Aumento do IOF: Manifesto de Confederações expõe impactos bilionários e pressiona Congresso
Confederações se unem contra o aumento do IOF
Confederações que representam os principais setores da economia brasileira — indústria, comércio, agronegócio, sistema financeiro e seguros — se uniram para lançar um manifesto público contra o recente aumento do IOF, medida anunciada pelo governo federal na última semana. O documento, publicado em 26 de maio de 2025, denuncia os impactos econômicos da decisão e cobra do Congresso Nacional uma resposta urgente, sugerindo a anulação do decreto.
O protesto conta com a assinatura de sete entidades de grande relevância nacional: CNI, CNC, CNA, CNseg, CNF, Abrasca e OCB. Elas alertam para a elevação dos custos de crédito, câmbio e seguros, além de uma maior insegurança jurídica, que pode comprometer investimentos produtivos e afetar a competitividade da economia brasileira. A principal crítica gira em torno da forma e do momento em que a medida foi implementada: de maneira unilateral, sem debate com os setores envolvidos e em um cenário macroeconômico que exige estímulo, não retração.
Impactos diretos e bilionários na economia produtiva
Segundo os dados apresentados no manifesto, o aumento do IOF trará um impacto financeiro imediato para as empresas: R$ 19,5 bilhões apenas em 2025 e R$ 39 bilhões em 2026. Esses valores se referem aos custos extras sobre operações de crédito, câmbio e seguros, fundamentais para o funcionamento e a expansão do setor produtivo.
O efeito mais grave apontado pelas confederações é o aumento da carga tributária sobre o crédito produtivo, que pode ultrapassar 110% ao ano. Isso representa um golpe direto contra empresas que necessitam de capital para investir em inovação, expansão e modernização. O custo mais alto para financiar atividades empresariais pode provocar a retração do investimento privado e estagnar o crescimento industrial.
Além disso, o manifesto destaca que a nova medida compromete a importação de insumos e bens de capital — componentes essenciais para o bom desempenho da indústria nacional. O impacto cambial, segundo as confederações, eleva ainda mais a pressão sobre os custos de produção, afetando desde a agricultura até o setor tecnológico.
Tributação seletiva e desincentivo à poupança de longo prazo
Outro ponto de forte contestação no manifesto é a nova taxação sobre os planos de previdência privada do tipo VGBL. A medida passa a incidir sobre aportes mensais acima de R$ 50 mil, criando um desequilíbrio entre produtos financeiros.
As entidades alegam que o aumento do IOF nesse formato penaliza investidores de longo prazo e favorece aplicações de curto prazo. Isso representa um retrocesso no esforço nacional de incentivar a formação de capital interno e a sustentabilidade previdenciária no futuro. O manifesto aponta ainda que a medida “amplia distorções” e compromete a confiança dos investidores.
Especialistas da área tributária consultados pelas entidades empresariais afirmam que há brechas para questionamentos judiciais. A nova tributação pode ferir os princípios da isonomia tributária e da segurança jurídica, ambos pilares do ordenamento legal brasileiro. Essa instabilidade cria um ambiente ainda mais hostil para investimentos estrangeiros e internos.
Recuos insuficientes do governo não aliviam críticas
Após intensa repercussão negativa nos mercados e no meio político, o governo recuou parcialmente em algumas partes do decreto. Foram suspensas alterações que afetavam fundos nacionais com aplicações no exterior e remessas pessoais para investimentos fora do Brasil. No entanto, o cerne das críticas — as novas cobranças sobre operações de crédito, câmbio e previdência privada — continua em vigor.
O recuo foi visto como insuficiente pelas confederações. A percepção é de que o governo tenta ganhar tempo com concessões mínimas, enquanto mantém medidas que fragilizam a estrutura econômica e tributária. O setor produtivo demanda previsibilidade e segurança para investir, fatores diretamente ameaçados pelo aumento do IOF.
Reação política: Congresso se prepara para enfrentar o decreto
A movimentação política também é intensa. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que “o país não precisa de mais impostos” e anunciou que vai debater o tema com os líderes partidários. A possibilidade de votação de Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) para revogar a medida está em pauta e deve ganhar força nos próximos dias.
A pressão sobre o Congresso parte não apenas das confederações, mas também de parlamentares de diferentes espectros ideológicos, preocupados com os efeitos negativos do decreto sobre a economia real. A expectativa é de que o tema entre com urgência na agenda política, especialmente após os alertas de impacto bilionário nas empresas.
Brasil entre as maiores cargas tributárias do mundo
O manifesto também chama atenção para o cenário macroeconômico nacional. O Brasil figura entre os países com maior carga tributária do planeta, mesmo quando comparado a nações desenvolvidas. Em vez de criar novos tributos, as entidades defendem o aumento da arrecadação por meio do crescimento econômico.
A crítica é clara: elevar impostos como o IOF afasta investimentos e desestimula a formalização da economia. A consequência pode ser um ciclo vicioso de baixa arrecadação e alta informalidade, além do aumento da desigualdade social.
Ambiente de negócios pede estabilidade, não mais impostos
Para as sete entidades que assinam o manifesto, o foco deve estar em reformas estruturais, desburocratização e estímulo à competitividade. A adoção de medidas como o aumento do IOF, sem diálogo ou estudos de impacto abrangentes, vai na contramão de tudo isso.
O texto ainda alerta que o país está em um momento-chave para atrair investimentos estrangeiros, com oportunidades ligadas à transição energética, à digitalização da economia e ao crescimento da agroindústria. Medidas que elevam o custo do capital e criam insegurança tributária afastam investidores e travam o desenvolvimento nacional.
Congresso é pressionado a revogar o aumento do IOF
A movimentação das principais entidades econômicas do país marca um momento de forte mobilização contra o aumento do IOF. O documento revela um consenso entre diferentes setores sobre os prejuízos causados pela medida e sobre a necessidade de revogá-la com urgência. Com o Congresso Nacional já se preparando para o embate, a tendência é que o debate sobre o decreto do IOF se intensifique, com repercussões diretas para o futuro da política econômica brasileira.