Americanas acumula prejuízo de quase R$ 500 milhões no 1º trimestre de 2025 e intensifica crise financeira
Empresa segue em recuperação judicial e vê queda expressiva em receita, Ebitda e confiança do mercado
Em mais um capítulo de sua crise financeira, a Americanas registrou um prejuízo líquido de R$ 496 milhões no primeiro trimestre de 2025, revertendo o lucro de R$ 453 milhões obtido no mesmo período do ano anterior. O resultado agrava ainda mais a situação da varejista, que está em recuperação judicial desde janeiro de 2023, após o escândalo contábil que abalou a credibilidade da companhia e impactou drasticamente seu desempenho operacional e financeiro.
A divulgação do balanço financeiro confirma a instabilidade da empresa diante de um cenário desafiador, com retração nas receitas, queda brusca no Ebitda e desconfiança generalizada dos investidores. A análise dos números evidencia que o prejuízo da Americanas não é apenas pontual, mas resultado de um ciclo contínuo de deterioração financeira e operacional, agravado por escândalos e uma governança corporativa fragilizada.
Lucro de 2024 vira prejuízo em 2025: os números do desastre
A Americanas encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um resultado negativo de R$ 496 milhões, contrastando fortemente com o lucro de R$ 453 milhões obtido no mesmo período de 2024. Segundo a empresa, parte desse contraste se deve à contabilização extraordinária de R$ 1,3 bilhão em outras receitas no primeiro trimestre do ano passado, que decorreu da execução do plano de recuperação judicial.
Ainda assim, o número atual evidencia um enfraquecimento do negócio em sua essência. O Ebitda ajustado da companhia, que indica o desempenho operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ficou negativo em R$ 20 milhões, contra um resultado positivo de R$ 243 milhões no mesmo período do ano anterior. Ou seja, a operação da empresa está dando prejuízo antes mesmo de considerar as despesas financeiras e contábeis.
Queda na receita líquida agrava prejuízo da Americanas
A receita líquida da Americanas caiu 17,4% na comparação anual, atingindo R$ 3,06 bilhões. Esse recuo tem explicações pontuais, como o efeito calendário da Páscoa, que em 2025 ocorreu em abril e não em março, o que impactou diretamente as vendas do primeiro trimestre. No entanto, mesmo com essa justificativa, o tamanho da retração reforça a dificuldade da empresa em manter seu volume de vendas em meio à crise.
O volume de vendas menor reflete tanto a perda de competitividade quanto a redução de confiança dos consumidores e fornecedores, que ainda enxergam a companhia com cautela desde o escândalo contábil que veio à tona em 2023. A retração nos números é um sinal claro de que a recuperação judicial da Americanas ainda está longe de alcançar estabilidade e resultados consistentes.
Escândalo contábil continua a assombrar a Americanas
Desde janeiro de 2023, a Americanas está no centro de um dos maiores escândalos financeiros da história recente do Brasil. Um rombo de mais de R$ 20 bilhões, decorrente de manobras contábeis e práticas irregulares, resultou na abertura de recuperação judicial e em investigações por parte da Polícia Federal (PF) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em outubro de 2024, a CVM formalizou acusações de uso de informação privilegiada (insider trading) contra ex-executivos da empresa. As denúncias apontam que informações internas e relevantes foram utilizadas por administradores da companhia para obtenção de vantagens indevidas antes da revelação pública da crise, o que agravou ainda mais a instabilidade da varejista perante o mercado.
Impactos no mercado e confiança dos investidores
O prejuízo da Americanas no primeiro trimestre de 2025 reforça a tendência de deterioração do valor de mercado da companhia. A confiança de investidores institucionais e minoritários segue baixa, com ações negociadas a valores depreciados na B3 e baixa liquidez dos papéis. Muitos analistas já consideram que o futuro da companhia dependerá de um novo plano de reestruturação ainda mais profundo.
A dúvida sobre a viabilidade da operação da Americanas a médio prazo paira no ar. O fraco desempenho financeiro, somado à má reputação deixada pelos episódios de fraude e a morosidade no processo de reestruturação, minam as chances de recuperação plena da empresa.
Americanas precisa reverter cenário crítico para sobreviver
Para evitar um colapso irreversível, a Americanas terá que adotar medidas drásticas de reestruturação, como:
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Revisão total de sua estrutura de capital;
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Venda de ativos não essenciais;
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Redução agressiva de custos operacionais;
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Reconstrução da governança corporativa;
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Reforço nas políticas de compliance e transparência;
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Recuperação da confiança de fornecedores e consumidores.
Sem essas ações, o prejuízo da Americanas tende a se tornar recorrente, comprometendo de forma definitiva sua capacidade de operar de forma sustentável e lucrativa nos próximos trimestres.
Consumidores e fornecedores também sentem os reflexos da crise
A crise da Americanas não afeta apenas o mercado financeiro. Fornecedores, principalmente de pequeno e médio porte, foram diretamente impactados pelo calote bilionário da empresa, sofrendo com atrasos nos pagamentos e renegociações forçadas. Além disso, consumidores também passaram a se afastar da marca, seja por desconfiança, seja por receio de problemas logísticos e de atendimento.
A quebra de confiança é um dos maiores desafios para a recuperação da companhia. Mesmo que os números sejam revertidos em algum momento, o trabalho de reconstrução da imagem da Americanas exigirá um esforço contínuo e coordenado ao longo dos próximos anos.
Cenário incerto: será possível reverter o prejuízo da Americanas?
Apesar dos esforços internos e do plano de recuperação judicial em andamento, a situação da Americanas segue delicada. O primeiro trimestre de 2025 deixou claro que a empresa ainda não conseguiu virar a página. Os números refletem uma operação enfraquecida, com pouca margem de manobra e perspectivas incertas.
Para analistas de mercado, a grande incógnita é se a empresa conseguirá recuperar sua capacidade de geração de caixa, retomar a confiança de investidores e parceiros, e reverter o prejuízo da Americanas em lucros sustentáveis. O tempo, a estratégia e a transparência serão os principais fatores para determinar se a varejista conseguirá sobreviver à mais grave crise de sua história.
Prejuízo da Americanas exige ação imediata
O prejuízo da Americanas no primeiro trimestre de 2025 é um forte alerta sobre a gravidade da situação da companhia. A reversão do lucro de 2024 para uma perda bilionária, somada à queda nas receitas e ao Ebitda negativo, reforça a necessidade de medidas concretas e urgentes. O cenário atual não permite mais adiamentos.
A empresa precisa agir com agilidade e firmeza para evitar o agravamento da crise. Recuperar a confiança do mercado, retomar o crescimento e reverter os prejuízos são objetivos difíceis, mas ainda possíveis — desde que acompanhados por transparência, governança responsável e execução eficiente das ações propostas no plano de reestruturação.






