O primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, e o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, emitiram uma declaração conjunta nesta segunda-feira, expressando seu firme apoio à celebração do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. A declaração ocorre em meio a uma polarização de opiniões sobre o acordo, com o presidente francês, Emmanuel Macron, manifestando forte oposição nos últimos dias.
Scholz enfatizou o compromisso empenhado em garantir a conclusão bem-sucedida do acordo, declarando: “Vamos envidar esforços adicionais para que este acordo possa ser concluído”. O líder alemão também elogiou os esforços do Brasil, especialmente sob a liderança de Lula, na preservação das florestas e na assinatura de tratados de cooperação relacionados à transição energética e à produção de hidrogênio verde.
“Queremos criar indústrias neutras e promover a pesquisa em matéria climática. Essa transformação tem que ser bem-sucedida, mas só será bem-sucedida se for socialmente justa”, destacou Scholz, enfatizando a importância de uma abordagem equilibrada e sustentável.
Lula, por sua vez, ressaltou a longa trajetória de quase 23 anos de negociação do acordo e expressou a necessidade de clareza por parte da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o interesse real da UE em um acordo equilibrado. O ex-presidente brasileiro anunciou que a cúpula do Mercosul na quinta-feira (6) será um momento decisivo para as negociações.
O presidente francês Macron, recentemente, expressou sua oposição ao acordo, argumentando que não pode pedir sacrifícios às indústrias e agricultores franceses para cumprir padrões ambientais mais rigorosos e, ao mesmo tempo, eliminar tarifas para produtos que não seguem essas práticas.
Scholz, no entanto, permanece otimista, declarando que está convencido de que será possível obter maioria no Parlamento Europeu e no Conselho para a aprovação do acordo, uma vez que as negociações estejam concluídas. O encontro do Mercosul na quinta-feira contará também com a participação do presidente da Argentina, Alberto Fernandes, e será marcado pela transição de poder para o presidente eleito Javier Milei, que já se pronunciou contrário ao bloco regional. Lula brincou, expressando esperança de que Scholz possa persuadir Milei a reconsiderar sua posição.
O presidente brasileiro enfatizou a importância estratégica da aproximação entre Mercosul e União Europeia, afirmando que é central na geopolítica para a criação de um mundo multipolar. Ele reconheceu as resistências de Macron, lembrando que não é a primeira vez que presidentes franceses se mostram reticentes em relação ao tratado. Lula se comprometeu a continuar as negociações, destacando sua perseverança ao longo de três eleições presidenciais até alcançar a vitória.