Brasil abre mercados para exportação de feijão e fortalece presença no Leste Europeu
O anúncio de que o Brasil abre mercados para exportação de feijão marca um novo capítulo na estratégia de internacionalização do agronegócio brasileiro. A conclusão das negociações fitossanitárias que autorizam a venda de feijão comum e feijão-fradinho para Armênia, Belarus, Cazaquistão e Quirguistão consolida o avanço do país em regiões consideradas estratégicas e reforça o protagonismo brasileiro no comércio global de alimentos.
Os quatro países integram a União Econômica Euroasiática e somam cerca de 36 milhões de habitantes, número relevante para um produto que tem forte presença tanto no consumo doméstico quanto no varejo internacional. Ao ampliar o acesso a esses mercados, o Brasil não apenas diversifica seus destinos de exportação, como também reduz a dependência de compradores tradicionais, estratégia vista como fundamental em um cenário global cada vez mais volátil.
A decisão ocorre em um momento particularmente favorável para o setor. Entre janeiro e novembro de 2025, o Brasil exportou aproximadamente 501 mil toneladas de feijão, o maior volume registrado desde 1997. O dado confirma a consolidação do grão como um dos produtos agrícolas mais dinâmicos da pauta exportadora brasileira.
União Econômica Euroasiática entra no radar do agronegócio
A abertura dos novos mercados não é um movimento isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla de inserção do Brasil no Leste Europeu e na Ásia Central. A União Econômica Euroasiática tem se mostrado um bloco com crescente demanda por alimentos, especialmente produtos básicos, como grãos e leguminosas.
Ao permitir a exportação de feijão comum e feijão-fradinho, o Brasil passa a atender tanto o consumo direto das famílias quanto as demandas da indústria alimentícia local. O feijão comum, base da alimentação brasileira, encontra aceitação crescente em mercados externos por seu valor nutricional, versatilidade culinária e competitividade de preço. Já o feijão-fradinho tem forte apelo econômico e social, sobretudo por sua ligação com cadeias produtivas regionais e pequenos produtores.
Quando o Brasil abre mercados para exportação de feijão, cria também oportunidades logísticas, comerciais e diplomáticas, ampliando o alcance do produto nacional e fortalecendo a imagem do país como fornecedor confiável de alimentos.
Histórico de crescimento nas exportações
Mesmo antes da formalização dos novos acordos, o comércio de feijão com esses quatro países já vinha em expansão. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 38 milhões em feijão para Armênia, Belarus, Cazaquistão e Quirguistão. A Armênia, em especial, liderou as compras, respondendo por aproximadamente US$ 26,3 milhões desse total.
Esses números demonstram que a demanda já existia, mas enfrentava limitações técnicas e burocráticas. Com a definição dos requisitos fitossanitários e a oficialização dos protocolos, a expectativa do governo e do setor privado é de aumento significativo no fluxo comercial.
Desde 2023, o Brasil já soma 519 novas oportunidades de acesso a mercados externos, resultado de uma política ativa de negociação sanitária e diplomática. A abertura desses mercados reforça a diversificação da pauta exportadora e reduz riscos associados à concentração em poucos destinos.
Impacto regional e social da exportação de feijão
O avanço das exportações não beneficia apenas grandes produtores ou tradings internacionais. O feijão-fradinho, em especial, desempenha papel relevante no Norte e no Nordeste do Brasil, onde sua produção está associada à geração de renda local e ao fortalecimento da agricultura familiar.
Ao ampliar os mercados compradores, o Brasil cria condições para estimular a produção regional, aumentar a renda dos pequenos produtores e reduzir desigualdades econômicas. O feijão comum, por sua vez, atende uma cadeia produtiva mais ampla, envolvendo desde médios produtores até grandes cooperativas, além de movimentar o setor de armazenagem, transporte e beneficiamento.
Nesse contexto, quando o Brasil abre mercados para exportação de feijão, o impacto ultrapassa os números da balança comercial e alcança dimensões sociais e regionais relevantes.
