Dólar hoje: moeda abre em alta com foco nas negociações do tarifaço e tensões entre EUA e China
O dólar hoje inicia a quinta-feira (16) com volatilidade e forte atenção dos investidores às negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e às novas tensões entre Washington e Pequim. O câmbio reflete um cenário global de incertezas, enquanto os mercados aguardam desdobramentos das conversas sobre o tarifaço e novos sinais de política monetária do Federal Reserve (Fed).
No Brasil, a agenda econômica também é movimentada. O mercado acompanha a divulgação do IBC-Br de agosto, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), além do comportamento do Ibovespa, que abriu a sessão às 10h. As preocupações fiscais internas e o ambiente internacional mais tenso contribuem para um dia de cautela nos negócios.
Negociações do tarifaço entre Brasil e EUA movimentam o dólar
O destaque desta quinta-feira é o encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, para tratar das novas medidas tarifárias propostas pelos Estados Unidos. O mercado avalia o impacto dessas negociações sobre as exportações brasileiras e sobre o câmbio, já que o dólar hoje tende a reagir a qualquer sinal de mudança nas relações comerciais entre os dois países.
As tratativas ocorrem em um momento em que o governo brasileiro busca defender o acesso competitivo de seus produtos ao mercado americano, especialmente diante da escalada protecionista que afeta setores estratégicos como o agronegócio e a indústria automotiva.
A reunião é vista como um teste diplomático para a política comercial do Brasil, que tenta equilibrar as relações com Washington sem comprometer os laços com Pequim — o principal parceiro comercial do país.
Tensões entre EUA e China voltam a pressionar o mercado
No cenário internacional, as tensões entre Estados Unidos e China voltaram a ganhar força após novas restrições impostas por Pequim sobre a exportação de terras raras, minerais essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia. Em resposta, Washington ameaçou aplicar tarifas superiores a 100% sobre produtos chineses a partir de novembro.
A mídia oficial chinesa publicou um documento em sete pontos rebatendo as críticas americanas, defendendo sua política industrial e acusando os EUA de tentarem limitar o crescimento da economia chinesa. Esse embate reforça o clima de aversão ao risco nos mercados, o que historicamente fortalece o dólar hoje como ativo de proteção.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que o presidente Donald Trump está pronto para se reunir com Xi Jinping e buscar uma saída diplomática, mas ressaltou que os EUA não pretendem recuar das medidas até que haja garantias de reciprocidade.
Livro Bege do Fed aponta estabilidade econômica nos EUA
Outro fator que influencia o comportamento do dólar hoje é a divulgação do Livro Bege do Federal Reserve. O relatório mostra que a economia americana manteve-se praticamente estável nas últimas semanas, com poucos avanços no emprego e na atividade econômica.
Apesar do crescimento moderado, o Fed destacou uma redução na demanda em alguns setores e mencionou o impacto do avanço da inteligência artificial sobre o mercado de trabalho. O documento também alertou para dificuldades em segmentos como hotelaria, agricultura e manufatura, atribuídas a mudanças recentes nas políticas de imigração.
Com o vácuo de dados gerado pela paralisação parcial do governo americano, o Livro Bege ganha ainda mais importância nas deliberações de política monetária. O presidente Jerome Powell afirmou que a inflação e o mercado de trabalho permanecem estáveis, mas o Fed poderá agir novamente caso o cenário global se deteriore.
Paralisação do governo dos EUA chega ao 15º dia
A paralisação do governo americano completa 15 dias e já é considerada uma das mais longas da história recente. O impasse político entre Donald Trump e os democratas no Congresso gira em torno de cortes no Medicaid e na reversão de programas vinculados ao Obamacare.
Trump prometeu divulgar uma lista de projetos que foram encerrados durante o shutdown, indicando que muitos não serão retomados. A Casa Branca também sinalizou novos cortes de pessoal, o que aumenta o impacto sobre o funcionalismo federal.
No Senado, há uma tentativa de votação para reabrir o governo até 21 de novembro, mas analistas consideram improvável que o projeto alcance os 60 votos necessários. O prolongamento do impasse tende a aumentar a incerteza nos mercados e fortalecer o dólar hoje como moeda de refúgio.
Desempenho do dólar e do Ibovespa
Na manhã desta quinta-feira, o dólar hoje é negociado acima de R$ 6,00, refletindo o aumento das tensões comerciais e o avanço da moeda americana em relação às principais divisas globais. No acumulado da semana, a moeda registra queda de 0,74%, mas ainda acumula alta de 2,63% no mês e desvalorização de 11,61% no ano.
O Ibovespa, por sua vez, acumula alta semanal de 1,37%, embora apresente recuo de 2,48% no mês. No acumulado de 2025, o principal índice da bolsa brasileira ainda mantém valorização expressiva de 18,56%, sustentada pelo otimismo em torno das empresas exportadoras e do setor de commodities.
Vendas no varejo brasileiro mostram leve recuperação
Em território nacional, o IBGE divulgou que as vendas no varejo cresceram 0,2% em agosto, interrompendo uma sequência de quatro meses negativos. O avanço modesto reforça o cenário de recuperação gradual, limitado pela taxa básica de juros elevada, atualmente em 15%, que restringe o crédito e o consumo.
Cinco das oito atividades pesquisadas registraram desempenho positivo, com destaque para equipamentos de informática (4,9%) e vestuário (1,0%), segmentos diretamente influenciados pela desvalorização do dólar em agosto. No varejo ampliado — que inclui veículos, motos e material de construção —, o crescimento foi de 0,9% no mês, mas ainda há queda de 2,1% na base anual.
Bolsas globais reagem ao ambiente de tensão
As bolsas americanas encerraram o pregão anterior sem direção única, refletindo a combinação de bons resultados corporativos e a espera por novos sinais do Fed.
Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,04%, enquanto o S&P 500 avançou 0,41% e o Nasdaq subiu 0,66%. A volatilidade foi alimentada pelas declarações de Trump sobre novas medidas contra a China e pelas expectativas em torno da política de juros.
Na Europa, o desempenho foi misto. O STOXX 600 subiu 0,57%, impulsionado por empresas do setor de luxo, enquanto o DAX alemão caiu 0,23% e o FTSE 100 britânico recuou 0,30%. Já o CAC 40 francês liderou os ganhos com alta de 1,99%.
Na Ásia, as bolsas encerraram em forte alta, com o índice de Xangai subindo 1,22%, o Hang Seng avançando 1,84% e o Nikkei japonês registrando ganho de 1,8%. O otimismo reflete a expectativa de novos estímulos econômicos por parte de Pequim, mesmo diante da escalada comercial com os Estados Unidos.
Perspectivas para o dólar nos próximos dias
A tendência para o dólar hoje é de manutenção da volatilidade, com o câmbio sensível a qualquer sinal vindo das negociações do tarifaço e das tensões geopolíticas entre as maiores economias do mundo. Analistas apontam que, enquanto o impasse comercial persistir e o governo americano permanecer parcialmente paralisado, a moeda continuará como principal refúgio dos investidores.
No Brasil, a evolução do cenário fiscal e os indicadores de atividade econômica também terão papel decisivo na formação do preço do dólar. Caso o governo consiga retomar a confiança do mercado e sinalizar compromisso com o equilíbrio das contas públicas, o real pode se fortalecer.






