São Paulo, 29 de maio de 2024 – O número de jovens brasileiros entre 14 e 24 anos que não trabalham, não estudam nem procuram emprego, conhecidos como “nem-nem”, aumentou de 4 milhões para 5,4 milhões no último ano. O levantamento, realizado pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, foi divulgado durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) na última segunda-feira (27).
Fatores Contribuintes
Segundo Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, vários fatores explicam esse aumento, afetando principalmente as mulheres, que representam 60% desse grupo. “Há muita dificuldade de as mulheres entrarem no mercado de trabalho, especialmente as jovens. Além disso, há uma pressão para que elas tenham filhos mais cedo e um conservadorismo que faz com que muitas acreditem que apenas o marido trabalhando seria suficiente”, afirmou Montagner.
Desafios na Inserção no Mercado de Trabalho
A subsecretária destacou que essas dificuldades resultam em uma entrada tardia das mulheres jovens no mercado de trabalho, o que, aliado a uma menor qualificação, dificulta a obtenção de empregos com melhor remuneração.
Programas Governamentais
Para enfrentar esse problema, o governo federal lançou recentemente o programa Pé-de-Meia, que oferece incentivos financeiros para que jovens de baixa renda permaneçam no ensino médio. O programa prevê o pagamento de até R$ 9,2 mil ao longo dos três anos do ensino médio, com um adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No entanto, os efeitos deste programa ainda deverão ser sentidos nos próximos anos, conforme explicou Montagner.
Estatísticas de Ocupação
Os jovens entre 14 e 24 anos representam cerca de 17% da população brasileira, somando 34 milhões de pessoas. No primeiro trimestre deste ano, 14 milhões de jovens tinham uma ocupação, mas 45% deles estavam na informalidade, o que corresponde a 6,3 milhões de indivíduos. Essa porcentagem é maior do que a média nacional, atualmente em 40%.
Informalidade e Primeiro Emprego
A alta taxa de informalidade entre os jovens está associada ao emprego em micro e pequenas empresas, onde muitos começam a trabalhar sem uma contratação formal. “Os empregadores frequentemente hesitam em formalizar o contrato de trabalho devido a incertezas sobre o desempenho dos jovens e sua permanência no emprego”, explicou Montagner.
Crescimento de Aprendizes e Estagiários
Apesar dos desafios, houve um crescimento significativo no número de aprendizes e estagiários. Entre 2022 e 2024, o número de aprendizes aumentou em 100 mil, chegando a 602 mil em abril deste ano, o dobro do que havia em 2011. O número de estagiários também cresceu 37% entre 2023 e 2024, passando de 642 mil para 877 mil.
Desafios para a Empregabilidade Jovem
Rodrigo Dib, da superintendência institucional do CIEE, enfatizou que a empregabilidade jovem é um desafio urgente para o Brasil. Precisamos incluir essa faixa etária no mundo do trabalho de maneira segura e focada no desenvolvimento a médio e longo prazo. O fato de termos mais de cinco milhões de jovens ‘nem-nem’ é alarmante e indica uma falta de oportunidades que gera desesperança entre os jovens”, afirmou.
Soluções Propostas
Para aumentar a inserção dos jovens no mercado de trabalho, Montagner destacou a necessidade de elevar a escolaridade e a formação técnica e tecnológica desse público. “É essencial reforçar as oportunidades de estágio e aprendizado conectado ao ensino técnico e cursos profissionalizantes, permitindo que os jovens acumulem conhecimento e desenvolvam uma carreira”, acrescentou a subsecretária.
O aumento no número de jovens “nem-nem” no Brasil é um problema multifacetado que requer soluções integradas e políticas eficazes. A combinação de programas de incentivo à educação, maior acesso a oportunidades de estágio e aprendizado, e a promoção de uma cultura de valorização da qualificação profissional são passos fundamentais para reverter esse cenário e garantir um futuro mais promissor para a juventude brasileira.