Recorde histórico em 2025 e perspectiva de continuidade
O ano de 2025 entrou para a história do agronegócio brasileiro com a marca de 500 mil toneladas exportadas de feijão, representando um crescimento de 45% em relação ao ano anterior. O desempenho surpreendeu até mesmo analistas mais otimistas, que tradicionalmente viam o feijão como um produto voltado majoritariamente ao mercado interno.
Especialistas avaliam, no entanto, que ainda há espaço para expansão. A competitividade do produto brasileiro, aliada à capacidade de atender exigências sanitárias rigorosas, coloca o país em posição vantajosa frente a outros exportadores.
O cenário para 2026 é visto como promissor, sobretudo se novas negociações avançarem. A possível abertura do mercado chinês, por exemplo, poderia adicionar até 500 mil toneladas anuais de feijão mungo à pauta exportadora, além de cerca de 200 mil toneladas de feijão guandu. Caso se concretize, esse movimento elevaria o feijão a um novo patamar de relevância dentro do agronegócio nacional.
Papel do governo nas negociações
A abertura dos novos mercados é resultado de um trabalho coordenado entre diferentes áreas do governo. O Ministério da Agricultura foi responsável pela condução das negociações técnicas, definindo requisitos fitossanitários para prevenir a introdução de pragas e doenças. Já o Ministério das Relações Exteriores atuou no diálogo diplomático, alinhando interesses comerciais e políticos.
Esse modelo de atuação integrada tem sido apontado como um dos fatores-chave para o sucesso recente do Brasil na abertura de mercados. A previsibilidade das regras e a clareza dos protocolos são vistas como elementos fundamentais para dar segurança aos exportadores e atrair investimentos.
O governo afirma que a ampliação da presença internacional do agronegócio segue como prioridade estratégica, especialmente em um contexto de transformação do comércio global de alimentos.
Preços internos e monitoramento do mercado
Um dos pontos de atenção sempre que as exportações crescem é o impacto sobre os preços no mercado interno. Empresários do setor afirmam que, até o momento, o avanço das vendas externas de feijão ocorreu sem pressionar os preços pagos pelos consumidores brasileiros.
Ainda assim, o governo mantém sistemas de monitoramento para acompanhar a evolução do mercado. O objetivo é garantir o equilíbrio entre o atendimento da demanda externa e o abastecimento interno, preservando a segurança alimentar e a estabilidade de preços.
A experiência recente mostra que o aumento da produção, aliado à abertura de novos mercados, pode beneficiar tanto exportadores quanto consumidores, desde que haja planejamento e coordenação.
Brasil consolida posição como exportador de leguminosas
Com a autorização para exportar feijão comum e feijão-fradinho para a União Econômica Euroasiática, o Brasil amplia a lista de destinos do feijão nacional e reforça sua posição como um dos principais exportadores de leguminosas do mundo.
O movimento sinaliza maturidade do setor, capacidade de adaptação às exigências internacionais e visão estratégica de longo prazo. Ao diversificar mercados e produtos, o país reduz vulnerabilidades e cria bases mais sólidas para o crescimento sustentável do agronegócio.
Quando o Brasil abre mercados para exportação de feijão, reafirma também seu papel como fornecedor global de alimentos, em um momento em que a segurança alimentar ganha cada vez mais relevância no cenário internacional.
Conclusão
A abertura de quatro novos mercados para o feijão brasileiro representa mais do que um avanço comercial pontual. Trata-se de um passo estratégico que combina crescimento econômico, fortalecimento regional e projeção internacional. Com recordes de exportação, perspectivas de novos acordos e uma cadeia produtiva cada vez mais estruturada, o feijão deixa de ser apenas símbolo da mesa brasileira para se firmar como ativo relevante do agronegócio global.
O desafio agora é manter o ritmo, ampliar a base produtiva e garantir que os benefícios desse avanço sejam distribuídos ao longo de toda a cadeia, do pequeno produtor ao consumidor final. O cenário aponta para um futuro em que o feijão brasileiro ocupará espaço cada vez maior no comércio internacional.






