Passados mais de 80 anos desde a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no Brasil, ainda enfrentamos desafios significativos na inserção de grupos vulneráveis no mercado de trabalho formal. Mulheres, jovens e negros continuam a lutar para encontrar oportunidades igualitárias. O economista Pedro Fernando Nery, diretor de Assuntos Econômicos e Sociais da Vice-Presidência da República e consultor legislativo, compartilha suas reflexões sobre essa questão em seu livro “Extremos: um mapa para entender as desigualdades no Brasil”.
A desigualdade brasileira em perspectiva global
Nery compara o Brasil a um microcosmo do mundo em termos de distribuição de renda. A desigualdade observada aqui reflete a desigualdade global. Se alguém pertence ao 1% mais rico dos brasileiros, provavelmente também estará entre os 1% mais ricos do mundo. Essa sobreposição de desigualdade é um fenômeno marcante.
Resiliência e esperança
Durante suas pesquisas, Nery se surpreendeu com a resiliência do povo brasileiro. Mesmo em situações de extrema dificuldade, as pessoas demonstram otimismo e esperança em dias melhores. Essa característica cultural é um traço marcante da sociedade brasileira.
Além da renda: Outras dimensões da desigualdade
Embora a renda seja frequentemente associada à desigualdade, Nery destaca que outras dimensões também importam. Acesso a empregos formais, educação e barreiras sociais são fatores cruciais. No Brasil, a tributação pesada sobre o emprego dificulta a inserção de grupos vulneráveis no mercado de trabalho.
Reduzindo a desigualdade para o bem de todos
Nery acredita que a redução da desigualdade é fundamental para o crescimento econômico e o bem-estar geral da população. O desperdício de recursos em algumas áreas e a escassez em outras podem ser mitigados. Políticas públicas, como a regulamentação da reforma tributária e o cashback, podem beneficiar milhões de brasileiros.
O livro de Nery oferece insights valiosos para inspirar políticas públicas. Mudanças simples, como ajustes nos planos diretores das cidades, podem aproximar jovens trabalhadores dos centros de emprego. O Brasil tem potencial para reduzir a desigualdade e promover um futuro mais justo para todos