São Paulo, 26 de agosto de 2024 — A corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo ganhou novos contornos nesta segunda-feira, 26, com a intensificação dos ataques entre os principais candidatos. O apresentador e candidato José Luiz Datena, que concorre ao cargo pelo PSDB, fez duras críticas ao adversário Pablo Marçal (PRTB) em um vídeo publicado nas redes sociais. Datena retomou a polêmica em torno da “farinata”, proposta por Filipe Sabará, atual coordenador do plano de governo de Marçal, que ganhou notoriedade durante a gestão de João Doria na prefeitura paulistana.
A Polêmica da Farinata: Relembrando um Episódio Controverso
A “farinata” foi uma iniciativa introduzida em 2017 por João Doria, então prefeito de São Paulo, como parte do Programa de Alimentação Solidária. O composto alimentar, feito a partir de alimentos próximos ao vencimento e transformado em biscoitos e macarrão, foi proposto como uma solução para combater a fome na capital paulista. No entanto, a medida gerou uma onda de críticas, sendo considerada por muitos como inadequada para a merenda escolar.
Especialistas questionaram o valor nutricional da “farinata” e apontaram para os possíveis riscos à saúde dos estudantes. A proposta foi rapidamente rejeitada após manifestações contrárias, incluindo protestos organizados por mães de alunos na Avenida Paulista. A pressão pública e as críticas de partidos de oposição, como o PT e o PSOL, levaram Doria a recuar da decisão apenas um dia após o anúncio.
Agora, essa controvérsia retorna ao debate político com Datena associando a imagem de Marçal à proposta, por conta da participação de Filipe Sabará, que à época era o Secretário de Assistência e Desenvolvimento Social na gestão Doria. “Veja com quem tu andas que eu direi quem tu és”, afirmou Datena, acusando Sabará de querer “servir comida de cachorro” para as crianças de São Paulo.
A Reação dos Adversários: Crescimento de Marçal nas Pesquisas e a Tática de Desgaste
Com o crescimento de Pablo Marçal nas pesquisas eleitorais, seus adversários intensificaram os ataques. Marçal, que era conhecido como coach antes de se lançar na política, tem ganhado terreno entre o eleitorado, o que tem gerado uma reação em cadeia dos outros candidatos.
Tabata Amaral (PSB), por exemplo, produziu vídeos em suas redes sociais ressaltando a condenação de Marçal por envolvimento com uma quadrilha de desvio de dinheiro de contas bancárias. A candidata busca, com essas publicações, “expor quem é Pablo Marçal” e impedir que ele continue avançando nas pesquisas.
Guilherme Boulos (PSOL) também entrou na disputa com novas críticas. Após ser pressionado por seus apoiadores, que o acusavam de inércia frente ao crescimento de Marçal, Boulos publicou vídeos em que representa o PRTB e o MDB com cápsulas de projéteis de fuzil, uma clara alusão à violência associada ao crime organizado. Ele também destacou as denúncias de que o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, teria conexões com atividades criminosas.
O prefeito Ricardo Nunes, por sua vez, não economizou nas palavras e, em um vídeo publicado na mesma segunda-feira, chamou Marçal de “moleque lacrador”, alegando que o partido de seu adversário “está envolvido até o nariz” com o PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das maiores facções criminosas do país.
O Impacto na Corrida Eleitoral
Os ataques coordenados dos adversários indicam que a campanha eleitoral em São Paulo está entrando em uma fase de confronto direto, com o objetivo de enfraquecer o candidato que tem mostrado maior crescimento nas pesquisas. A estratégia de Datena ao relembrar a polêmica da “farinata” pode ressoar entre eleitores que ainda têm uma imagem negativa do episódio, especialmente entre aqueles que consideraram a proposta uma afronta à dignidade das crianças das escolas municipais.
No entanto, Pablo Marçal tem mostrado resiliência e ainda não se manifestou oficialmente sobre as críticas. A expectativa é que ele adote uma postura defensiva em relação aos ataques, enquanto continua a angariar apoio entre os eleitores que se identificam com sua trajetória de outsider na política.
Os próximos dias serão cruciais para observar se os ataques terão efeito nas intenções de voto, ou se, ao contrário, Marçal conseguirá capitalizar a atenção gerada para solidificar ainda mais sua candidatura. A disputa pela prefeitura paulistana, marcada por um forte componente de polarização, promete ser uma das mais acirradas dos últimos anos.