramentos judiciais relacionados à tentativa de fuga e ao uso de documentação estrangeira incompatível com sua identidade.
Para o sistema de Justiça, o caso representa um teste de efetividade das decisões e da cooperação internacional. Para a sociedade, reforça a mensagem de que crimes contra a ordem democrática e o uso indevido da máquina pública não permanecem impunes.






