Canetas injetáveis para obesidade e diabetes: EMS inicia produção nacional e revoluciona tratamento no Brasil
O Brasil deu um passo histórico no combate a duas das doenças crônicas que mais crescem no país e no mundo: a obesidade e o diabetes tipo 2. A EMS, maior laboratório farmacêutico do país, iniciou nesta semana a comercialização das primeiras canetas injetáveis produzidas nacionalmente para o tratamento dessas condições. Os medicamentos, batizados de Olire e Lirux, já estão disponíveis nas farmácias e prometem transformar o acesso da população a terapias modernas, antes restritas a medicamentos importados.
A produção das canetas injetáveis para obesidade e diabetes ocorre na nova planta industrial da EMS em Hortolândia (SP), construída com apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que destinou R$ 48 milhões ao projeto. A fábrica, com área de 2.500 m², recebeu investimentos totais de R$ 70 milhões e tem capacidade para produzir até 20 milhões de unidades por ano.
O que são as canetas injetáveis para obesidade e diabetes?
As canetas injetáveis para obesidade e diabetes são dispositivos de uso médico que aplicam doses controladas de medicamentos diretamente no organismo do paciente. Os modelos Olire e Lirux, lançados pela EMS, são compostos por liraglutida, um análogo ao hormônio GLP-1, que atua na regulação do apetite e da glicose no sangue.
Enquanto o Olire é indicado para tratamento de obesidade, o Lirux é voltado ao controle da diabetes tipo 2. Ambos os produtos representam alternativas eficazes, seguras e acessíveis, sendo indicados para pacientes que necessitam de apoio farmacológico para perda de peso ou estabilização dos níveis glicêmicos.
A molécula liraglutida era até então comercializada por laboratórios estrangeiros, como a dinamarquesa Novo Nordisk, com os nomes comerciais Saxenda (obesidade) e Victoza (diabetes). Com o fim das patentes no Brasil, a EMS desenvolveu sua própria versão com tecnologia nacional.
Por que a produção nacional é um marco para o Brasil?
A fabricação das canetas injetáveis para obesidade e diabetes em território brasileiro tem impactos profundos em diversas frentes:
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Acesso à saúde: Com a produção local, os custos de importação são eliminados, o que tende a reduzir os preços dos medicamentos e aumentar sua disponibilidade em farmácias.
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Independência tecnológica: O Brasil passa a dominar uma tecnologia até então concentrada em grandes multinacionais do setor farmacêutico.
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Inovação industrial: As canetas não são genéricos convencionais, mas sim medicamentos de alta complexidade, desenvolvidos por meio de engenharia química avançada.
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Geração de empregos: O projeto da EMS já gerou 150 empregos diretos e cerca de mil indiretos, fortalecendo a economia local.
O impacto no combate à obesidade no Brasil
Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a obesidade pode atingir 48% da população adulta brasileira até 2044. Atualmente, 34% dos adultos já convivem com a doença, além de 3,1 milhões de crianças com até 10 anos também afetadas.
Esse cenário é preocupante, pois a obesidade está relacionada ao surgimento de diversas outras doenças, como hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. O uso das canetas injetáveis para obesidade, como o Olire, é considerado uma ferramenta eficaz no auxílio à perda de peso, especialmente quando combinada com dieta e atividade física supervisionada.
A produção local desses medicamentos permite ampliar o alcance das terapias para diferentes perfis de pacientes, inclusive no sistema público de saúde, caso futuramente haja incorporação pelo SUS.
Controle da diabetes tipo 2 com mais eficiência
A diabetes tipo 2 já é considerada uma epidemia global. No Brasil, milhões de pessoas convivem com a doença e muitas delas enfrentam dificuldades para manter o controle glicêmico com tratamentos orais convencionais.
O Lirux, nova caneta injetável da EMS, surge como alternativa para pacientes com maior grau de resistência insulínica. Seu princípio ativo, a liraglutida, aumenta a liberação de insulina e reduz a produção de glucagon, além de retardar o esvaziamento gástrico, promovendo maior saciedade.
A inovação oferece uma opção moderna de tratamento com potencial para reduzir hospitalizações e complicações graves associadas à diabetes, como insuficiência renal, amputações e cegueira.
Diferenças entre genéricos e os novos medicamentos da EMS
Embora a EMS seja líder no mercado de genéricos no Brasil, as novas canetas injetáveis para obesidade e diabetes não se enquadram nessa categoria. Isso porque foram desenvolvidas a partir de tecnologias inovadoras, como a síntese química de peptídeos, que exige investimentos em pesquisa, equipamentos e qualificação técnica.
Trata-se de medicamentos biotecnológicos complexos, com altíssimo grau de exigência regulatória. O desenvolvimento local, além de representar uma conquista científica, também amplia a presença do Brasil em mercados internacionais que demandam esse tipo de inovação.
Comercialização e regulamentação
As primeiras 250 mil unidades das canetas injetáveis da EMS devem chegar às farmácias brasileiras até o final de 2025, com prioridade nas regiões Sul e Sudeste. A venda, no entanto, só pode ser feita mediante prescrição médica retida na farmácia, conforme determina a Anvisa.
O acompanhamento médico é essencial para garantir a segurança do tratamento, uma vez que as doses devem ser ajustadas conforme a resposta individual de cada paciente. Além disso, os profissionais de saúde devem orientar sobre os possíveis efeitos colaterais e o uso correto do dispositivo.
Futuro: semaglutida e expansão internacional
A EMS não pretende parar por aí. A empresa já trabalha no desenvolvimento de uma caneta injetável à base de semaglutida, princípio ativo presente no famoso Ozempic, também utilizado para diabetes e controle de peso. Com a expiração da patente prevista para 2026, a EMS planeja lançar seu próprio produto ainda em 2025.
A estratégia faz parte do plano de internacionalização da farmacêutica, que espera gerar até US$ 2 bilhões em receitas no exterior e outros US$ 2 bilhões no Brasil nos próximos anos, consolidando sua presença nos principais mercados globais de saúde.
A chegada das canetas injetáveis para obesidade e diabetes desenvolvidas pela EMS representa uma conquista histórica para a indústria farmacêutica brasileira. Com tecnologia própria, investimentos em inovação e foco na ampliação do acesso à saúde, a empresa marca o início de uma nova era no tratamento de doenças crônicas no Brasil.
Mais do que uma solução terapêutica, os medicamentos Olire e Lirux colocam o Brasil no mapa da inovação em saúde de alta complexidade, reforçando o protagonismo nacional em um setor estratégico. Para milhões de brasileiros que convivem com obesidade e diabetes tipo 2, essa conquista representa esperança, autonomia e qualidade de vida.






