Caged de Junho: Mercado de Trabalho Brasileiro Ganha Destaque na Agenda Econômica
A Importância do Caged para o Diagnóstico do Emprego no Brasil
Em meio a um cenário macroeconômico volátil, com juros elevados e projeções de inflação em queda lenta, os dados de geração de empregos ganham ainda mais relevância. O destaque da agenda econômica desta segunda-feira, 04 de agosto de 2025, fica por conta da divulgação dos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) referentes ao mês de junho. O indicador serve como um termômetro do desempenho do mercado de trabalho formal brasileiro e influencia diretamente a formulação de políticas públicas e decisões empresariais.
Com a mediana das projeções apontando para 175 mil novas vagas com carteira assinada em junho, o Caged assume papel central na análise da retomada econômica e na expectativa quanto aos próximos passos do governo e do setor privado.
A seguir, você confere os dados previstos do Caged, os principais indicadores divulgados no dia, como o IPC-S, o Boletim Focus e os emplacamentos de veículos, além do impacto esperado nos setores produtivos e na percepção de investidores e consumidores.
O que é o Caged e por que ele é relevante?
Criado em 1965, o Caged é um instrumento de monitoramento do mercado de trabalho formal no Brasil. Ele compila informações sobre admissões e desligamentos com carteira assinada, possibilitando a medição do saldo líquido de empregos formais criados ou encerrados mensalmente.
É por meio do Caged que o governo, economistas e analistas conseguem:
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Avaliar a geração de emprego em setores específicos.
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Medir a eficácia de políticas públicas de estímulo ao emprego.
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Calcular a dinâmica de rotatividade no mercado formal.
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Planejar ações de qualificação profissional e programas sociais.
Além disso, os dados do Caged são fundamentais para antecipar tendências do consumo, do crédito e do crescimento do PIB.
Projeções para o Caged de junho: leve desaceleração
Segundo as projeções de 17 instituições financeiras e consultorias econômicas, o Caged de junho deverá registrar a criação de aproximadamente 175 mil vagas líquidas de emprego formal. Essa estimativa representa uma leve desaceleração em comparação com os meses anteriores, reflexo de uma economia que vem enfrentando os efeitos da Selic elevada e da pressão fiscal.
As projeções variam entre um piso de 144 mil e um teto de 210 mil novos postos de trabalho. Para o acumulado do ano, a expectativa é de 1,5 milhão de empregos líquidos, com variações de 1,25 milhão a 2,4 milhões dependendo da conjuntura macroeconômica.
Essa desaceleração esperada indica que o mercado de trabalho continua resiliente, mas já começa a sentir os impactos das condições econômicas mais restritivas.
Setores que mais influenciam o Caged
A expectativa é que o saldo positivo de junho venha, principalmente, dos setores:
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Serviços: puxado por atividades como turismo, saúde, educação e tecnologia.
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Comércio: aproveitando os primeiros sinais de aquecimento sazonal do segundo semestre.
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Construção civil: beneficiada por programas habitacionais e obras públicas.
O setor industrial, por sua vez, deve manter estabilidade ou ligeira retração, devido à baixa demanda doméstica e aos juros altos.
FGV divulga IPC-S: inflação avança em São Paulo e outras capitais
Outro dado relevante do dia é a divulgação do IPC-S da quarta quadrissemana de julho, que subiu 0,31%, acelerando em relação à leitura anterior (0,25%). A inflação acumulada em 12 meses chega a 3,99%.
Entre as sete capitais analisadas, São Paulo liderou a alta, passando de 0,23% para 0,45%. Salvador e Porto Alegre também apresentaram elevação. Já cidades como Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte mostraram recuo.
Esse avanço no IPC-S reflete a inflação de serviços, que costuma ter mais inércia, e pressiona o Banco Central a manter os juros elevados por mais tempo.
Boletim Focus: mercado revisa inflação e dólar
O Boletim Focus, divulgado às 8h25 pelo Banco Central, trouxe as seguintes atualizações:
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Inflação (IPCA): caiu para 5,09% em 2025 e 4,44% em 2026.
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Selic: mantida em 15% para 2025, 12,5% em 2026 e 10,5% em 2027.
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PIB: expectativa de crescimento de 2,23% em 2025 e 1,89% em 2026.
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Dólar: caiu de R$ 5,65 para R$ 5,60 no fim de 2025.
A redução nas projeções do IPCA sugere que o mercado está confiante na trajetória de queda da inflação, mas ainda cauteloso quanto ao espaço para cortes na Selic.
Fenabrave e os emplacamentos de veículos
O setor automotivo segue com números consistentes. A Fenabrave registrou 202,2 mil unidades vendidas em junho, mantendo o patamar do mesmo mês de 2024. No acumulado do semestre, o crescimento é de 5%, com 1,131 milhão de veículos licenciados.
Este desempenho sólido reforça a recuperação gradual da confiança do consumidor, especialmente em segmentos de crédito subsidiado ou com taxas menores.
Destaques internacionais e institucionais do dia
Além do Caged, a segunda-feira também traz uma série de compromissos institucionais e dados internacionais:
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O Banco Central inicia leilões de swap cambial para rolagem de contratos com vencimento em setembro.
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A Suíça comunica inflação ao consumidor com alta de 0,1% ao ano.
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Nos EUA, o Census Bureau divulga o volume de encomendas à indústria, com expectativa de retração.
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Japão e China apresentam seus PMIs de serviços e composto, com foco no desempenho de seus setores produtivos.
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No Brasil, o presidente Lula cumpre agenda de despachos no Palácio do Planalto, sancionando medidas para o FNDCT.
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Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, e diretores da instituição têm reuniões com executivos do setor financeiro, incluindo o Itaú Unibanco.
O que esperar do mercado nesta semana?
Com a divulgação do Caged de junho e os dados atualizados do Boletim Focus, os agentes econômicos devem ajustar suas estratégias em relação a:
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Investimentos em renda fixa e variável;
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Projeções para cortes ou manutenção da taxa Selic;
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Setores com maior propensão de geração de emprego;
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Consumo e endividamento das famílias.
A análise do desempenho do mercado de trabalho se torna ainda mais crítica diante da proximidade das eleições municipais e da necessidade de políticas públicas para manter a atividade econômica em expansão.
Caged é termômetro da retomada com qualidade
A divulgação do Caged nesta segunda-feira reforça o papel central do emprego formal como motor da economia. Embora haja sinais de desaceleração na geração de vagas, os números de junho devem confirmar a solidez do mercado de trabalho brasileiro, mesmo diante de juros altos e incertezas fiscais.
Com dados robustos em setores como serviços e comércio, a manutenção de boas expectativas para 2025 se sustenta. O Caged, mais do que um indicador estatístico, é o reflexo da confiança do setor privado e da eficácia das políticas públicas na promoção da ocupação formal.






