As ações da Vale registraram uma significativa alta nesta sexta-feira (26 de janeiro de 2024), impulsionadas pela notícia da desistência do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, em assumir a presidência da empresa. Antes da divulgação da informação, por volta das 13h34, os papéis da companhia já apresentavam uma valorização de 0,57%. No ápice do dia, alcançaram uma elevação de 2,08%, mantendo-se em 1,64% às 15h08.
A reação positiva dos investidores reflete a redução da participação estatal na Vale durante o governo de Jair Bolsonaro. A fatia do Estado na empresa caiu de 26,5% para 8,7%, transformando a Vale em uma “corporation” de controle privado, com capital diluído no mercado e sem nenhum investidor detendo mais de 10% das ações.
Ao longo da semana, executivos de grandes empresas com participação na mineradora foram alvo de pressões, expressas através de telefonemas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O ministro buscava apoio dos empresários para a indicação de Guido Mantega como presidente da Vale, uma escolha que alguns interpretaram como uma espécie de ameaça.
O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, enfrenta desaprovação por parte do governo, com críticas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na quinta-feira (25 de janeiro de 2024), Lula declarou que a empresa não fez “nada” para reparar os danos causados pela tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais.
A Vale assinou um acordo de medidas reparatórias com o Estado no valor de R$ 37 bilhões em fevereiro de 2021. Além disso, em 15 de janeiro de 2024, a empresa anunciou acordos separados de indenização para 15.400 pessoas, totalizando R$ 3,5 bilhões.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, era cogitado não apenas para a presidência, mas também para integrar o Conselho de Administração da Vale. No entanto, sua carta de desistência descartou ambas as possibilidades.
No cenário econômico, Mantega é visto por parte do mercado financeiro como um dos responsáveis pela recessão do Brasil em 2015 e 2016, quando o PIB (Produto Interno Bruto) registrou quedas de 3,5% e 3,3%, respectivamente.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou qualquer “chantagem” para emplacar Mantega na Vale, destacando que as conversas com conselheiros frequentemente mencionavam a indicação do ex-ministro para suceder o atual presidente. Silveira também expressou críticas à gestão de Bartolomeo na Vale, defendendo uma maior proximidade da empresa com o governo e a necessidade de respeitar as políticas públicas e a população brasileira. “As coisas são muito lentas na Vale”, afirmou o ministro.