Dólar hoje tem leve queda com mercado atento à ata do Fed e dados da inflação no Brasil
O dólar hoje iniciou a semana em leve queda, acompanhando o compasso de espera dos investidores por novos sinais de política monetária nos Estados Unidos e pela divulgação da inflação de setembro no Brasil. Por volta das 9h20, a moeda americana recuava 0,06%, cotada a R$ 5,331, refletindo um ambiente de cautela global e atenção redobrada aos fatores políticos e fiscais domésticos.
O movimento do dólar ante o real segue condicionado tanto ao cenário externo — especialmente a condução dos juros americanos — quanto às discussões internas sobre gastos públicos e medidas tributárias. A semana promete ser decisiva para os rumos do câmbio, com destaque para a ata do Federal Reserve (Fed), a fala de Jerome Powell e a votação da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) no Senado.
Expectativas do mercado com o Fed e o impacto do shutdown nos EUA
Nos Estados Unidos, o shutdown governamental — paralisação parcial da máquina pública que já dura seis dias — aumenta a incerteza e impede a divulgação de indicadores econômicos oficiais, deixando o mercado sem referência clara sobre a economia americana. Diante disso, os investidores voltam a atenção à ata do Fed, que será divulgada na quarta-feira, e às declarações do presidente Jerome Powell, esperadas para quinta-feira.
As informações do Fed devem indicar se a autoridade monetária pretende manter a taxa de juros elevada por mais tempo ou se há espaço para cortes ainda este ano. Qualquer sinal de mudança na política monetária americana tende a impactar diretamente o dólar hoje, que segue como termômetro do apetite ao risco global.
O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, avançava 0,6%, a 98,31 pontos, refletindo o fortalecimento do dólar diante do euro, da libra e do iene. A instabilidade política na Europa e no Japão reforça o movimento.
Queda do euro e da libra, e forte recuo do iene
No cenário internacional, o euro e a libra esterlina registraram queda frente ao dólar após a renúncia do primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, evento que aumentou a percepção de risco político na zona do euro. Já no Japão, o iene teve forte desvalorização após a eleição de Sanae Takaichi como nova líder do Partido Liberal Democrata (LDP), sigla governista. Takaichi é vista como defensora de estímulos fiscais, o que reduz a atratividade da moeda japonesa diante do dólar.
Esses movimentos reforçam a força do dólar globalmente, mesmo com a leve queda observada frente ao real. A volatilidade tende a permanecer elevada até que os investidores tenham clareza sobre o rumo da política monetária americana.
Inflação de setembro e votação do IR movimentam o mercado interno
No Brasil, os agentes financeiros acompanham atentamente a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, marcada para quinta-feira (9h). O indicador será determinante para calibrar as expectativas sobre a trajetória da inflação e os próximos passos do Banco Central (BC) na condução da taxa Selic.
De acordo com o Boletim Focus, a projeção mediana para a inflação suavizada nos próximos 12 meses recuou de 4,28% para 4,21%, reforçando o cenário de desaceleração dos preços. Há um mês, essa expectativa era de 4,45%.
Outro ponto de atenção é a votação no Senado da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, medida já aprovada na Câmara. O avanço da proposta, que tem impacto direto nas contas públicas, é acompanhado com cautela pelo mercado, que teme deterioração do quadro fiscal.
Além disso, a Comissão Mista responsável por analisar a Medida Provisória 1303/25, que trata de alternativas para compensar a alta do IOF, precisa votar o texto até quarta-feira, sob risco de perda de validade.
Dólar hoje reflete sensibilidade política e fiscal
A leve queda do dólar hoje ocorre após a moeda americana encerrar a última sexta-feira (3) em R$ 5,3366, com variação negativa de 0,05% no dia. Mesmo com o recuo, o dólar acumula alta marginal de 0,03% na semana, mas mantém queda expressiva de 13,65% no ano.
O comportamento recente do câmbio reflete fluxos pontuais e especulações políticas. A movimentação ganhou destaque após declarações de Jair Bolsonaro sobre as eleições de 2026. O ex-presidente chegou a sinalizar apoio à candidatura de Tarcísio de Freitas, caso Michelle Bolsonaro integrasse a chapa como vice. Dias depois, Bolsonaro afirmou que Michelle pretende disputar uma vaga no Senado, o que alterou a percepção de parte do mercado sobre o tabuleiro eleitoral.
Essas declarações, somadas aos rumores de que Tarcísio teria recuado da intenção de concorrer à Presidência, reacenderam o interesse de outros nomes da direita, como Ratinho Júnior (PR), Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG).
Entre analistas de mercado, há a avaliação de que a possibilidade de uma guinada fiscal mais conservadora em um futuro governo de direita pode influenciar as apostas no dólar e nos ativos de risco brasileiros, especialmente em um cenário de instabilidade global.
Perspectivas para o câmbio
Para os próximos dias, o dólar hoje tende a oscilar em torno de R$ 5,30, com margens estreitas até a divulgação da ata do Fed e do IPCA. A depender dos resultados, a moeda americana pode recuar abaixo de R$ 5,25 em caso de inflação controlada ou avançar novamente para R$ 5,40 se os dados indicarem pressões fiscais ou monetárias.
Economistas apontam que o movimento recente é técnico e defensivo, com investidores evitando grandes posições até obter mais clareza sobre os próximos passos do Fed e do governo brasileiro.
A expectativa é de que, no curto prazo, o Banco Central mantenha o foco em preservar a estabilidade cambial e conter volatilidades, enquanto monitora o impacto das medidas fiscais do governo.
Dólar hoje e a percepção de risco global
O cenário global segue desafiador. As incertezas em torno do shutdown americano, as tensões políticas na Europa e a possibilidade de novos estímulos no Japão criam um ambiente de alta aversão ao risco. Esse quadro beneficia o dólar no cenário internacional, mas também torna o real mais vulnerável a mudanças no humor dos investidores estrangeiros.
Por outro lado, o fluxo comercial positivo e a queda da inflação interna sustentam uma visão mais otimista para o real no médio prazo. Caso o governo mantenha o controle fiscal e o BC prossiga com cortes graduais na Selic, o câmbio pode se estabilizar em níveis mais baixos até o fim do ano.
A consolidação do dólar hoje próximo de R$ 5,30 mostra um equilíbrio temporário, sustentado pela combinação entre fundamentos domésticos e fatores externos. Ainda assim, qualquer surpresa na ata do Fed ou no IPCA pode alterar rapidamente essa trajetória.
O dólar hoje apresenta leve queda, mas a cautela domina o mercado. Com a agenda carregada por eventos decisivos — como a ata do Fed, o IPCA e a votação da isenção do IR —, os investidores mantêm o foco na política monetária e fiscal. No cenário externo, a força do dólar global e as tensões geopolíticas mantêm a volatilidade em alta.
Enquanto isso, o Brasil segue no radar dos investidores internacionais, equilibrando expectativas de crescimento, responsabilidade fiscal e estabilidade cambial.






