Bitcoin cai após falas de Jerome Powell e mercado reage com cautela
O Bitcoin registrou nova queda nesta quinta-feira (30), ampliando para o terceiro dia consecutivo a sequência de desvalorizações. A principal criptomoeda do mundo recuou 3,75%, atingindo US$ 106.986,05 (R$ 573.493,26), enquanto o Ethereum também caiu 5,47%, cotado a US$ 3.724,50 (R$ 19.975,32), segundo dados da Coinbase.
O movimento de correção no mercado cripto foi motivado pelas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que sinalizou incertezas sobre novos cortes na taxa de juros dos Estados Unidos em dezembro. O tom mais cauteloso de Powell impactou diretamente o mercado de ativos digitais, provocando uma onda de realização de lucros e aumento da aversão ao risco entre investidores.
Bitcoin volta a cair com temores sobre política monetária dos EUA
A recente queda do Bitcoin ocorre em um momento de alta volatilidade global. Após um período de forte valorização em outubro, investidores começaram a reavaliar suas posições diante das declarações de Powell, que indicou que novos cortes de juros não estão garantidos.
A fala foi interpretada como uma sinalização de que o Fed pretende manter a política monetária restritiva por mais tempo, o que geralmente afeta negativamente os ativos de risco, como as criptomoedas.
Segundo analistas do setor, a reação imediata do mercado mostra que parte dos investidores aproveitou o momento para realizar lucros após o Bitcoin atingir níveis técnicos de resistência. Essa movimentação também coincide com um recuo no apetite global por risco, especialmente após a recente recuperação do dólar e dos títulos do Tesouro norte-americano.
Ethereum e altcoins também seguem em queda
O movimento negativo não se restringiu ao Bitcoin. O Ethereum, segunda maior criptomoeda em valor de mercado, caiu mais de 5%, enquanto outras altcoins, como Solana (SOL), XRP (Ripple) e Cardano (ADA), também apresentaram recuos médios entre 3% e 6%.
A capitalização total do mercado de criptomoedas caiu pelo quarto dia consecutivo, refletindo um cenário de ajuste técnico e redução temporária da liquidez. Apesar disso, especialistas apontam que não houve liquidações em massa nas principais corretoras, o que demonstra um comportamento mais racional dos investidores em comparação a correções anteriores.
Declarações de Powell influenciam o mercado de criptomoedas
As falas de Jerome Powell têm impacto direto sobre o desempenho do Bitcoin e das demais criptomoedas. Isso ocorre porque os juros norte-americanos influenciam o custo de oportunidade dos investidores.
Quando o Fed adota uma postura mais restritiva, mantendo juros elevados por mais tempo, o fluxo de capital tende a migrar para ativos de renda fixa, considerados mais seguros, reduzindo o interesse por ativos digitais e ações de tecnologia.
Além disso, a expectativa de inflação persistente nos EUA reforça o cenário de incerteza, levando o mercado a adotar uma postura defensiva até a próxima reunião do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) em dezembro.
Especialistas apontam que movimento é de curto prazo
Para analistas do mercado financeiro e de criptomoedas, a recente queda do Bitcoin representa um movimento natural de correção após semanas de valorização intensa.
O Mercado Bitcoin, uma das maiores exchanges da América Latina, destacou que o comportamento é comum em períodos de indefinição monetária e que o cenário macroeconômico segue positivo no médio prazo para ativos digitais.
Especialistas da FG Nexus acrescentam que muitos investidores estão apenas reduzindo exposição momentânea até que o Fed apresente um posicionamento mais claro sobre o ciclo de juros.
De acordo com analistas técnicos, o nível de suporte do Bitcoin está agora entre US$ 105 mil e US$ 104 mil, e uma nova queda abaixo desse patamar pode abrir espaço para correções mais amplas.
Volatilidade aumenta, mas liquidações continuam contidas
A volatilidade do Bitcoin aumentou significativamente desde o final da quarta-feira (29), logo após os comentários de Powell. No entanto, os analistas da FxPro observam que as liquidações automáticas — ou seja, encerramentos forçados de posições alavancadas — continuam em níveis baixos.
Isso indica que o mercado está mais maduro e menos propenso a movimentos de pânico, uma diferença considerável em relação às fortes quedas registradas entre 2021 e 2022, quando o setor ainda sofria com excessos de alavancagem e falta de liquidez.
O comportamento atual reforça a tese de que o Bitcoin se consolida cada vez mais como um ativo financeiro de longo prazo, com investidores institucionais participando de forma crescente.
Bitcoin ainda mantém desempenho positivo no acumulado de 2025
Mesmo com a correção recente, o Bitcoin ainda acumula alta significativa em 2025. Desde janeiro, o ativo digital valorizou mais de 65%, impulsionado pela adoção institucional, pela expectativa de novos ETFs e pelo halving previsto para o início de 2026.
A tendência de longo prazo segue altista, sustentada pela escassez do ativo, pelo aumento da demanda e pela ampliação do uso de criptomoedas em sistemas de pagamento globais.
Os investidores de longo prazo (holders) continuam acumulando BTC em ritmo constante, o que indica confiança na valorização futura da moeda digital, mesmo diante de períodos de alta volatilidade.
Perspectivas para o mercado cripto após falas do Fed
Os próximos dias serão decisivos para definir o rumo do mercado de criptomoedas. Caso o Federal Reserve sinalize um ciclo de afrouxamento monetário mais previsível, o Bitcoin pode retomar o movimento de alta ainda em novembro.
Por outro lado, se o Fed mantiver a postura conservadora e o dólar continuar se fortalecendo, o Bitcoin pode enfrentar novas resistências, especialmente na faixa de US$ 108 mil a US$ 110 mil.
De acordo com analistas da Bloomberg Intelligence, o cenário mais provável é de consolidação lateral, com oscilações controladas até o início de dezembro. O mercado aguarda também dados econômicos importantes, como o payroll (relatório de empregos nos EUA) e novos indicadores de inflação.
Criptomoedas e o cenário global de investimentos
O recuo do Bitcoin ocorre em um contexto mais amplo de reprecificação dos mercados globais. Com o avanço das tensões geopolíticas e a desaceleração do crescimento econômico em grandes economias, investidores buscam diversificação e proteção.
Enquanto os juros altos nos EUA reduzem o apetite por risco, o interesse por ativos alternativos como ouro, stablecoins e Bitcoin tende a ressurgir sempre que há sinais de flexibilização monetária.
Analistas destacam que, historicamente, o Bitcoin se beneficia em ambientes de juros baixos, já que seu caráter descentralizado e deflacionário o torna atraente como reserva de valor e proteção contra a desvalorização das moedas fiduciárias.
Bitcoin entra em fase de correção saudável
A recente queda do Bitcoin reflete um ajuste natural do mercado após meses de forte valorização. Embora as falas de Jerome Powell tenham aumentado a cautela entre investidores, o cenário geral ainda é favorável para o ativo no médio e longo prazo.
Com o halving de 2026 se aproximando e a crescente adoção institucional, o Bitcoin tende a manter sua relevância como principal ativo digital global, consolidando-se cada vez mais como um pilar do sistema financeiro moderno.
Enquanto isso, analistas recomendam paciência e disciplina, evitando decisões impulsivas em meio à volatilidade — características já esperadas em um mercado que, apesar de maduro, continua em transformação constante.






