Consumo Fora do Lar em 2025: Tendências, Mudanças de Hábitos e Oportunidades para o Setor de Alimentação
A retração e a reinvenção do consumo fora do lar no Brasil
O comportamento do consumidor brasileiro em relação ao consumo fora do lar tem passado por mudanças significativas em 2025. De acordo com o estudo Consumer Insights 2025, elaborado pela Worldpanel, o setor tem enfrentado um cenário de contrastes: enquanto categorias tradicionais como bebidas alcoólicas sofrem forte queda, outras, como refeições e lanches, ganham espaço e impulsionam novas oportunidades para bares, restaurantes e vendedores ambulantes.
Bebidas alcoólicas perdem espaço entre as gerações
O dado mais impactante do levantamento foi a redução de 34% na penetração do consumo de bebidas alcoólicas fora de casa no primeiro trimestre de 2025. Essa retração está fortemente associada ao comportamento de duas faixas etárias: a Geração Z e os Baby Boomers, que reduziram suas visitas a bares e restaurantes em 31% e 32%, respectivamente.
A tendência revela uma mudança cultural e de prioridades. Para muitos jovens da Geração Z, o foco no bem-estar, na saúde e em estilos de vida mais equilibrados faz com que o consumo de álcool seja menos frequente. Já os Baby Boomers, por sua vez, têm demonstrado um comportamento mais cauteloso, possivelmente ligado a fatores econômicos e à saúde.
Millenials impulsionam consumo de bebidas não alcoólicas
Em contrapartida, os Millennials vêm impulsionando um novo padrão de consumo fora do lar, com aumento de 15,2% na procura por bebidas não alcoólicas. Produtos como água mineral sem gás, cafés especiais e sucos prontos para beber vêm ganhando destaque nesse contexto.
O interesse por opções mais saudáveis e práticas reflete um consumidor em transição, que ainda valoriza experiências fora de casa, mas que passou a escolher com mais critério o que consome. Para o mercado, esse é um indicativo claro de que a diversificação do cardápio e a inclusão de bebidas funcionais e naturais pode ser uma vantagem competitiva.
Refeições e lanches lideram alta no consumo fora do lar
Apesar da retração em categorias específicas, o consumo de refeições e lanches cresceu 17,5% em penetração no primeiro trimestre de 2025, tornando-se o principal motor de crescimento do setor. Essa expansão beneficiou especialmente restaurantes, bares e ambulantes, que registraram crescimento de 0,5%, 0,9% e 1,3% em unidades consumidas, respectivamente.
Essa tendência evidencia que o consumidor continua buscando praticidade e conveniência fora de casa, especialmente durante a jornada de trabalho ou nos momentos de lazer. O desafio, para os estabelecimentos, está em oferecer produtos com boa relação custo-benefício e adaptados às novas preferências alimentares.
Consumo fora do lar: retração no curto prazo, otimismo no longo prazo
O cenário atual é marcado por uma aparente contradição. No curto prazo, o consumo fora do lar apresenta retração: houve queda de 20,9% nas ocasiões de consumo e recuo de 13,8% no volume médio por visita. Esses dados refletem a seletividade do consumidor, que mesmo voltando a frequentar estabelecimentos, está mais criterioso e preocupado com os gastos.
No entanto, o estudo mostra sinais positivos para o futuro. A frequência de visitas aos pontos de venda aumentou 7,8%, enquanto as ocasiões de compra cresceram 4,4% no comparativo de longo prazo. Ou seja, há uma retomada em curso, ainda que lenta, com perspectivas de crescimento sólido nos próximos trimestres.
Mudança de comportamento: o consumidor do futuro já chegou
Os dados revelam uma transformação no perfil do consumidor que frequenta estabelecimentos fora do lar. Ele está mais atento à sua saúde, às suas finanças e à qualidade da experiência que vive em bares e restaurantes. Isso inclui:
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Redução de consumo de álcool;
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Valorização de bebidas não alcoólicas saudáveis;
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Busca por refeições completas e nutritivas;
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Redução de frequência em estabelecimentos, porém maior tempo de permanência;
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Avaliação mais crítica do custo-benefício de cada refeição.
Com a mobilidade retomada após os anos de pandemia e com a reorganização da rotina profissional (muitos ainda em regime híbrido), o consumo fora do lar não desapareceu — ele apenas mudou de forma.
Oportunidades para o setor de alimentação fora do lar
A mudança nos padrões de consumo fora do lar representa, antes de tudo, uma oportunidade estratégica para o setor de alimentação e hospitalidade. Restaurantes, bares e até ambulantes precisam repensar seus cardápios, formatos de atendimento e estratégias de marketing para atender ao novo perfil de consumidor.
Veja algumas oportunidades emergentes:
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Menus saudáveis e personalizados: incluir opções vegetarianas, veganas, sem glúten e com apelo funcional pode atrair o público preocupado com saúde.
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Promoções inteligentes: diante de um consumidor mais econômico, criar combos acessíveis e experiências com valor agregado pode aumentar o ticket médio.
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Bebidas não alcoólicas premium: investir em sucos naturais, chás gelados artesanais e cafés especiais pode gerar diferenciação.
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Tecnologia e atendimento ágil: integrar cardápios digitais, sistemas de autoatendimento e pagamentos por QR Code otimizam a experiência e fidelizam o cliente.
A regionalização do consumo: comportamento por cidade
O estudo abrangeu sete grandes regiões metropolitanas do Brasil: Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Ainda que os dados agregados revelem uma tendência nacional, cada cidade possui sua própria dinâmica de consumo fora do lar, com variações conforme o poder aquisitivo local, clima, cultura e oferta de estabelecimentos.
Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a retomada é mais acelerada, impulsionada por uma base maior de estabelecimentos e por hábitos já consolidados de alimentação fora de casa. Já em praças como Salvador e Fortaleza, fatores climáticos e culturais também impactam o tipo de consumo realizado.
Um novo ciclo de consumo fora do lar
O ano de 2025 marca um ponto de inflexão no comportamento do consumidor brasileiro. O consumo fora do lar não está desaparecendo — ele está evoluindo. As empresas que conseguirem interpretar os sinais, adaptar suas ofertas e estreitar o relacionamento com o novo consumidor terão vantagem competitiva nos próximos anos.
Bares e restaurantes que antes apostavam exclusivamente no apelo do happy hour ou do consumo de álcool, agora precisam diversificar. O público exige mais do que produtos: quer experiências, saúde e propósito.
O estudo da Worldpanel é claro: as transformações vieram para ficar, e o mercado precisa acompanhá-las para sobreviver e prosperar.






