O candidato de extrema-direita, Javier Milei, que liderou as prévias eleitorais na Argentina, parece não representar um entrave para a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), caso saia vencedor das eleições presidenciais marcadas para 22 de outubro. A valorização do peso argentino frente ao dólar sofreu uma forte queda após os resultados das prévias eleitorais.
Economista com uma agenda ultraliberal e defensor de uma ampla abertura comercial, Milei não deve criar obstáculos para a finalização do acordo entre os dois blocos, apesar de suas críticas ao funcionamento do Mercosul e à escolha da UE como parceiro.
Uma fonte do Itamaraty afirmou ao Valor que, se a abordagem econômica do governo argentino for semelhante à do ex-presidente Jair Bolsonaro, é provável que Milei busque fechar acordos comerciais. No entanto, a diplomacia brasileira mantém uma postura cautelosa em relação a um possível governo de extrema-direita na Argentina, afirmando que é preciso aguardar o resultado das eleições para avaliar com mais precisão.
Após o anúncio do acordo comercial entre a UE e o Mercosul em 2019, Milei criticou o funcionamento do Mercosul, mas se mostrou favorável ao acordo em si. Ele defendeu a abertura do comércio e expressou a opinião de que a Argentina deveria priorizar acordos comerciais com os Estados Unidos ou países asiáticos, devido à tradição protecionista europeia. Ele mencionou que a Aliança do Pacífico, composta por Peru, México, Colômbia e Chile, seria mais vantajosa em sua visão.
Atualmente, os membros do Mercosul estão trabalhando na formalização de uma resposta à União Europeia, que solicitou compromissos adicionais aos acordados em 2019. Enquanto Brasil e Argentina já finalizaram suas contribuições, Paraguai e Uruguai ainda estão em processo de análise. A previsão é que a resposta seja enviada ainda esta semana.
A posição de Milei em relação ao acordo comercial entre Mercosul e UE será um elemento a ser observado durante a campanha eleitoral, enquanto o país aguarda as eleições presidenciais que definirão o futuro rumo das relações comerciais e diplomáticas da Argentina.