China prioriza soja do Brasil e EUA pode perder bilhões em vendas em 2025
A disputa comercial entre Estados Unidos e China volta a movimentar o mercado global de commodities, e o grande beneficiado é o Brasil. Segundo dados do setor, a China — maior importadora mundial de oleaginosas — decidiu priorizar a compra de soja do Brasil para embarques durante a principal temporada de comercialização dos EUA, reduzindo drasticamente a participação americana no fornecimento.
Essa decisão estratégica pode representar perdas de bilhões de dólares para os produtores norte-americanos, ao mesmo tempo em que reforça o protagonismo brasileiro no comércio global de grãos.
China antecipa compras e fecha acordo com o Brasil
De acordo com tradings internacionais, importadores chineses já reservaram aproximadamente 8 milhões de toneladas de soja do Brasil para embarque em setembro — mês que marca o início da janela de exportação dos EUA. Para outubro, já foram garantidas cerca de 4 milhões de toneladas, o equivalente a metade da demanda esperada para o mês, também originadas da América do Sul.
O movimento indica que o setor chinês está reforçando seus estoques antes de possíveis riscos de abastecimento no último trimestre de 2025. Essa estratégia contrasta com o padrão histórico, no qual o país asiático costumava adquirir grandes volumes de soja norte-americana entre setembro e janeiro, antes da chegada da nova safra brasileira ao mercado.
Tensões comerciais e tarifas pesam contra os EUA
O pano de fundo dessa mudança é a continuidade das tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Mesmo após a recente prorrogação da trégua tarifária por mais 90 dias, a tarifa de 23% sobre as importações de soja dos EUA permanece em vigor, tornando o produto norte-americano menos competitivo em relação à soja do Brasil.
No ano passado, a China importou cerca de 105 milhões de toneladas de soja, das quais 22,13 milhões vieram dos Estados Unidos, somando US$ 12 bilhões. Com as novas prioridades, esse volume pode cair de forma acentuada em 2025.
Preço competitivo da soja brasileira
Outro fator que favorece o Brasil é o preço. Excluindo tarifas, a soja norte-americana para embarque em outubro está cerca de US$ 40 por tonelada mais barata do que a brasileira. No entanto, com o imposto chinês sobre o produto dos EUA, essa vantagem desaparece, e a soja do Brasil passa a ser a opção mais viável.
Além disso, o Brasil tem conseguido garantir embarques contínuos e em grandes volumes, fortalecendo sua imagem como fornecedor confiável e estratégico para a China.
Efeito no mercado internacional
A ausência prolongada de compras chinesas da safra norte-americana tende a pressionar os contratos futuros da soja negociados em Chicago, que já operam próximos às mínimas de cinco anos. Essa queda pode afetar diretamente a renda de produtores dos EUA, enquanto o Brasil amplia sua participação no mercado.
Especialistas apontam que, se não houver acordo para redução das tarifas, a vantagem brasileira deve se manter até o início da próxima safra sul-americana, consolidando a liderança do país no fornecimento global.
Histórico da relação comercial China-Brasil no setor de soja
O comércio de soja do Brasil para a China ganhou força especialmente após a guerra comercial iniciada durante o primeiro mandato de Donald Trump. Desde então, Pequim vem buscando reduzir a dependência de produtos agrícolas norte-americanos, diversificando fornecedores e apostando no aumento da participação brasileira.
O Brasil, por sua vez, investiu na ampliação da produção, na modernização da logística de exportação e no fortalecimento de acordos comerciais. Isso permitiu que o país se tornasse o principal parceiro da China no fornecimento de soja.
Estoques elevados e segurança alimentar
Nos últimos meses, a China importou volumes recordes de soja, resultando em estoques confortáveis para enfrentar eventuais interrupções de oferta. Essa estratégia de segurança alimentar garante que o país possa manter a produção de ração animal e atender à demanda da indústria de óleo de soja, setores essenciais para sua economia.
Ao optar pela soja do Brasil, a China também busca estabilidade no fornecimento e previsibilidade de preços, reduzindo riscos geopolíticos e comerciais.
Impactos para o agronegócio brasileiro
O aumento das exportações para a China impulsiona toda a cadeia produtiva da soja no Brasil. Produtores, cooperativas, transportadoras e portos se beneficiam do fluxo constante de embarques, enquanto a receita de exportação contribui para o saldo da balança comercial.
Com a demanda chinesa em alta, as regiões produtoras, especialmente no Centro-Oeste e no Sul, intensificam investimentos em tecnologia, mecanização e ampliação de áreas cultivadas, consolidando o Brasil como potência agrícola global.
Possíveis mudanças no cenário
Apesar do atual favoritismo brasileiro, analistas alertam que um eventual acordo comercial entre EUA e China poderia alterar o quadro. Caso as tarifas sobre a soja norte-americana sejam reduzidas ou eliminadas, os preços mais competitivos dos EUA poderiam recuperar parte do mercado.
No entanto, mesmo nesse cenário, a soja do Brasil manteria vantagem em qualidade, volume e regularidade de entrega, fatores altamente valorizados pelos importadores chineses.
A priorização da soja do Brasil pela China em 2025 reforça a posição estratégica do país como líder global no mercado de oleaginosas. Enquanto as tensões comerciais afastam os EUA, o Brasil consolida relações comerciais sólidas, garante presença nos principais portos chineses e impulsiona seu agronegócio.
Com preços competitivos, produção recorde e uma cadeia logística cada vez mais eficiente, o Brasil deve manter seu protagonismo nas exportações de soja para a China, garantindo benefícios econômicos expressivos e fortalecendo sua influência no comércio internacional.






