Rio de Janeiro, Brasil – Em um movimento significativo para enfrentar desafios globais urgentes, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, anunciou na última sexta-feira (26) que o BID, juntamente com outros bancos de desenvolvimento multilaterais, utilizará os direitos especiais de saque (SDR, na sigla em inglês) para financiar iniciativas de combate à fome e à pobreza. Estes recursos serão destinados à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, criada recentemente na quarta-feira (24).
Contexto e Importância dos Direitos Especiais de Saque
Os direitos especiais de saque são um instrumento monetário internacional criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1969, com o objetivo de complementar as reservas oficiais dos países membros. Em maio deste ano, o FMI aprovou o uso dos SDRs para a aquisição de instrumentos de capital híbrido, permitindo que instituições como o BID e o Banco Africano de Desenvolvimento emitam esses instrumentos.
Objetivo da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza
A Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza visa mobilizar recursos para projetos que combatam essas questões críticas de forma sustentável. Com a presidência do Grupo de Líderes dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, que inclui dez instituições internacionais, o BID desempenha um papel central na coordenação dessas iniciativas.
Avanços nas Negociações e Desafios
Durante as reuniões de ministros de finanças e bancos centrais do G20, realizadas no Rio de Janeiro, Ilan Goldfajn destacou que, embora as discussões tenham avançado e vários países tenham demonstrado interesse em realocar os SDRs, ainda não há compromissos firmados oficialmente. “Vamos ser bem claros. Não há nenhum compromisso, ninguém anunciou nem nada, mas estamos tendo avanços”, afirmou Goldfajn, sem mencionar valores específicos.
Potencial de Alavancagem dos SDRs
Goldfajn explicou que a realocação dos SDRs para os bancos de desenvolvimento pode ser um “ganha-ganha” para os países, pois tem o potencial de alavancar de sete a oito vezes cada dólar aplicado. Se você transfere para o BID, você tem ganho financeiro e, o mais importante, um ganho em desenvolvimento. A grande vantagem da gente é conseguir multiplicar. Se você alavancar e fizer sete, você [o país] pode dizer que ajudou a fome e a pobreza”, destacou.
Limites e Futuro das Realocações
De acordo com Goldfajn, o FMI aprovou um limite inicial de US$ 20 bilhões para todos os países. Os países podem decidir o quanto alocar, com a sugestão de começar com montantes menores e aumentar gradualmente. Com a utilização dos SDRs e outros instrumentos financeiros, os bancos multilaterais de desenvolvimento esperam aumentar em até US$ 400 bilhões os recursos disponíveis nos próximos anos.
Envolvimento do Setor Privado
Para atingir metas ainda mais ambiciosas, como elevar os recursos disponíveis da ordem dos bilhões para os trilhões, a participação do setor privado será crucial. O BID está empenhado em atrair investimentos privados para maximizar o impacto das iniciativas de desenvolvimento sustentável.
Programa “Amazônia Sempre”
Em uma iniciativa adicional, Goldfajn viajará neste sábado (27) para Belém, acompanhado por uma comitiva de ministros, incluindo a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen. O objetivo é apresentar o programa “Amazônia Sempre”, uma iniciativa do BID para ampliar o financiamento e acelerar o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Este programa visa mobilizar recursos e fomentar parcerias que promovam a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia.
A utilização dos direitos especiais de saque do FMI pelo BID representa um passo significativo na luta contra a fome e a pobreza. Com a liderança de Ilan Goldfajn, o BID está bem posicionado para mobilizar recursos e implementar projetos que promovam o desenvolvimento sustentável e o bem-estar social. A colaboração contínua com outras instituições financeiras internacionais e o setor privado será essencial para alcançar esses objetivos ambiciosos e criar um impacto duradouro.