Bitcoin despenca com incertezas sobre cortes de juros nos EUA e pressiona mercado de criptomoedas
O mercado de criptomoedas enfrentou mais um dia de forte volatilidade. O Bitcoin registrou queda de 3,62% nesta quinta-feira (25), sendo cotado a US$ 109.600,63 por volta das 16h (horário de Brasília). O movimento acompanhou a cautela dos investidores após novos dados econômicos dos Estados Unidos reduzirem as chances de cortes adicionais na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Além do Bitcoin, o Ethereum também sofreu forte desvalorização, recuando 4,83% e sendo negociado a US$ 3.979,92. A correção foi impulsionada pelo ambiente de maior aversão ao risco, refletindo não apenas os indicadores econômicos norte-americanos, mas também a expectativa em torno das próximas decisões do banco central americano.
Bitcoin em queda: influência dos dados econômicos dos EUA
O Bitcoin vinha acumulando ganhos expressivos em meio à percepção de que o Fed poderia adotar cortes mais consistentes de juros, favorecendo ativos de maior risco como as criptomoedas. No entanto, os dados recentes de inflação, PIB e emprego frustraram parte dessas expectativas.
A plataforma CME Group, que monitora probabilidades de decisões de política monetária nos EUA, mostrou uma redução nas chances de cortes adicionais em breve. Esse quadro desencadeou maior cautela em Wall Street e afetou diretamente o comportamento do mercado de criptoativos.
Fed e divergências de posicionamento
Outro fator que contribuiu para a volatilidade foi a comunicação dos dirigentes do Federal Reserve. Apesar de parte dos membros adotar tom cauteloso, defendendo manutenção de juros elevados por mais tempo, outras vozes dentro da instituição reforçam a necessidade de cortes adicionais.
O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e de Kansas City, Jeffrey Schmid, alinharam-se ao discurso de prudência de Jerome Powell, presidente da instituição. Por outro lado, Stephen Miran, recém-indicado por Donald Trump, e a vice-presidente de Supervisão, Michelle Bowman, continuam a defender flexibilizações monetárias para estimular a economia.
Essa divisão interna intensifica as incertezas e amplia os movimentos especulativos sobre o rumo da política monetária nos EUA, impactando diretamente ativos como o Bitcoin e o Ethereum.
Bitcoin e o efeito da política monetária americana
A trajetória do Bitcoin tem mostrado alta correlação com a expectativa de juros nos EUA. Quando há perspectiva de cortes, a liquidez tende a aumentar, estimulando a busca por ativos de risco. Por outro lado, a sinalização de manutenção de juros em patamares elevados reduz o apetite dos investidores e pressiona o mercado cripto.
Esse movimento não se restringe ao Bitcoin. Altcoins como Ethereum, Solana e Cardano também refletem o mesmo padrão de oscilação, embora com intensidade distinta. A volatilidade, nesse cenário, é ampliada pela incerteza regulatória e pelo comportamento especulativo dos investidores globais.
Ethereum acompanha o Bitcoin na correção
O Ethereum, segunda maior criptomoeda em valor de mercado, recuou 4,83% no mesmo período, negociado abaixo de US$ 4.000. A queda expressiva mostra que o movimento não se restringiu ao Bitcoin, mas atingiu o ecossistema cripto como um todo.
Projetos ligados a finanças descentralizadas (DeFi) e tokens não fungíveis (NFTs) também sofrem reflexos, uma vez que sua liquidez depende do desempenho das duas maiores criptomoedas do mercado.
Investidores em busca de proteção
Diante das incertezas, parte dos investidores migrou para ativos considerados mais seguros, como títulos do Tesouro norte-americano e o próprio dólar, que se valorizou globalmente. Esse movimento reforça a tese de que, em períodos de cautela, mesmo ativos digitais de alta capitalização como o Bitcoin sofrem pressão negativa.
No Brasil, a valorização do dólar também impacta as operações com criptomoedas, uma vez que a cotação do real influencia a precificação local desses ativos em corretoras nacionais.
Perspectivas para o Bitcoin nos próximos meses
A tendência de curto prazo para o Bitcoin dependerá diretamente da evolução da política monetária nos EUA. Caso os dados de inflação e emprego continuem robustos, o Fed terá menos espaço para cortes, o que pode manter a pressão sobre o mercado cripto.
Ainda assim, analistas reforçam que o Bitcoin segue em um ciclo de valorização de longo prazo, sustentado por fatores como:
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Halving de 2024: que reduziu a oferta de novas moedas no mercado.
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Adoção institucional: maior entrada de fundos e ETFs de Bitcoin em bolsas globais.
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Busca por proteção: investidores enxergando o Bitcoin como ativo de diversificação frente a riscos políticos e cambiais.
O que observar no curto prazo
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Indicadores econômicos dos EUA – Novas divulgações de inflação e emprego tendem a definir a direção da política monetária do Fed.
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Falas dos dirigentes – A divergência de opiniões dentro do Fed pode seguir gerando volatilidade.
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Fluxo institucional – A entrada ou saída de capital estrangeiro em ETFs de cripto será determinante para o comportamento do Bitcoin.
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Cenário geopolítico – Tensões internacionais também podem influenciar a busca por ativos de proteção, impactando a demanda por criptomoedas.
A queda do Bitcoin nesta quinta-feira reforça a sensibilidade do mercado de criptomoedas à política monetária dos Estados Unidos. A incerteza sobre os cortes de juros amplia a volatilidade e pressiona não apenas o Bitcoin, mas todo o ecossistema digital. Ainda assim, no horizonte de longo prazo, o ativo mantém fundamentos sólidos para continuar atraindo investidores institucionais e individuais.






