Na próxima semana, o mercado financeiro estará atento ao resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de maio, que deve apresentar aceleração em comparação ao mês anterior. Esta movimentação é crucial, pois pode definir a direção das apostas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho. Além disso, o cenário econômico será influenciado por dados fiscais e de desemprego, enquanto nos Estados Unidos, a atenção estará voltada para o dado de inflação preferido do Federal Reserve (Fed), o Personal Consumption Expenditures (PCE).
Expectativas para o IPCA-15
Economistas preveem que o IPCA-15 de maio apresente uma variação de 0,47% em relação ao mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, a expectativa é de uma taxa anual de 3,73%, similar ao patamar observado em abril. A elevação dos preços de alimentos e combustíveis deve exercer pressão sobre o índice, além do impacto residual do recente aumento dos preços de medicamentos.
Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics, observa que a maior parte do processo de desinflação parece ter se encerrado. “A expectativa é que a inflação continue sob controle, mas sem grandes alívios adicionais”, afirmou. Este cenário de inflação estável reforça a percepção de que o Copom poderá manter a taxa Selic inalterada em sua próxima reunião.
Indicadores Fiscais e de Desemprego
A agenda econômica da semana inclui a divulgação de dados importantes sobre a política fiscal e o mercado de trabalho, ambos relevantes para as expectativas de inflação e decisões sobre a taxa de juros. No dia 29, será divulgada a taxa de desemprego, com previsão de queda para 7,8% em abril, uma melhora em relação ao mês anterior.
Além disso, na sexta-feira, espera-se a publicação do resultado primário do governo central referente ao mês de abril. Estes dados são fundamentais para avaliar a saúde fiscal do país e suas implicações sobre a política monetária.
Cenário Internacional: PCE e PIB nos EUA
Nos Estados Unidos, o foco do mercado estará no deflator PCE, agendado para o dia 31 de maio. Este indicador é amplamente monitorado pelo Fed como uma medida da inflação. Espera-se que o PCE mostre sinais de moderação, influenciado por uma queda nos preços voláteis das passagens aéreas. Contudo, o alívio nas condições financeiras continua a pressionar a inflação.
A semana também trará dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e discursos de dirigentes do Fed, que poderão oferecer pistas sobre futuras ações de política monetária.
Minério de Ferro e Petróleo
O mercado de minério de ferro registrou ganhos sólidos recentemente, com a tonelada do produto superando os US$ 120. A expectativa é que a demanda chinesa continue a impulsionar os preços, especialmente com a divulgação dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs) de maio no dia 30.
Em contraste, o mercado de petróleo enfrentou uma semana de perdas, apesar das expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) mantenham os cortes na produção. A próxima reunião do grupo está marcada para 2 de junho, e qualquer decisão pode impactar significativamente os preços do petróleo.
Feriado, PTAX e Setor Aéreo
No Brasil, o mercado financeiro será impactado pelo feriado de Corpus Christi no dia 30 de maio, que resultará no fechamento das bolsas de valores. No dia seguinte, será definida a PTAX, a taxa de câmbio de referência para o vencimento dos contratos futuros de dólar.
Entre os destaques corporativos da semana, a Cosan divulgará seu balanço do primeiro trimestre na terça-feira. No âmbito legislativo, o Congresso pode votar o veto presidencial à lei que flexibiliza as regras do setor aéreo, incluindo o despacho gratuito de bagagens, o que pode ter implicações significativas para o setor.
A próxima semana promete ser movimentada para o mercado financeiro, com vários indicadores econômicos importantes no radar. A aceleração esperada do IPCA-15 de maio será um dos principais fatores a serem monitorados, podendo influenciar as expectativas para a reunião do Copom em junho. Além disso, dados fiscais e de desemprego no Brasil, assim como indicadores econômicos nos Estados Unidos, terão papel crucial na definição dos rumos da política monetária e econômica.