Visto americano com caução: entenda a nova exigência dos EUA que pode custar até R$ 82 mil
O governo dos Estados Unidos anunciou a implementação de um novo programa que exige visto americano com caução, marcando uma mudança significativa nas regras para estrangeiros que desejam ingressar no país. A medida, que faz parte de um projeto-piloto lançado pelo Departamento de Estado, tem como objetivo conter o número crescente de imigrantes que permanecem ilegalmente após o vencimento de seus vistos. Inicialmente, apenas cidadãos de países selecionados, como Zâmbia e Malaui, serão afetados — mas o alerta foi dado: a lista pode ser ampliada a qualquer momento, inclusive com a inclusão de brasileiros.
O valor da caução para o visto americano pode chegar a US$ 15 mil, equivalente a cerca de R$ 82 mil, e será exigido nos vistos do tipo B-1 (negócios temporários) e B-2 (turismo, lazer ou tratamento médico). A cobrança faz parte de uma estratégia para reforçar o controle migratório e desencorajar o chamado overstay — quando o visitante permanece nos Estados Unidos após o prazo legal de estadia.
Entenda tudo sobre o novo visto americano com caução, quais países estão incluídos, os impactos para os brasileiros, como será feita a cobrança, quais aeroportos serão obrigatórios e o que esperar das próximas fases do programa.
O que é o visto americano com caução?
O visto americano com caução é uma nova política adotada pelo governo dos EUA que exige o pagamento antecipado de um valor em dinheiro como garantia de que o visitante deixará o país dentro do período permitido pelo visto. O programa-piloto, anunciado oficialmente em agosto de 2025, prevê três faixas de caução: US$ 5 mil, US$ 10 mil e US$ 15 mil, com reembolso integral caso todas as regras de imigração sejam cumpridas.
A proposta não substitui o processo tradicional de solicitação de visto, mas acrescenta um requisito financeiro que, segundo as autoridades americanas, visa reforçar a segurança das fronteiras e reduzir os casos de permanência ilegal nos Estados Unidos.
Quem está sujeito à caução?
Por enquanto, a exigência da caução no visto americano se aplica exclusivamente a cidadãos da Zâmbia e do Malaui, países africanos que, segundo o Departamento de Estado, apresentaram altos índices de overstay nos últimos anos. No entanto, o governo norte-americano informou que a lista pode ser alterada a qualquer momento, desde que com aviso prévio de pelo menos 15 dias.
Esse prazo será utilizado para publicação oficial no site do Departamento de Estado (Travel.State.Gov), junto com os motivos que justificam a aplicação da caução a determinados países. Essa transparência, segundo os norte-americanos, é uma tentativa de legitimar o processo e evitar acusações de discriminação ou tratamento desigual.
O Brasil está incluído?
Atualmente, o Brasil não está incluído na lista de países sujeitos ao visto americano com caução, mas o cenário pode mudar. Como o programa está em fase experimental, novas nacionalidades podem ser adicionadas dependendo do comportamento dos viajantes, especialmente se os dados apontarem aumento nos casos de imigração irregular.
Portanto, viajantes brasileiros devem ficar atentos às atualizações do Departamento de Estado, principalmente os que planejam visitar os EUA para turismo, negócios ou tratamento médico — os três tipos de viagem incluídos na política de caução.
Quais tipos de visto exigem caução?
A caução será exigida exclusivamente nos vistos B-1 e B-2:
-
Visto B-1: destinado a pessoas que viajam aos EUA a negócios temporários, como reuniões, eventos, conferências ou prospecção de mercado.
-
Visto B-2: voltado a turistas, visitantes em busca de lazer, ou pacientes em tratamento médico.
Esses são os vistos mais populares entre brasileiros que visitam os Estados Unidos, o que levanta a preocupação de que o país possa, eventualmente, ser incluído na lista.
Como funciona a devolução da caução?
A principal regra do visto americano com caução é simples: se o visitante sair dos EUA no prazo estipulado, o valor será reembolsado integralmente. A devolução será feita por meio de transferência bancária internacional, desde que a saída do país seja registrada corretamente e todas as condições do visto sejam respeitadas.
Caso o indivíduo ultrapasse o período de permanência autorizado, o valor será retido pelo governo dos Estados Unidos, além de gerar penalidades adicionais, como impossibilidade de obter novos vistos ou entrada futura no país.
Entrada restrita a três aeroportos
Outro aspecto importante do visto americano com caução é a obrigatoriedade de entrada pelos seguintes aeroportos:
-
Boston Logan International Airport (BOS)
-
John F. Kennedy International Airport (JFK), em Nova York
-
Washington Dulles International Airport (IAD)
O descumprimento dessa exigência poderá acarretar a recusa de entrada nos EUA, mesmo que o visto e a caução estejam em dia. A medida visa concentrar os controles migratórios e facilitar o rastreamento dos viajantes.
Justificativa do governo dos EUA
O governo americano afirma que o visto com caução é uma resposta ao número elevado de estrangeiros que permanecem ilegalmente nos EUA. Dados recentes indicam que mais de 500 mil visitantes ultrapassaram o prazo legal de permanência apenas em 2023. O programa-piloto é uma das ações previstas no decreto presidencial 14159, intitulado “Protegendo o Povo Americano Contra a Invasão”.
Trata-se de uma retomada da política migratória proposta ainda em 2020 pela administração Trump, que havia sido suspensa devido à pandemia. Na ocasião, mais de 20 países estavam na lista, incluindo Irã, Afeganistão e Guiné-Bissau. Agora, o governo sinaliza que poderá expandir novamente o número de nações submetidas à medida.
Críticas e impactos
Organizações de direitos humanos e especialistas em imigração vêm criticando o programa, alegando que o visto americano com caução impõe barreiras desproporcionais a viajantes de países em desenvolvimento. O valor elevado da caução — que pode chegar a R$ 82 mil — inviabiliza a viagem para milhares de pessoas, criando uma restrição econômica disfarçada de medida de segurança.
Além disso, há o temor de que o critério de escolha dos países seja baseado em considerações geopolíticas ou raciais, o que poderia comprometer a imagem internacional dos EUA.
Dicas para brasileiros que planejam viajar
Mesmo que o Brasil ainda não esteja incluído no programa, quem planeja uma viagem aos Estados Unidos deve tomar algumas precauções:
-
Acompanhar com frequência as atualizações no site do Departamento de Estado;
-
Verificar se há novos requisitos antes de agendar entrevista ou comprar passagens;
-
Manter documentação completa e atualizada;
-
Cumprir rigorosamente o prazo de estadia autorizado pelo visto;
-
Evitar trabalhar ilegalmente nos EUA, pois isso pode impactar futuras solicitações de visto.
O visto americano com caução representa uma mudança estratégica na política de imigração dos EUA, com foco em limitar a permanência ilegal de estrangeiros e aumentar o controle sobre quem entra e sai do país. Embora, por enquanto, afete apenas alguns países, o programa-piloto pode ser estendido, inclusive para o Brasil, caso os indicadores de overstay justifiquem.
Para quem deseja visitar os Estados Unidos, é fundamental ficar atento às atualizações oficiais, seguir rigorosamente as regras de imigração e manter toda a documentação regularizada. O novo cenário exige planejamento financeiro ainda mais cuidadoso e consciência sobre os deveres e limites estabelecidos pela legislação norte-americana.






