No último domingo, cidades como Brasília e Ribeirão Preto amanheceram encobertas por fumaça devido a queimadas que se alastram pelo país. O presidente Lula visitou o Prevfogo em meio à crise e o Ibama acionou a Polícia Federal para apurar possíveis incêndios criminosos.
As queimadas que vêm devastando várias regiões do Brasil atingiram um ponto crítico no último domingo (25), quando cidades como Brasília, Ribeirão Preto e Uberlândia acordaram cobertas por densas camadas de fumaça. A situação se agrava em meio a um período de seca intensa, que facilita a propagação do fogo e dificulta a dispersão da fumaça. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, visitou a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para acompanhar de perto as operações de combate aos incêndios florestais.
A Visita de Lula ao Prevfogo
Em resposta à crescente preocupação com os incêndios florestais, Lula visitou as instalações do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), localizado na sede do Ibama em Brasília. Durante a visita, o presidente foi informado sobre as ações em andamento para conter os focos de incêndio que têm se alastrado por diversas regiões do país, especialmente na Amazônia e no Pantanal, cujas cinzas e fuligem estão sendo transportadas por ventos até cidades distantes, como Brasília e Ribeirão Preto.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, que acompanhou Lula na visita, destacou a gravidade da situação e anunciou que o governo federal enviará aeronaves para auxiliar no combate aos incêndios em São Paulo, estado que enfrenta uma situação crítica, especialmente em Ribeirão Preto, onde o aeroporto local permanece fechado desde o sábado (24) devido à baixa visibilidade causada pela fumaça.
Ação do Ibama e Polícia Federal
Diante da suspeita de que alguns dos incêndios possam ter sido provocados intencionalmente, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, acionou a Polícia Federal (PF) para investigar possíveis ações criminosas. O ofício enviado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, solicita uma investigação aprofundada sobre as causas dos incêndios, especialmente em áreas onde há indícios de atividade criminosa.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, confirmou que duas pessoas foram presas no interior do estado sob a suspeita de envolvimento em incêndios criminosos. Essas prisões reforçam a tese de que, além das queimadas naturais e acidentais, há uma parcela significativa dos incêndios que está sendo provocada de forma deliberada, o que pode agravar ainda mais a crise ambiental.
Impacto das Queimadas nas Cidades
A fumaça densa que tomou conta das cidades afetou não apenas a visibilidade e a qualidade do ar, mas também trouxe sérios riscos à saúde pública. Em Brasília, a concentração de partículas nocivas no ar atingiu níveis alarmantes, colocando em risco a população, especialmente pessoas com problemas respiratórios, crianças e idosos. Em Ribeirão Preto, além do fechamento do aeroporto, moradores relataram dificuldades respiratórias e irritação nos olhos devido à fuligem que se espalhou pela cidade.
A situação em Ribeirão Preto é particularmente preocupante, pois a cidade está enfrentando uma combinação de fatores que intensificam os efeitos das queimadas: além da seca prolongada, a cidade tem registrado altas temperaturas, o que agrava ainda mais a qualidade do ar. As autoridades locais têm recomendado que a população evite atividades ao ar livre e mantenha as janelas fechadas para minimizar a exposição à fumaça.
Medidas de Combate e Prevenção
O governo federal, em conjunto com os governos estaduais e municipais, está mobilizando todos os recursos disponíveis para combater os incêndios e mitigar os danos. Além do envio de aeronaves para São Paulo, como anunciado pela ministra Marina Silva, outras medidas estão sendo implementadas, como o reforço das equipes de brigadistas e a intensificação das campanhas de conscientização para evitar queimadas, especialmente em áreas rurais.
O Ibama e o Prevfogo também estão monitorando de perto as áreas de risco e utilizando tecnologias avançadas de satélite para identificar novos focos de incêndio e agir rapidamente para controlá-los antes que se espalhem. A colaboração com a Polícia Federal é vista como um passo crucial para responsabilizar os autores de incêndios criminosos e desestimular novas ocorrências.
Apesar dos esforços das autoridades, o combate às queimadas no Brasil enfrenta diversos desafios, desde a vastidão das áreas afetadas até a limitação de recursos disponíveis para a ação imediata. A combinação de fatores naturais, como a seca e os ventos fortes, com a ação humana, seja acidental ou criminosa, cria um cenário complexo e de difícil controle.
A expectativa é que, com a chegada das chuvas, previstas para o final da primavera, a situação melhore e as queimadas diminuam. No entanto, até lá, as autoridades precisarão continuar em estado de alerta máximo e a população deverá seguir as recomendações para minimizar os riscos à saúde.